[Mia]
Friozinho na barriga, borboletas a esvoaçarem
livremente dentro da minha barriga provocando um nervosismo extra. Incertezas
apareceram de repente assombrando as minhas ideias. Será que ele vai gostar?
Prendi o meu lábio inferior com os dentes numa tentativa de acabar com
aquele nervosismo. Mas não acalmou nem muito menos acabou com o nervosismo.
Prendi a respiração assim que levei uma das minhas mãos à parte de trás da
cabeça de Harry desapertando o nó que segurava a venda nos olhos. Segurei o
pano castanho entre os meus dedos enquanto o guardava na minha mala
curiosamente também castanha. Ainda tinha a outra mão à frente dos seus olhos
para a eventualidade de ele querer abrir os olhinhos antes do tempo.
Percorri com o meu olhar toda a extensão da sua
beleza mesmo à minha frente. Deixei a mão descer sobre a sua face revelando
toda a plenitude da perfeição. Pestanas longas, lábios incrivelmente bem
delineados, umas covinhas fofas que sempre aparecem quando sorri, caracóis
rebeldes mas ao mesmo tempo completamente ordenados. Sim, a perfeição existe e
está mesmo à minha frente. Comigo. A linha dos seus lábios nas pontas
ergueram-se para cima formando um sorriso encantador. E mais uma vez o meu
coração pareceu que tinha parado, como sempre acontecia cada vez que ele sorria
daquela maneira. Uma vontade enorme preencheu o meu corpo levando a que unisse
os meus lábios aos dele num beijo rápido. Imagens passaram na minha mente
levando-me a sorrir. E ele ainda continuava de olhos fechados.
***
-
Mas o que é que estás a fazer, menina Mia? – Harry olhava para mim perplexo enquanto
descalçava os meus ténis em pleno jardim. À primeira vista pode parecer
maluquice mas tinha uma boa razão. Assim que fiquei apenas com as meias azuis
claras à vista levei os meus pés para cima dos de Harry crescendo uns pequenos
centímetros em altura. Sorri ao ver que os seus lábios já estavam um pouquinho
mais perto dos meus.
-
Odeio que sejas assim tão mas tão alto. Praticamente que é preciso implorar por
um beijo teu. – resmunguei colocando os meus braços em redor do seu pescoço
puxando-o ligeiramente para baixo para assim poder beija-lo.
-
Tu sabes que gosto de ti assim, pequenina. Assim posso proteger-te com o meu
corpo…Adoro essa sensação.
-
Eu também gosto muito de me sentir protegida por ti.
***
Deixei os sapatos saírem dos meus pés e encaminhei-me
para cima dos seus enormes pés. Um sorriso enorme apareceu nos lábios. Ele
tinha-se lembrado. Enrolei os meus braços em torno do seu pescoço e levei os
meus lábios até ao canto da sua boca. Arregalei os olhos assim que me apercebi
que ele tinha prendido a respiração. O meu peito estava contra o dele e apenas
tinha dado conta dele subir e não descer. Movi os lábios distanciando-me da sua
boca em direcção às maças do rosto. Fui deixando um rasto húmido sobre a sua
face até chegar à orelha. Um gemido rouco vindo da garganta de Harry rompeu o
silencio assim que levei os dentes ao contacto com o lóbulo da orelha dele.
- A i-isso
chama-se tortura… - as palavras saíram num puro sussurro e verdadeiramente
trémulas. Sorri triunfante ao perceber que tinha chegado ao meu objectivo.
- Eu sei,
Harry… - fui buscar ao meu interior a voz mais sensual que consegui
encontrar e deixei ecoar bem próximo do ouvido de Harry. Os músculos de Harry
tremeram de uma forma que nunca pensei que fosse possível.
- Dois podem
jogar esse jogo… - mais uma vez a voz do Harry saiu intermitente mas também
com uma boa dose de sensualidade. Desta vez foi o meu corpo que correspondeu
aquele estimulo provocando um enorme formigueiro na barriga. Escovei o meu
nariz sobre as maças do rosto dele tocando também ao de leve com os lábios e
dirigi-me para os seus lábios também. Rocei neles antes de levar o lábio
inferior entre os meus dentes puxando ao de leve.
- Fico à
espera então! – concluí com um beijo rápido e um sorriso ficou marcado na
sua face durante largos segundos. Cheirava-me que iria receber vingança mais
cedo ou mais tarde. – bem, está na hora
de abrires os olhos porque apesar de estar a fazer tempo para ver se fico mais
calma, não consigo. – ao mesmo tempo que descia de cima dos pés de Harry
voltando a calçar os sapatos.
- Se
quiseres eu posso ficar de olhos fechados desde que continues a fazer o que
estavas a fazer. Estava a amar embora vá gostar ainda mais quando fores tu a
vítima. – e este era o meu Harry em nível de perversidade e sensualidade
bastante alta deixando-me com o sangue todo a fervilhar e a aflorar nas maças
do rosto.
- Não. Tens
mesmo que abrir os olhos agora. – respondi com o coração nas mãos – Espero mesmo que gostes…
- De certeza
que vou gostar, amor. – trinquei o lábio inferior assim que os estonteantes
olhos verdes apareceram devagar. Ele parecia querer-me torturar com apenas
aquele olhar. Como é que ele o conseguia fazer? Como é que ele conseguia deixar-me
sem folego apenas com o olhar?
- Estás
linda… - nunca passara pela minha cabeça que a primeira coisa que ele fosse
dizer passava por um elogio. Era só mais uma prova de como ele conseguia
facilmente deixar-me sem jeito. E algo me dizia que ele andava a magicar alguma
coisa naquela cabecinha. Aquele olhar não enganava ninguém. Passado alguns
segundos em que o meu mundo apenas se baseou no olhar penetrante do Harry, vi-o
olhar em redor tentando descobrir aonde é que o tinha metido. A boca dele abriu
num perfeito “o” assim que olhou para algo. Desviei a minha cabeça na direcção
do olhar e encontrei a minha surpresa – um
balão de ar quente?!? – o meu coração deu um nó assim que o vi olhar
atentamente para o balão com um ar indecifrável.
- Gostas?!
– perguntei ao não receber nenhum comentário por parte do Harry – Bem, eu pensei que isto fosse uma boa ideia
para te tirar o medo de alturas… - expliquei agora cheia de dúvidas e
incertezas. Ele pousou o olhar em mim e sinceramente não conseguia depreender o
que aquela expressão queria dizer. – Então?
– voltei a insistir para obter a resposta tão esperada e que a demora estava a
fazer parar o meu coração. Aquela espera estava a matar-me.
- Sabes,
passou-me mil e uma coisas pela cabeça, mas nunca, mesmo nunca me passou isto
pela cabeça… - disse olhando de novo para o balão de ar quente que já
estava pronto para descolar.
- Isso é bom
ou mau? – perguntei de novo ao vê-lo envolto em pensamentos que me suscitavam
curiosidade. Parecia que lhe estava a custar-lhe dizer o que realmente estava a
pensar.
- Bom, muito
bom, óptimo, excelente… - um sorriso foi-se formando há medida que ele ia
dizendo aquelas palavras, era como se tivesse ganho o euromilhões. Ele fazia de
mim a rapariga mais feliz do mundo – …Perfeito. És um verdadeiro anjo! – as
mãos dele ladearam a minha face e numa questão de segundos senti os seus lábios
junto aos meus envolvendo-os num beijo calmo. – aquilo sobe muito alto? – murmurou depois de quebrar o beijo. A
expressão dele naquele momento foi uma das coisas mais fofas que eu alguma vez
vi.
- Sim. –
disse. Arregalou os olhos e respirou fundo de seguida várias vezes. Contei pelo
menos quatro. Quando ia para a quinta pus a mão em cima do seu peito, no lugar
do coração. – Estás comigo, estás
seguro. Eu protejo-te de tudo…
- Gosto
disso… - proferiu apenas. Os braços de Harry envolveram a minha cintura elevando-me
no ar. Aquilo apanhou-me desprevenida e apenas tive tempo de me agarrar ao
pescoço dele para não me desequilibrar. Leveza. Era o que sentia, uma estranha
paz a percorrer todo o meu corpo sempre que estava nos braços dele.
- Eu também,
Harry. – murmurei puxando ainda mais o corpo dele contra o meu. Assim que
voltei a sentir os pés assentes na terra, a realidade embateu contra mim. Já
estávamos ali á demasiado tempo – Então vamos? Daqui a pouco já é tarde demais
e depois não podemos andar.
- Sim, vamos
lá… – Ele bem tentou mostrar-se confiante com aquela ideia de ir andar no
balão de ar quente mas falhou por completo o objectivo. Sorriu para mim envergonhado
e eu sorri-lhe também tranquilizando-o. O Harry entrelaçou os dedos nos meus e finalmente
encaminhamo-nos em direcção ao lugar de embarque.
O Sr. Williams, o homem com quem tinha falado e
tratado com todos os pormenores sobre o voo, passou para nós dando-me sinal que
o balão de ar quente estava preparado e que as condições climatéricas estavam
perfeitas para um bom voo. Seria ele que iria pilotar o balão de ar quente. O
Harry ficou surpreendido com a enormidade da cesta apesar de ser apenas de duas
pessoas, achava que fosse mais pequena tal como eu.
-
Então pronta para um passeio inesquecível? – virei-me para trás em direcção á voz e encontrei
o rapaz que também me atendera no dia anterior. O seu nome era Nate e não devia
ter mais do que dezanove anos. Não podia mentir e dizer que era feio, aliás era
bastante giro mas nada que se comparasse ao Harry, claro.
-
Claro que sim. Estou bastante ansiosa… - sorri. Ele sorriu de volta e continuou o seu
caminho. Voltei a minha atenção de novo para o Harry e a sua expressão era de
quem estava pronto para matar. – O que
se passa? Que cara é essa? – perguntei colocando-me em frente dele ainda de
mãos dadas.
- Quem é
aquele? – a sua expressão era fechada e agarrou com mais força a minha mão.
Tinha a testa franzida e aos poucos uma veia foi aparecendo no pescoço. Ciúmes.
Aquilo era sinal de ciúmes. – Que confianças
são aquelas?
- Sabes que
amo ver-te com ciúmes, consegues ser ainda mais bonito. – afirmei enquanto
me aproximava mais dele e mantive toda a minha atenção nos seus esverdeados. – Aliás, eu amo ver-te de qualquer maneira…
- Não mudes
de conversa, Mia. Quem é que era aquele tipo que olhou para minha namorada de
cima a baixo?
- Em
primeiro lugar o rapaz não me olhou me olhou de cima a baixo como disseste,
estás a exagerar, ele apenas foi simpático. Em segundo o rapaz tem nome e é
Nate e por último ele é filho do Sr. Williams e trabalha aqui. – expliquei tranquilamente
– E eu gosto muito de ti e gostava ainda
mais se fossemos andar no balão sem mais nenhuma paragem. – tentei desviar
a atenção dele para outro assunto mas foi em vão.
- Ele não
vem connosco? – a expressão dele era hilariante.
- Não. O Sr.
Williams é o único que vem connosco, é o piloto. – falei enquanto o puxava
para o balão. Já estava mais do que na hora de andarmos antes que o tempo
mudasse.
(…)
Ar frio batia na minha cara fazendo com que o meu
cabelo abandonasse os meus ombros e pairasse sobre o vento. A paisagem vista a
centenas de metros de altura era qualquer coisa de extraordinário e de indiscritível.
O meu corpo relaxava à medida que avançávamos pelo céu descoberto de nuvens.
Era somente ar puro que ali se respirava, nada mais. Quer dizer, também se
respirava muito amor. O Harry já não estava de olhos fechados nem apertava a
minha mão como se a vida dele dependesse disso. Ele agora encarava como eu a
paisagem que imperava sobre nós. O olhar dele era especial. Abandonou o medo
que sentia pelas altura e deixou-se levar por toda a harmonia que havia
instalado sobre nós.
A minha atenção ficou vidrada na figura esbelta de
Harry. Ele tinha-se tornado no meu “simples”. Ele tinha transformado tudo à
minha volta e tudo para melhor. Eu podia caracterizar-me por uma pessoa bastante
racional e pouco afectiva, talvez mesmo fria. Mas agora apercebi-me que já não
gosto do frio, o frio entristece-me, afinal, não é bom sentir frio. Gostei
demasiado do calor do abraço do Harry, do calor dos seus olhos, do calor da voz
rouca e do quentinho que é sentir-me segura ao lado dele. Ele ensinou-me a amar
cada momento, cada segundo, cada respirar. Por mais que tente não consigo
arranjar maneiras para o definir e para definir o nós que se foi
criando ao longo dos tempos porque rapidamente as palavras se evaporam na minha
mente. Mas, sinceramente, isso deixou de ser uma preocupação minha. Aprendi com
o tempo que amar é não saber explicar porque tudo o que sinto faz sentido com o
Harry e apenas com ele quando o cruzamento do olhar acontece. Olhei
momentaneamente para a minha mala e já só faltava uma surpresa.
Um sorriso apareceu na minha face assim que senti
os braços dele a tocarem na minha pele. A mão dele viajou pelo interior da
minha camisola brincando deliciosamente com os dedos sobre a minha barriga. Acabei
por me sentar no colo dele assim que a simples brincadeira se transformou em
cócegas. Eu morro de cócegas.
-
A vista aqui de cima é fenomenal. – ele sussurrou antes de deixar um beijo na dobra
do pescoço com o ombro. – Obrigada por
esta surpresa. Adorei.
- E ainda
não acabou… - disse envergonhadamente. Ele olhava para mim confuso por isso
peguei na minha mala e retirei de dentro dela duas caixas. Era o que estava no
interior daquelas caixas que me tinha retirado o tempo nos últimos dias. – Bem, isto pode ser ridículo. – comecei.
Ele olhava-me cada vez mais confuso sem perceber o que estava a acontecer. Abri
a caixa e retirei do seu interior a pulseira que pertencia ao Harry e que eu
sorrateiramente lhe tinha tirado. – Não sei
se te lembras mas deste-me uma pulseira igual a esta naquele dia em que fomos
ao cinema com a escola. Disseste que representava a nossa união. – os meus
dedos brincavam nervosamente enquanto seguravam o material de prata – Apesar de ter tirado a minha pulseira
quando fui para São Francisco, nunca me consegui desfazer dela. E bem, quando
estava a desfazer as malas assim que chegamos aqui, reparei que tu também
andavas com ela. Achei que seria uma boa altura para voltarmos a usa-las. –
retirei também a minha pulseira da caixa – Tomei
a liberdade de acrescentar um pequeno objecto à pulseira. – o Harry pegou
no pequeno objecto de prata e leu o que estava gravado na pulseira.
- “Second
chance” – ele repetiu em voz alta. Um brilhozinho no olhar apareceu à
medida que as covinhas que tanto amava também se desenhavam no seu rosto
perfeito.
- É a nossa
segunda oportunidade… - repeti também enquanto irradiava felicidade.
- Sim, é a
nossa segunda oportunidade. – as enormes mãos de Harry agarram as duas
pulseiras que estavam na minha posse e com facilidade abriu uma delas. Fez
sinal para que esticasse o meu braço e assim o fiz. O material frio embateu
contra a pele do meu pulso assim que se ouviu o clique que fechava a
pulseira. Movi o braço assim como a pulseira. Era perfeita. Fiz o mesmo
processo que o Harry havia feito comigo e coloquei-lhe também a pulseira.
Os lábios dele tocaram na pulseira antes de irem
para a minha pele. Arrepios percorreram os músculos e tudo desapareceu da minha
mente, até o meu estado mais acanhado por não estarmos sozinhos. Beijos foram
deixados por todo o braço agora com a pulseira no fim. Arrepios e formigueiro
na barriga intensificaram assim que os lábios de Harry encontraram o meu
pescoço. O nariz dele rouçava na pele provocando-me inúmeras cócegas e
contrações musculares. Inclinei a cabeça para o lado direito dando-lhe uma
maior extensão do meu pescoço. Um gemido saiu da minha garganta após sentir os
dentes de Harry sobre a minha pele.
- Amo-te
princesa! – murmurou antes dos seus lábios encontrarem os meus dando inicio
a um beijo coberto de sentimentos.
- Eu também
te amo!
(…)
Pesadelo.
Pesadelo, apenas isso.
Acordei com o coração a bater tão rapidamente que mais parecia que ia parar.
Era hoje. Era hoje que iria saber os resultados da minha candidatura. Olhei
para o lado à procura do calor de Harry mas ele não estava na cama. Não havia vestígios
do Harry no quarto. Esfreguei os olhos antes de os piscar repetidamente. O meu
telemóvel marcava as oito e quarenta e sete da manhã. Onde é que ele estaria?
Levantei-me lentamente e peguei na t-shirt branca do Harry que estava no fundo
da cama e vesti-a. Ao descer as escadas o som de vozes começou a aumentar.
- Harry?
– chamei-o.
O meu coração apertou assim que o vi ao lado da sua
mãe. Eles estavam sentados no sofá com ele ainda de boxers. Ele desviou o olhar
para mim e o mundo ruiu. Lágrimas escorriam pelo rosto perfeito de Harry.
Olá
Bem, aqui está mais um capítulo, acho que agora vou voltar a publicar com mais frequência já que tenho mais tempo disponivel.
Espero que gostem e que deixem os vossos comentários, são muito importantes para mim!
beijinhos
ADOREI XDCFGHBJ
ResponderEliminaradoro amo asdfghjkl , és uma excelente escritora !
ResponderEliminar- Sofia
Adorei!
ResponderEliminarJá tinha saudades da Mia e do Harry, do casal sensação que está sempre a dar que falar aqui no teu blog. Eles são tão apaixonados, e a surpresa da Mia foi tão querida! As pulseiras, que original!
E agora quero saber o que se passa para o Harry estar a chorar. E se aconteceu alguma coisa?
Esprero anciosamente pelo próximo.
Beijinhos :)
Mais, mais e mais !
ResponderEliminarEStou muito ansiosa pelo proximo
beijinho xx