Através da minha visão periférica consegui ver o
Brian a levantar-se e dirigiu-se para a minha frente. Esticou a sua mão para me
ajudar a levantar e assim que a agarrei, senti um impulso forte obrigando-me a
levantar o corpo da areia. Tentei sacudir o máximo de areia que estava na roupa
mas mesmo assim continuava com aquela sensação irritante da areia na pele.
Desviei o meu olhar da mala que deveria apanhar para a água do mar. Provavelmente
era uma loucura mas tinha uma enorme vontade de ir ao banho, mesmo com aquele
tempo cinzento e frio. Talvez por ter ficado fixamente a olhar para a imensidão
do mar fez com que o Brian me trouxesse à Terra.
- Tu não
estás a pensar fazer aquilo que eu estou a pensar que vais fazer pois não?
– ele estava com uma cara bastante séria, olhei de novo para o mar e sorri.
- Depende do
que estejas a pensar… - disse num tom enigmático
- Não vais
para a água pois não? O mar está demasiado perigoso… - por causa de o ver
quase sempre na brincadeira quando era sério até metia alguma piada.
- Está
descansado, vou apenas molhar os pezinhos e já vamos embora. –
encaminhei-me a passos largos em direcção ao barulho das ondas. Antes de chegar
à água, puxei um pouco as calças para cima para não as molhar. O choque térmico
da água gelada a embater na minha pele fez com que desse um salto e voltasse
para a areia. Mesmo assim não desisti e voltei a pôr os pés na água.
Tinha o coração num autêntico caco. Nem me tinha
apercebido que tinha a cara lavada em lágrimas numa questão de segundos. Sentia-me
um nada tão grande. Não era só por ele me ter enganado mas também por perceber
o quanto precisava dele. Nunca me devia ter entregado novamente a cem por
cento. Já devia saber que as relações não têm segundas oportunidades. E por
causa disso agora estava assim, desfeita.
Afastei-me da água assim que percebi que as ondas
estavam mais fortes e que quase me molhavam as calças. Depois de olhar durante
mais alguns minutos, já na areia, voltei para junto do Brian.
(…)
A viagem foi feita quase num silêncio ensurdecedor.
Não tinha muita vontade de falar e ele respeitou-me. Assim que apercebi que estávamos
quase a chegar a casa da Nicole decidi falar.
- Vais-te
embora depois de amanhã certo? – perguntei-lhe
-
Sim. – respondeu-me num tom triste – Queres voltar comigo? – por mais
vontade que tivesse em me ir embora, bem lá no fundo, sabia que era ali estaria
bem.
- Não. –
enquanto abanava negativamente com a cabeça – Foi sempre aqui que esteve a minha vida… - ele apenas sorriu e
depositou um beijo na testa. Despedi-me dele no momento em que o táxi estacionou
em frente à casa da Nicole e saí do veículo.
Assim que vi o carro a ir-se embora encaminhei-me a
passos lentos e pequenos para a porta de entrada enquanto vasculhava na mala as
chaves de casa. Começava a tornar-se uma tarefa complicada encontrar as chaves mas
depois de abanar a mala para ouvir o tilintar das chaves lá as consegui
encontrar. Abri a porta e para meu descontentamento dou de caras com o Harry
parado no meio da sala. O meu coração disparou de imediato, senti-o mirrar
acompanhado por uma dor insuportável. A respiração quebrou por completo
juntamente com um enorme nó na garganta. Ainda não estava preparada para
qualquer tipo de conversa e vê-lo ali foi como se sofresse um choque de
realidade. Passei o meu olhar pela Nicole que me olhava apreensiva com toda a
situação. Pousei as chaves de casa em cima da mesinha da entrada tentando
parecer o mais calma possível e subi até ao meu quarto. Tinha a certeza que o
barulho atrás de mim a subir as escadas também era provocado pelo Harry.
- Tu
queres-me explicar o que se passa? – perguntou-me enquanto entrava também no
meu quarto fechando a porta atrás de si – É
que sinceramente não estou a perceber nada… - apenas a fitava a janela do
meu quarto cheia de gotículas de água. Tinha acabado de começar a chover – Mia…
- Não! –
ao mesmo tempo que me afastava dele aproximando-me mais da parede– Não te vou explicar nada e se não te
importares queria-te fora desta casa, AGORA! – ao mesmo tempo que esticava
o braço em direcção à porta do meu quarto
-
Eu não me vou embora enquanto não me explicares o que se passa! – ele continuava a avançar na minha direcção e
inconscientemente dei vários passos para trás afastando-me novamente dele. Sentia
uma enorme quantidade de raiva a invadir o meu corpo, como é que ele ainda
tinha a lata de estar como se não tivesse feito nada.
- Vai-te
embora… - pedi gesticulando novamente em direcção à porta mas ele continuou
sem mexer um único músculo ficando na mesma posição. Virei-me novamente para a
janela, começava a sentir algumas lágrimas a formarem-se nos meus olhos. Lágrimas
de dor, de ter percebido que nada era para sempre e que não vale a pena lutar
contra o destino. Se me fui embora há três anos atrás é porque a nossa relação
não teria futuro.
- Já percebi
que estás zangada com alguma coisa que fiz mas sinceramente não sei o que poderei
ter feito para ficares assim. – por momentos tive a sensação que estava a
ser sincero porém, segundos depois, a voz da Colbie voltou a aparecer na minha
mente deixando-me novamente insegura.
- Então vais
continuar na ignorância porque não vou ser eu a dizer-te. – desta vez nem
me virei para o encarar, a minha atenção continuava posta na janela e no
barulho da chuva a bater no vidro – E
pela terceira vez quero que vás embora…
-
Não vou! Só vou sair desta casa quando conseguir perceber que raio se está a
passar contigo… -
o seu tom de voz aumentou de intensidade, já começava a ficar impaciente com a
situação
- Se não
sais, saio eu! – encaminhei-me para a porta do meu quarto mas assim que
passei ao lado dele, ele agarrou-me o braço não me deixando prosseguir. – Harry deixa-me, não temos nada para
conversar. – disse tentando parecer o mais decidida possível
- Mia por
favor, explica-me o que se passa. – a forma como o disse, praticamente a
sussurrar, quase que a suplicar, mexeu comigo. Ainda mais quando o meu olhar se
encontrou com o dele. As lágrimas começavam a formar-se aos poucos nos cantos
dos olhos. – O Brian antes do almoço
apareceu lá em casa a dizer para me afastar de ti porque te tinha magoado. Juro
que não sei o que tenha feito para te magoar… - vi-o desviar o olhar de mim
por momentos para o chão – a sério que
não…
- Onde é que
passaste a noite? – perguntei finalmente depois de respirar fundo e de
encarar de uma vez por todas o problema. Ele olhava-me algo surpreendido com a
pergunta mas respondeu rapidamente
-
Eu disse-te na mensagem que mandei, fui sair com os rapazes e depois viemos
para casa.
-
E onde é que está o teu telemóvel? – continuei assim que ele acabou de responder
- Isso por
acaso tem uma história engraçada, não sei como o fiz mas perdi-o mas não te
preocupes que já disse ao Paul para desactivarem o telemóvel. – como é que
ele ainda tinha coragem de me mentir?! Começava a ter a minha vista cada vez
mais turva o que significava que estava prestes a ir abaixo novamente
-
Que conveniente que é teres perdido o telemóvel… - respondi ironicamente
- Porque é
que estás a dizer isso?
-
Eu telefonei-te esta manhã e sabes quem atendeu? – por mais que tentasse controlar as lágrimas já
não aguentava mais. Já as sentia a percorrer lentamente a minha face, como que
prolongando o meu sofrimento – Foi a
Colbie! Disse-me que estavas a dormir… - dizê-lo em voz alta era ainda mais
doloroso, tornava-o ainda mais real
- Mas eu
passei a noite em casa… - disse rapidamente e depois fez uma pausa – espera, tu achas que eu e ela… - a sua
expressão era um misto de surpresa e um pouco de desilusão
- Sinceramente
o que queres que pense? Diz-me! – ele nada disse – Imagina que telefonavas para a mim e quem atendia era o meu ex-namorado
e dizia-te que estava a dormir, o que pensavas? Diz-me, sinceramente, o que te
passava pela cabeça?
- Não sei
mas eu não te traí… - havia qualquer coisa que não me deixava acreditar,
virei-me de costas mas ele voltou para a minha frente. O meu coração mirrou aos
poucos quando vi os seus olhos cheios de lagrimas. Tive que baixar a cabeça
para não o ver – Mia olha para mim… -
continuei a fitar o chão – olha para
mim! – as suas mãos ladearam a minha face fazendo com que o meu olhar se
encontrasse com o dele – Tu sabes sempre
quando estou a mentir, sou incapaz de te esconder seja o que for, os meus olhos
não o permitem.
- Harry, eu
já não sei nada… - ia-me afastar mas ele não me deixou aproximando ainda
mais de mim.
-
Sabes sim, tu conheces-me, sabes que seria incapaz de te trair. Que quando digo
que te amo é porque o sinto do fundo do meu coração. Foi contigo que aprendi a
amar, és tu que trazes o melhor de mim cá para fora, é o teu olhar que me faz
arrepiar. Não sei como é possível mas fazes-me apaixonar por ti todos os dias
quando me beijas. Sempre que dizes um “amo-te” ao ouvido, o meu coração entra
numa euforia enorme. Quando fizemos amor tive ainda mais certezas de que eras
parte de mim… -
ele passou com a mão pela minha face acariciando-a – Por favor, acredita em mim… - tive a certeza que ele me estava a
dizer a verdade, era algo dentro de mim que me dizia para acreditar. O problema
é que continuava insegura.
- E se isto
for um sinal em como não devemos ficar juntos? E se a nossa relação não passa
de um enorme erro?
-
Como assim? –
afastei-me progressivamente dele e sentei-me na cama, ele não estava a perceber
aonde queria chegar.
- Se calhar
o nosso futuro não é em conjunto…
-
Queres acabar…queres acabar tudo comigo? – não consegui responder. A única coisa que se
ouvia era a chuva a cair do lado de fora da casa. Vi-o sentar-se ao meu lado e
a elevar as mãos à cabeça. Sentia um enorme aperto no coração, sinceramente já
não sabia o que fazer – Eu não te traí…
- ouvi-o dizer entre soluços provocados pelo choro. Aquela imagem matou-me por
dentro.
- Eu
acredito em ti, Harry. – sussurrei. Ele levantou a cabeça encarando-me,
aqueles olhos que tanto me fascinavam estavam agora vermelhos. Levei a minha
mão à sua face limpando as lágrimas que caíam – Eu acredito…
- Então
porquê acabar? –
as lágrimas continuavam a cair-lhe – Eu
amo-te…
- E se isso
não for o suficiente? – era esse o meu maior mede, que o “amo-te” não fosse
suficiente.
- Porque é
que estás com essas dúvidas todas agora? O que é que mudou? Já não gostas de
mim é isso?
- Nunca
mais digas uma coisa dessas, eu amo-te mais do que tudo nesta vida. – um sorriso tímido apareceu-lhe no rosto e a mim
também inconscientemente – Não tens noção de como ficou o meu coração
quando ouvi a voz da Colbie, não imaginas a vontade que tinha para partir tudo
à minha volta mas faltava-me as forças. Tu és a minha força e se não estás
comigo vou-me a baixo… – fui interrompida pelo meu telemóvel a tocar.
Levantei-me da cama para ir busca-lo à minha mala. Era o Louis que me estava a
telefonar.
- Que se
passa? – perguntei assim que atendi a chamada
- O Harry
está contigo? – a voz dele denotava alguma preocupação, apenas respondi que
sim – a mãe dele está aqui em casa…
- era realmente o que me faltava para completar o meu dia. Tinha a certeza que
a mãe dele não tinha uma boa imagem de mim desde que me fui embora.
-
O Louis quer falar contigo… -
ao meu tempo que lhe entregava o telemóvel. A sua expressão foi mudando à
medida que o Louis falava. Pela sua cara dava para entender que provavelmente
seria a última pessoa que a mãe dele queria como namorada ou sequer amiga do
filho. – como podes ver, só temos
problemas! – disse-lhe assim que ele desligou a chama – A tua mãe deve-me odiar e a última coisa
que quero é que te zangues com ela… - ele nada disse, apenas se levantou e
agarrou a minha mão levando-me para fora do quarto – onde é que vamos?
-
Vou provar-te que a minha vida sem ti não faz qualquer sentido e que o nosso
amor vale a pena!
Peço desculpa pela demora mas estas últimas duas semanas tive que andar a fazer fisioterapia e não me deixava tempo nenhum para escrever. Tive mesmo todos os segundos contados...
Mas já estou melhor e as sessões já terminaram por isso devo voltar ao ritmo normal :P
Espero que gostem do capitulo!
Deixem os vossos comentários...
Está lindo lindo lindo! *.*
ResponderEliminarPublica depressa (:
Fizeste-me chorar que nem uma perdida --"
ResponderEliminarEu já sou muito chorona, mas não pensei que fosse chorar...mas, o capítulo mexeu mesmo comigo.
Senti-me mesmo na pele da Mia e imaginar o Harry chorar, nem quero pensar, é demasiado triste :x
Mesmo assim, adorei o capítulo ;)
As melhoras, já agora ;D
Fico contente por já estares melhor! O capítulo está lindo. Até me vieram lágrimas aos olhos.... Custa tanto ver duas pessoas que se amam nesta situação! Fico super ansiosa pelo próximo capítulo!!! Beijinhos <3
ResponderEliminaré por esta razão de escreveres tão bem que venho todos os dias ao teu blog anciosa pelo novo apitulo todas a spalavras são anormalmente perfeitas tenho um blog se quisres ver ou seguir www.tldl141dh.blogspot.pt
ResponderEliminarEstou a ver que muitas das tuas leitoras choraram, porque eu também chorei. Meu deus rapariga, tu surpreendes sempre a cada palavra, acho que se alguém tivesse visto as minhas expressões ao ler este capitulo, ia dizer que eu sou maluquinha.
ResponderEliminarEstá fantástico, eu nem tenho mais palavras.
Continua
Beijinhos (:
Como sempre, superando-se, não... Capítulo perfeito...
ResponderEliminaré tao triste vê-los assim...
ResponderEliminarespero q o Harry lhe prove mesmo o que disse
posta rapido :)