quarta-feira, 19 de setembro de 2012

50º Capitulo - O "para sempre" é muito tempo, fiquemos apenas pelo dia de amanhã


Assim que desliguei o telemóvel fugiu-me das mãos caindo em cima da cama aonde me encontrava sentada. Não sabia bem o que estava a sentir, se era tristeza, fúria, mágoa, desilusão, talvez um pouco de tudo. O chão estava a desabar aos poucos por debaixo dos meus pés e só queria acordar daquele pesadelo. Queria acordar de novo e que nada daquilo fosse real. O meu coração estava a partir-se aos poucos ficando cada vez mais fraco. A dor era demasiado sufocante, doía-me a alma, fazia parar a minha respiração. Porque é que ele me fizera aquilo depois de horas antes me ter dito que me amava. Se não gostava de mim porque é que o disse? Porque é que me criou falsas esperanças, porque é que me fez acreditar num amor que não iria resultar?  

Eram demasiadas na minha cabeça e sem nenhuma resposta plausível. Peguei de novo no telemóvel e a imagem de fundo só me fez sofrer ainda mais. Tudo o que me dissera era mentira…uma simples mentira. A minha vontade era de mandar com o telemóvel contra a parede e vê-lo a partir-se em mil bocados mas não tinha forças para tal. Apenas o desliguei e guardei-o dentro da mala.  

- Mia, podes chegar-me…. – esfreguei de imediato os olhos tentando disfarçar os meus olhos provavelmente inchados e vermelhos. Tarefa impossível já que as lágrimas continuavam a não querer parar escorrer – Mia! Que se passa? – vi-o chegar-se junto a mim apenas com umas calças de ganga escuras vestidas e ainda com o cabelo molhado – o que é que aconteceu para ficares assim? – recebi um abraço aconchegante por parte dele. Naquele momento não conseguia dizer nada, nem uma única palavra. Ele compreendeu o meu silêncio e puxou-me mais para ele acalmando-me. Ia limpar as lágrimas do meu rosto com as costas das mãos mas ele não me deixou. – primeiro deita tudo cá para fora, chora o que tiveres de chorar… - as palavras dele foram o suficiente para que toda a dor dentro de mim saísse. As lágrimas eram o espelho da minha alma, completamente desfragmentada.

- Foi o Harry… - sussurrei passado bastante tempo. O Brian afastou-me dele o suficiente para me olhar, estava confuso sem perceber o porquê de estar assim – …o Harry…o Harry tra…traiu-me… - dizê-lo em voz alta ainda custava muito mais. Tornava o meu pesadelo bem real.

- Como é que sabes? – tinha-o apanhado completamente de surpresa – Ainda não estiveste com ele hoje… - levantei-me com algum custo e olhei de novo para ele

- Telefonei-lhe quando foste tomar banho e quem atendeu foi a Colbie. – expliquei-lhe – Ela disse que o Harry ainda estava a dormir e que a noite tinha sido muito cansativa…

- Pode não significar nada…

- Como não? Eu telefono ao meu namorado e quem atende é a ex-namorada e ainda diz que ele está a dormir…queres que pense o quê? – nem me tinha apercebido como a minha voz tinha subido de tom

- Calma… - disse rapidamente levantando-se – eu estou aqui! – não sei quando tempo é que tive abraçada a ele mas também não queria saber – Mia, não queria deixar-te aqui sozinha mas tenho mesmo que ir ter com a equipa..

- Não te preocupes, fico bem… - esforcei para fazer um sorriso mas sabia que era muito má em esconder sentimentos. Ele segurou a minha face com as duas mãos fazendo-me olhar para ele

- Eu só vou porque sou mesmo obrigado a ir pois sei que esse sorriso não é verdadeiro… - deu-me um beijo na face e depois de repetir umas trezentas mil vezes que estaria sempre com o telemóvel e que poderia ligar a qualquer hora foi-se embora. Ainda antes de sair repetiu mais umas quantas vezes que me vinha buscar à hora de almoço. Assim que a porta se fechou agarrei nas três almofadas que haviam em cima da cama puxei o édredon da cama para trás e deitei-me na cama.

(Harry)

Acordei quando já passavam das onze horas. A noite anterior tinha sido bastante divertida mas se a minha princesa estivesse ao meu lado teria sido muito mais. Levantei-me ainda ensonado e fui ver por onde andavam os rapazes.

- Bom dia mano! – o único que estava na sala era o Louis e estava deitado no sofá por isso atirei-me para cima dele – preciso do teu telemóvel, tenho que ligar à Mia. – não sei como o fiz mas perdi o telemóvel. A meio da noite quando precisei dele já não o tinha no bolso das minhas calças.

- Só mesmo tu para perderes o telemóvel… - enquanto me empurrava para fora do sofá – já disseste ao Paul que o perdeste? – se o meu telemóvel caísse nas mãos erradas de certeza que iriamos chocar as pessoas com certos vídeos que lá tinha.

- Sim, pedi ao Liam para lhe ligar. Agora já me podes emprestar o teu telemóvel? – ele deu-me o telemóvel e liguei de imediato à Mia para ela não ficar preocupada se ligar para o meu telemóvel e não atender. O estranho é que tinha o telemóvel desligado por isso decidi ligar à Nicole – Nicole, a Mia? – perguntei assim que ela atendeu

- Bom dia para ti também! – resmungou. Esteve alguns segundos em silencio como se estivesse a raciocinar – Ela não está em casa, pensei que estivesse contigo… - disse por fim

- Não, ela não está comigo. A última vez que falei com ela foi quando me disse que ia ficar com o Brian…

- Então não sei. – falou bocejando, pelos vistos não tinha sido o único a acordar tarde – Quando ela chegar eu digo-te alguma coisa agora deixa-me dormir!

- Que estranho. – disse assim que desliguei a chamada mas nem tive muito tempo para pensar pois a campainha tocou. Depois de uma discussão sobre quem se levantaria para ir abrir a porta acabei por ganha-la e teve que ir o Louis – quem é? – perguntei levantando-me do chão. Virei-me para a porta e de imediato sinto-me a ser projetado para trás com uma dor no maxilar. – Mas que… - tinha acabado de levar um murro na cara – Brian?! – prenunciei assim que o vi –  Que te deu meu? Estás louco? – ao mesmo tempo que levava a mão ao maxilar para averiguar os estragos que tinha feito

- Eu avisei-te, magoavas a Mia e eu acabava contigo. – não estava a perceber nada do que estava a dizer. Magoar a Mia?! – Não penses que vais ficar a rir depois do que fizeste…    

- Mas eu não… - ele queria voltar a dar-me um murro mas o Louis não o deixava agarrando-o – não sei quem te meteu essas ideias maradas na cabeça mas não fiz nada para magoar a Mia! – exclamei enquanto me levantava

- Afasta-te dela! É o meu último aviso… – concluiu depois de sair do controle do Louis. Dirigiu-se para a porta e saiu sem dizer mais nada.    

- Que raio se passou aqui?! – perguntou o Louis ainda em choque com o que acabara de acontecer – Primeiro o escândalo que fez a Colbie no bar quando lhe destes com os pés e hoje o Brian com uma história ainda mais estranha…

- Agora é que tenho mesmo que falar com a Mia…  

(Mia)

O Brian voltou a aparecer pouco antes da hora de almoço e vinha com vontade de me tirar da cama. Fiz a minha pior cara assim que me tirou a almofada que utilizava para esconder a cara, resmunguei e até recorri ao “beicinho”. Nada, nada resultou. Agarrou-me pela mão e tirou-me do meio dos lençóis brancos para finalmente sair daquele quarto. Depois de o ver fechar a porta do quarto, colocou um dos braços em redor dos meus ombros como que me protegendo e não disse nem uma palavra. Não queria falar e ele conhecia-me bastante bem para saber que não gostava que me pressionassem. À saída do hotel já estava um táxi à espera. Não perguntei para onde me levava, sinceramente, também não queria saber. Reparei apenas num saco no interior do táxi, provavelmente o nosso almoço. Encostei a minha cabeça ao ombro do Brian e fechei os olhos.  

(…)

- Hum…onde é que estamos? – perguntei ainda meia espavorida depois de sentir alguém a abanar. Era o Brian. Saí do táxi com a ajuda dele e quando olhei em redor não reconhecia o local. O céu estava escuro e depois de ver o táxi a ir embora só via uma praia. Não uma praia como as que via em São Francisco, esta tinha imensas rochas e a areia estava molhada por causa da chuva que caíra. As ondas do mar estavam bastante fortes por isso mesmo que quiséssemos não poderíamos dar um mergulho. – Praia com este tempo?

- O meu objectivo também não era que fosses dar um mergulho – fiquei com cara do tipo “então o que estamos aqui a fazer” – tinha que fazer alguma coisa para te animar e tirar-te daquele quarto. Por isso pensei no que é que faria se estivéssemos em São Francisco, e logo me surgiu a praia. Não faço ideia de onde nos encontramos, só pedi para nos levar para a praia deserta mais próxima. Ainda andamos um bom bocado de carro…

- Tu não existes mesmo… - enquanto lhe dava um forte abraço – obrigada! – encaminhamo-nos para a praia e assim que senti a areia molhada em contacto com a pele do pé uma sensação de liberdade inigualável.

(…)

- Vamos fazer um castelo na areia… - eu não estava a comer nada mas engasguei-me à mesma – vai ser divertido! Fingimos que somos criancinhas… - não sei como o fazia mas tinha sempre ideias mirabolantes

- Tu não precisas de o fingir, já o és! – ele fez uma cara de indignado mas não desistiu da sua ideia disparatada. Foi para a minha frente e começou a amontoar areia – Brian, isto é ridículo…

- Queres que faça um castelo com quatro torres? – perguntou-me ignorando por completo o facto de ter dito que aquilo era ridículo – eu sei que sou um construtor de castelos de areia muito competente mas se quiseres dar uma ajudinha, será bem-vinda! – não tinha palavras para o negar, ele conseguia sempre levar-me no seu jeito despreocupado, acriançado e divertido. Na forma como as suas palavras soavam doces no meu coração.

- Eu não acredito que vou fazer isto… - suspirei enquanto me punha de joelhos na areia chegando-me junto do início que seria a nossa obra-prima – vamos lá construir este castelo encantado… - enquanto enfiava as minhas mãos na areia, ele olhou para mim com um sorriso rasgado e sorri de volta.

(…)

- Não é para me gabar mas sou um construtor de castelos magnifico. Devia deixar o surf e dedicar-me a isto – dei-lhe uma leve chapada na cabeça com a tamanha barbaridade que acabara de dizer e ele riu-se. Ambos concordávamos que aquilo estava mais que péssimo, também não se podia pedir mais já que não tínhamos instrumentos nenhuns para nos ajudar a moldar – vá, sejamos sinceros, não está assim tão mau. Esta torre parece-me minimamente direita! – olhei seriamente para ele – ok, está tudo péssimo…

- Vou tirar uma fotografia da nossa obra-prima… - informei-o enquanto ia buscar a minha máquina à mala. Tinha a minha roupa toda húmida e suja por causa da areia molhada. Apontei a máquina para o famoso castelo – e pronto. Está gravado um momento vergonhoso das nossas vidas… - dei-lhe a máquina para ele ver e depois devolveu-ma

- Agora queres saltar para cima e desmanchar tudo? – falou divertido com a ideia de enfiar os pés mesmo em cima das torres. 

- Achas?! Pode estar horrível mas deu muito trabalho. Nem pensar em desmanchar. – avisei, afastando-o da construção   

- Isto não vai durar para todo o sempre não sabes? – por momentos tinha-me esquecido por completo o porquê de estar ali mas com aquela pergunta, o Harry voltou a aparecer na minha mente. O problema não desaparecera nem muito menos a dor, apenas estava guardado.

- Sei… - falei olhando fixamente para aquela construção desastrosa. Era exactamente assim que se encontrava a minha vida, um verdadeiro caos. – infelizmente sei que nem tudo dura para sempre.

- Desculpa, não queria… - apressou-se de imediato a dizer assim que viu a minha expressão a entristecer – …não queria falar no assunto.

- Deixa estar. – deixando fugir um pequeno sorriso para o tranquilizar – Esta também não era a minha história de amor… - ele não disse nada. Finalmente tinha ganho coragem para ligar o telemóvel de novo. Espantei-me com as muitas chamadas não atendidas do Louis, outras quantas de todos os rapazes e da Nicole e até duas do Paul mas nem uma do Harry. Não sabia como era possível a dor aumentar ainda mais, não aguentava aquilo por mais tempo. – Não tenho nenhuma chamada do Harry… - a minha voz transmitia por completo todo o meu sofrimento     

- Por falar nisso, tenho uma coisa para te dizer. – olhei para ele dando-lhe sinal para continuar – Passei pela casa do Harry antes de te ir buscar, não me controlei e acabei por lhe dar um murro… - disse bastante rápido – Pronto, desculpa mas não consegui aguentar.

- Tu sabes o que penso disso… - a violência nunca era solução para resolver os problemas e não gostava nada que o fizessem.

- Ele não podia continuar a fazer a vida dele como se nada fosse! Sei que não o devia ter feito mas ele também não podia ter-te magoado…

- O que está feito, está feito. Agora já não podes fazer nada… - suspirei – preciso de falar com a Nicole…



Espero que gostem =)
Isto com a escola de novo a começar o tempo é mais curto mas mesmo assim vou tentar não demorar muito com os capitulos. 
Queria vos dizer também que depois de terminar esta fic irei postar outra :P Ando a pensar na história a algum tempo e acho que vão gostar...pelo menos espero!

beijinhos

sábado, 15 de setembro de 2012

49º Capitulo - O início do fim



Mas que raio se passa comigo?! Estou a ser tão idiota…estou a fazer exactamente aquilo que a Colbie queria, separar-me do Harry. Não posso deixar que isso aconteça… Olhei para trás e vi o Harry prestes a arrancar com o carro. A minha primeira reacção foi pôr-me em frente do carro e foi isso que fiz. Um misto de surpresa e de pânico estava estampado no rosto dele por me ver em frente ao carro. Talvez pensasse que me tivesse magoado ou algo do género. Vi-o sair rapidamente do carro bastante aflito.

- Mia, estás bem? – perguntou-me de forma urgente de modo a receber uma resposta rápida. Apenas acenei afirmativamente com a cabeça enquanto me olhava de cima a baixo para ter a certeza que não tinha nenhum arranhão ou algo do género. Fi-lo olhar para mim e após alguns segundos murmurei um “desculpa” quase inaudível. Beijei-o sem esperar por qualquer tipo de reação por parte dele. As mãos dele viajaram até ao fundo das minhas costas puxando-me para ele. – Tens noção que te podia ter magoado sem querer? – o olhar dele espelhava preocupação e de seguida envolveu-me com um forte abraço. – Nunca mais voltes a fazer-me uma destas, o meu coração não aguenta…

- Não podia deixar-te ir embora. – justifiquei-me –  Estava a ser uma parva, uma idiota, ciumenta… - parei por momentos e vi-o sorrir – sabes, esta seria uma boa altura para me fazeres calar e dizeres que não sou nada assim. Já agora aproveitavas e dizias também que gostas muito de mim…

- Não queres mais nada, não?

- Que finalizasses tudo com um beijo…ficava muito agradecida!

- Então acho que vou cumprir os teus desejos começando pelo beijo… - acariciou ao de leve a minha face antes de unir de novo os nossos lábios – E não gosto de ti, eu amo-te com todo o meu coração. – a voz rouca dele gravava mais uma vez no meu coração a certeza que o que nos unia era amor – E não és nada parva e idiota, talvez só um bocadinho grande ciumenta. – lançou-me um sorriso terno antes de finalizar – mas eu gosto, melhor, eu amo!

- Obrigada por seres o namorado mais compreensivo do mundo… - enquanto mexia carinhosamente nos seus caracóis perfeitos. O sorriso rasgado que fazia acentuava as covinhas que tanto amava.  

- Eu é que tenho que agradecer a Deus por te ter posto na minha vida.

- Oh, que querido. – ao mesmo tempo que lhe apertava as bochechas – Ainda queres ir ao tal sitio que me querias levar, ou já não te apetece ir?

- Claro que quero ir!

(…)

Passei todo o caminho a tentar descobrir para onde é que me levava mas ele não se descoseu. O rapaz era mesmo teimoso e quando se lhe metia alguma coisa na cabeça não saía por nada deste mundo. Divertiu-se todo o caminho a cantar e a tentar fazer-me cantar mas não, não cantei. Era um autêntico terror a cantar. Ele acabou por estacionar o carro e ainda estávamos em plena cidade de Londres. Continuava a não me dizer aonde me levava mas com o tempo acabei por desistir. Seja que qualquer lugar fosse, com o Harry tudo seria perfeito.

(…)

- Não acredito… - exclamei, à minha frente tinha o magnífico London Eye. À medida que aproximávamos ainda me parecia maior do que alguma vez sonhara. – Quero andar! Quero andar! Podemos ir? – digamos que mais parecia uma criança a tentar convencer os pais a andar nos carrosséis do parque de diversões

- Porque é que achas que te trouxe aqui? – entrelaçou os meus dedos nos dele e puxou-me suavemente para a enorme fila que havia à nossa frente – Sabia que querias andar e é o que vamos fazer. – sorri apenas.

A fila era enorme por isso tivemos que ficar ainda uns largos minutos à espera para além de que o tempo não ajudava. O típico céu enublado Londrino estava de volta e a qualquer momento podia começar a chover. Os braços de Harry envolveram o meu corpo numa tentativa de não me deixar ter frio. Nem eu nem ele tínhamos casaco e a temperatura tinha descido rapidamente. Só queria que aquela fila andasse o mais rapidamente possível. Quando finalmente chegou a nossa vez entrei bastante sorridente. Aquilo era giríssimo. Sentamo-nos no banco e após alguns segundos senti um pequeno solavanco, a roda tinha começado a andar. Encostei a minha cabeça ao ombro do Harry e coloquei as minhas pernas em cima das dele. A paisagem que aparecia aos poucos da cidade Londrina era magnífica mesmo cheia de nuvens era realmente linda e única. Queria congelar aquele momento, que o tempo simplesmente parasse. Cruzei o meu olhar com a face dele e vi-o olhar atentamente pelo vidro, depositei um leve beijo no pescoço procurando a sua atenção. Sorriu para mim, aqueles olhos ainda continuavam a ser um mistério para mim, ainda me arrepiavam dos pés à cabeça. Percorreu a linha do maxilar com pequenos beijos antes de juntar os nossos lábios. Quebramos o beijo e desfrutamos da paisagem que se via através do vidro.   

- Não vais atender? – perguntou-me plantando um suave beijo na ponta do nariz. O meu telemóvel começara a tocar mas não queria estragar aquele momento perfeito.

- Neste momento, não há nenhum telefonema mais importante que estar aqui contigo. Seja o que for, pode esperar – uniu os nossos lábios de novo num beijo apaixonado. Senti aos poucos as mãos dele a subir por debaixo da minha camisola. Fomos de novo interrompidos pelo meu telemóvel.  

- Acho que vais ter mesmo que atender… - suspirei. Devia ser mesmo importante, procurei o meu telemóvel no meio da bagunça que era o interior da minha mala. Lá o consegui encontrar, era o Brian.

- É o Brian! – O Harry fez uma cara pouco alegre mas mesmo assim atendi pondo em alta-voz, não queria criar conflitos com ele – Olá!!!! - exclamei

- OLÁ!!!!!!!!!!!!!!! – a minha sorte é que não tinha o telemóvel perto do ouvido senão já estaria surda. O Harry até se assustou com tamanha gritaria – como é que está a minha portuguesa favorita? Que por acaso é única mas isso não precisas de saber…

- Tu acabaste mesmo de dizer isso? Ok, não interessa! – disse enquanto tentava controlar o riso – Aqui a portuguesa está muito bem e pelos vistos o meu surfista preferido também. Diz-me lá o motivo de tanta felicidade?

- Fiz uma coisa que provavelmente não vais gostar… - disse meio a medo, o Harry olhou-me também com cara de medo.

- Se já sabias que não ia gostar porque é que o fizeste?

- Porque gosto de ti…

- Oh, isso é muito inteligente não haja dúvida! – ironizei –  mas diz lá, em que me meteste? – já começava a ficar preocupada com o que aquela cabecinha andou a trama, nunca vinha nada de jeito daquele lado.

- Como te disse, fui-me reunir com a equipa da sessão fotográfica e digamos que acabei por falar de ti. – fez uma pequena pausa provavelmente esperando uma reação minha – Eles ficaram interessados e pediram-me se não te podia levar amanhã…é muito mau?

- Eu pensei que fosse algo muito pior. – suspirei de alivio – Até gosto da ideia mas primeiro tenho que ver se não tenho planos para amanhã… - olhei para o Harry à espera de uma resposta

- Não te preocupes comigo, se quiseres podes ir. – respondeu-me – Amanhã tenho ensaio da banda durante todo o dia por isso estás por tua conta…

- Brian, pode ser, conta comigo! – esperava por uma reação efusiva mas nada disso aconteceu – Brian? Ainda estás aí? – continuava num silencio absoluto – Que se passa?

- Espera… - finalmente falou – onde é que estás? – perguntou-me

- No London Eye com o Harry, porquê?

- Tu por acaso sabes qual é o significado do botão vermelho do teu telemóvel? Serve para rejeitar a chamada… – disse bastante sério – A sério rapariga? Tu não existes mesmo! Vou desligar porque não vos quero estragar mais o dia…Adeus! – fiquei parva a olhar para o telemóvel, ele tinha desligado a chamada.    

- Acho que começo a gostar do teu amigo… - enquanto me tirava o telemóvel da mão e o guardava dentro da minha mala novamente – onde é que íamos mesmo? – olhou-me intensamente antes de envolver os meus lábios nos dele. As minhas mãos embrenharam-se nos inúmeros caracóis dele. O barulho da roda a parar fez-nos despertar de novo para a realidade.   

(…)

Dia seguinte

- Bom dia Brian! – cumprimentei-o á porta do hotel onde estava instalado, ele vinha bastante bem disposto – pronto para seres fotografado durante horas e horas a fio? – ele não me parecia muito ciente que o dia seria bastante cansativo

- Não te preocupes, vai ser canja! – enquanto punha o braço em redor dos meus ombros puxando-me em direcção ao carro que nos levaria para o local da sessão.  Quando chegamos ao estúdio explicaram-nos que odia estava divido em duas sessões, a da manhã e a da tarde. Estava mesmo entusiasmada já que nunca tinha feito nem visto nada do género. Cada vez tinha mais a certeza que era aquilo que queria para o resto da minha vida.

(…)

A sessão fotográfica já tinha acabado e estava à espera que o Brian acabasse de se vestir para podermos ir embora. Quando ele chegou já com as suas roupas normais o meu telemóvel começou a tocar, era sinal de mensagem.

Amor, eu e os rapazes decidimos ir jantar e depois vamos sair. Espero que não te importes…amo-te Harry

Não te preocupes…vocês merecem divertir-se! Amo-te

- Mudança de plano, Brian! – anunciei enquanto guardava o telemóvel no bolso de trás das minhas calças –  Acho que me vais ter de aturar o resto da tarde e a noite…alguma ideia? – ele olhou para mim com cara de “morto-vivo”. Estava mesmo cansado.

- Eu juro que gosto muito de ti mas preciso de um banho e de uma cama urgentemente! – enquanto apoiava a cabeça no meu ombro – para além de que este tempo não ajuda! Vou chegar a casa completamente pálido, ninguém me vai reconhecer… - fiquei com cara do tipo “o que é uma coisa tem a ver com a outra”, coisas à Brian.

- Que exagero! – enquanto o abanava para ver se ele ficava mais desperto – o tempo não é assim tão mau…

- Já olhaste bem para ti? Já não te via tão branca desde que foste para São Francisco…

- É o tempo aqui em Londres, não há como fugir! – finalmente tinha tido uma ideia para o que fazer o resto do dia – Já sei o que vamos fazer, que tal um filme?

- Excelente para eu dormir… - sorri. Tinha pensado em ir ao cinema mas com o Brian naquele estado adormecia no primeiro segundo. Por isso era melhor vermos um filme em casa, que neste caso seria no hotel. Escolhi um filme de terror mesmo odiando esse tipo de filmes mas nem isso fez com que ele se aguentasse acordado, quando olhei para ele já estava a dormir. Acabei por adormecer também.

(…)

Acordei com o Brian a mandar-me com almofadas para cima de mim. E antes que pudesse reagir já tinha agarrado os meus pés e começou a puxar-me para fora da cama. Ainda tentei espernear e agarrar-me à cabeceira da cama mas ele era mais forte que eu, muito mais forte.

- Estás tão feito… - reclamei fula já sentada no chão. O Brian ria-se que nem um perdido ao ver a minha figura toda descabelada e provavelmente com cara de quem estaria pronta para matar alguém. 

- Vou tomar banho!!! – informou-me rapidamente ao ver-me a levantar do chão. Aquele rapaz conseguia pôr o meu dia a começar cá de uma maneira. Suspirei ao vê-lo entrar na casa de banho e a trancar a porta.

- Ouve lá, tens medo que te coma é? – gritei para que ele me ouvisse – Precisas de trancar a porta?

- Contigo assim, tenho! Ainda me suicidas! – não estava a acreditar no que ele acabara de dizer

- “Suicidas”?! Acabaste mesmo de dizer essa estupidez? – ouvi-o rir do outro lado da porta, tinha que começar a gravar o que ele dizia, dava um excelente livro sem duvida. Levantei-me do chão e peguei no telemóvel, tinha que ligar ao Harry. Ainda devia estar a dormir mas mesmo assim decidi arriscar em acorda-lo. Depois de alguns bips alguém atendeu a chamada.

- Estou? – perguntam calmamente do outro lado, uma voz feminina não desconhecida da minha mente

- Colbie? – perguntei incrédula. Olhei de rompante para o relógio e este apenas marcava as oito horas e doze minutos. Como é que eles já podiam estar juntos e porque é que era ela a atender o telemóvel.

- Olá Mia! – exclamou num tom nitidamente vitorioso tentando irritar-me – Queres alguma coisa?

- O Harry? – perguntei tentando manter o mais calma possível

- Oh, o Harry…pois, ele neste momento não pode atender.

- Onde é que está o Harry? – perguntei novamente fazendo-a responder

- Ele ainda está a dormir. Sabes, a noite foi muito cansativa para nós... Queres deixar recado? – não queria acreditar no que acabara de ouvir, as lágrimas já cobriam o meu rosto ainda antes de desligar a chamada.




Espero que gostem!!
Tenho que avisar que a fic está a entrar na recta final, está previsto serem mais ou menos mais dez capitulo, dependendo da minha imaginação!
Deixem as vossas opiniões, são mesmo muito importantes...

beijinhos

quinta-feira, 13 de setembro de 2012

5# One Shot



Olá =)
Bem aqui está a a quinta One Shot que é dedicada á Raquel. Peço desculpa pela demora mas tenho tido pouco tempo para escrever.
Espero que gostem e que deixem as vossas opiniões!!

beijinhos



[Raquel]

Depois de uma manhã de treinos e de ansiedade estava de volta a casa. O meu treinador de ginástica obrigara-me a voltar para casa e descansar o resto da tarde ou então para ir espairecer e assim afastar da minha cabeça que a pouco mais de doze horas teria a principal competição daquele ano. As qualificações para os nacionais. Precisava mesmo de estar entre as cinco primeiras senão o trabalho de todo aquele ano teria sido em vão.

Preparava-me para ver um filme depois de almoço quando a campainha tocou. Não queria estar mesmo com ninguém pois queria rever todas as minhas rotinas mentalmente de forma tranquila e sozinha. Mas como insistiram novamente tive que ir ver quem é que era. Para surpresa minha, ou não, era a Eleanor, uma grande amiga minha. Ela entrou rapidamente em minha casa como se fosse dela e pegou nas minhas chaves de casa e no primeiro casaco que se encontrava pendurado atrás da porta sem dizer nenhuma palavra. Olhava-a estupefacta ao vê-la a desligar a televisão e a pegar nos meus ténis.

- Mas que… - ia começar mas ela nem sequer me deixou continuar

- Vens comigo e não quero reclamações. – afirmou rapidamente não me deixando escapadela possível – Anda lá, calça-te que os rapazes já estão lá fora à nossa espera. – não me apetecia mesmo nada sair e ia refutar mas pela segunda vez não me deixou falar – Nem penses em contrariar porque precisas de pensar noutras coisas sem ser na competição. Já treinaste toda a manhã e agora é hora de desanuviar! – mostrei-lhe o meu ar de desalento e de frustração por não a conseguir contrariar e ela sorriu vitoriosamente. Calcei-me e saímos rapidamente de minha casa. Assim que cheguei junto do carro do Louis, o namorado da Eleanor, vejo que no banco de trás só se encontrava o Harry. Digamos que tinha um pequeno ódio de estimação por ele. Sinceramente não sei como começou nem porquê, talvez uma série de acontecimentos tenham despoletado aquele mau estar entre nós e que nem tenhamos dado conta.

- Olá Louis… - cumprimentei-o assim que entrei no carro, passei o meu olhar pelo Harry mas não lhe disse nada.

- Bom dia ser irritante… - disse o Harry provocando-me

- Mau dia para ti… - a verdade é que de certa forma queria mudar as coisas, talvez por estar a descobrir que existiam coisas nele que me atraiam mais do que era normal. Por mais irritante e desprezível que fosse acabava sempre a acordar com ele na cabeça ou com a sua voz dolorosamente perfeita ao meu ouvido para conseguir adormecer. E em vez disso passar com o tempo, não, aumentava de intensidade tornando-se cada vez mais insuportável. Era como se tivesse tornado algo que, de facto, necessito, quase que essencial para que os meus dias tivessem sentido. – Afinal onde é que me levam? – perguntei tentando fugir aqueles pensamentos

- Se te serve de consolo, eu também não sei para onde nos levam… - afirmou o Harry. Comecei a achar aquilo tudo muito estranho, deviam ser ideias daqueles dois da frente, estavam a tramar alguma.

- Não, a tua ignorância não me serve de consolo. – respondi-lhe simplesmente

- Vêm, agora não tive culpa nenhuma, foi ela que começou… - queixou-se o Harry que fez com que tanto a Eleanor como o Louis começassem a rir bastante.

(…)

Se o Louis e a Eleanor queriam fazer um programa romântico não era preciso ter-me trazido nem ao Harry. Estávamos numa espécie de parque que tinha um lago enorme aonde se podia andar de barco. Aqueles dois estavam entusiasmadíssimos para poderem entrar no barco e a minha cara de espanto acentuou-se ainda mais quando reparei que só havia barcos de dois disponíveis. Era mau demais. Olhei para o Harry e ele para mim. Tivemos alguns segundos naquela posição até que ele suspirou e fez aquela coisa ao cabelo que passa a vida a fazer. “Vamos lá…” foi o que o Harry disse deixando-os com um sorriso radiante.

A Eleanor e o Louis apressaram-se a entrar num dos barcos deixando-me sozinha com o Harry. O senhor responsável deu-nos dois coletes, um para mim e outro para o Harry, antes de entrarmos para o barco. Eu pensava que um colete era a coisa mais simples de se vestir, pois, enganei-me redondamente. A mala que tinha na mão, o casaco, os fios que trazia só atrapalhavam a minha tentativa de colocar o colete.

- És mesmo um caso perdido… - ouvi o Harry resmungar já de colete posto. Ia reclamar mas não me deu tempo. De um momento para o outro já o tinha à minha frente ajudando-me a colocar o colete. Tirou a minha mala da mão e pousou-a no chão perto de mim. Olhava-o atentamente, a forma como apertava tudo bem apertadinho de modo a que se me acontecesse alguma coisa, aquilo me protegesse. Observava cada traço do seu rosto como se fosse a perfeição em pessoa, cada gesto era delicado e único. Como poderia estar a apaixonar-me pelo rapaz mais irritante que conhecia, porquê ele?! – se eu não quisesse ir, ficavas comigo? – fiquei completamente atónica com tal afirmação – ficavas? – voltou a repetir para ter a certeza que respondia

- Sim…quer dizer, não tinha lógica ir sozinha andar de barco deixando-te aqui sozinho. – respondi sem saber muito bem o que dizer – Ainda podias ser raptado por algum urso embora tenha as minhas dúvidas que alguém te queira comer… - esperava que ele começasse logo a resmungar comigo mas enganei-me redondamente.

- Tu preocupaste? – a sua expressão quase que incrédula punha a minha cabeça ainda mais confusa. Não estava a perceber nada daquela conversa nem aonde ele queria chegar com aquelas perguntas sem nexo.

- An? Com o quê? – perguntei bastante confusa

- Comigo. – iria jurar que naquele momento o tinha visto corar mas devia ter sido impressão minha. Mas o seu sorriso algo envergonhado estampado no rosto era bem verdadeiro, não produto da minha imaginação – Preocupaste comigo?

- Sim. Lá por seres um irritante do pior e de não te suportar não quer dizer que não me preocupe… - continuava a não saber muito bem o que dizer nem onde queria chegar com aquela conversa.

- Gosto disso… - simplesmente afirmou enquanto agarrava a minha mala e punha de novo na minha mão.

- De quê? - parecia que o meu cérebro ia dar um nó com tanta confusão que ia pela minha cabeça

- De te preocupares comigo… - concluiu sorrindo enquanto agarrava a minha mão puxando-me para o barco – vamos chata… - claro, lá tinha que vir os elogios.

- Irritante… - respondi entre dentes

Entrei no barco com ajuda do senhor e que nos deu as indicações necessárias para regressarmos à margem em segurança. Começava a achar tudo aquilo muito perigoso ainda por cima a pouco mais de doze horas de entrar em competição. O Harry não parecia ter muito jeito para a coisa pois ainda não tinha feito o barco andar nem um centímetro. Teve que ser o senhor responsável a dar uma pequena, ou melhor, grande ajuda para sairmos da margem. Não consegui controlar o riso e por isso achava mesmo que ele me iria atirar com água mas voltou-me a surpreender.

- Desculpa a minha falta de jeito mas prometo que te levo inteira para a margem. – definitivamente tinha que perceber aonde é que este “Harry” tinha andado este tempo todo. À medida que avançávamos para o centro conseguia-se vislumbrar a vista lindíssima a aparecer. Aquela paisagem mais parecia ter sido retirada de algum livro, era incrivelmente bonita e imponente. – Estás nervosa? – perguntou-me quebrando o silêncio. Só agora é que tinha reparado que ele já não remava e que estávamos parados no meio do lago, a flutuar. A brisa suave que se fazia sentir naquele dia solarengo, algo raro, deixava o cabelo dele a esvoaçar de uma forma quase que perfeita. E as arvores grandiosas que se viam atrás dele harmonizavam com os seus olhos lindos – Raquel?!    

- Humm? – estava tão concentrada nos meus pensamentos que já nem me lembrava da pergunta dele. – desculpa, estava a pensar numa coisa sem importância! O que me perguntaste mesmo?

- Era por causa da prova de amanhã, estás nervosa? – era a primeira vez que ele me perguntava algo sobre as minhas competições. Definitivamente aquele dia estava a ser estranho, muito estranho.

- Muito… - por mais que quisesse controlar o nervosismo e a ansiedade não conseguia. A minha voz saia tremida e tinha um enorme aperto no estômago que aumentava à medida que os ponteiros do relógio andavam. Era o trabalho de um ano que estava envolvido e não podia estragar tudo numa questão de minutos – muito mesmo, Harry. Estou apavorada… - nisto sinto alguma coisa a tocar na minha mão, a juntar as minhas mãos. Um espasmo percorreu os músculos do meu corpo arrepiando-me a alma. Eram as mãos do Harry que se encontravam coladas à minhas. Desviei o meu olhar para aquele toque, para ter a certeza que não estaria a sonhar. Sorri, não sei porque o fiz mas fi-lo. Sentia-me tão estupidamente parva…

- Tenho a certeza que vai tudo correr bem, és fantástica! – as caricias que efetuava sobre as costas das minhas mãos estavam a deixar-me o coração num estado quase elétrico. E as suas palavras, por incrível que pareça, acalmavam-me.  

- Sou? – perguntei incrédula.

- És… - olhei profundamente naqueles olhos azuis esverdeados numa tentativa de descobrir o que lhe ia na alma. Ele estava mergulhado em mil e um pensamentos acabando por me deixar cheia de curiosidade. – a melhor que conheço e que não conheço… - soltou um sorriso e foi como se o tempo tivesse parado. Baixei um pouco a cabeça ainda sentindo o olhar dele posto em mim. Onde é que este Harry andava escondido?!

- Obrigada. – acabei por dizer rompendo mais uma vez aquele silêncio que se instalara – Não sabia que gostavas como nunca me foste ver…

- Já te vi nos treinos… - explicou como se fosse a coisa mais banal do mundo. Eu nunca o tinha visto e ele era o próprio a dizer que nunca poria lá os pés, achava demasiado secante, dizia ele.   

- Já?!

- Sim…o Louis e a El arrastaram-me algumas vezes. – não era que não gostasse de saber que ele tinha lá estado mas “obrigado” também não queria que fosse.

- Não sei como o fazias porque nunca dei pela tua presença. – como é que a Eleanor nunca me tinha dito que já tinha levado o Harry aos meus treinos? – Se te visse tinha a certeza que o treino corria melhor… - disse sem pensar, desejei no momento que ele não me tivesse ouvido ou que apenas tenha sido um pensamento na minha cabeça.

- A sério? – um brilho diferente apareceu nos seus olhos e aquele sorriso parecia-me cada vez mais perfeito

- Quer dizer, quanto mais apoio tiver melhor…mais motivada fico, é isso… - expliquei-lhe envergonhadíssima. Mais uma vez o silêncio instalou-se apenas podendo ouvir o barulho da corrente e da brisa.

- Desculpa… - proferiu. Fiquei em silêncio, não sabia o que dizer. Alguns segundos depois vi-o sorrir abertamente mergulhado nos seus mais profundos pensamentos – Estava a lembrar-me do que fazes em cima daquela coisa com apenas dez centímetros, é obra, eu nem que tivesse dez metros conseguiria fazer tal coisa, acho que partia logo a cabeça. – ri-me tanto da forma como o disse bem como do ter imaginado a tentar fazer uma pirueta em cima da trave. Acho que pagaria para o ver tentar…

- A forma como cantas também é única, por mais que tivesse aulas de canto nunca chegaria aos teus calcanhares. – lançou-me um sorriso meio tímido que também me fez sorrir – Encantas qualquer pessoa com a tua voz e isso não se aprende, já nasceu contigo. – ficamos novamente em silencio como já começava a tornar-se hábito.

- Raquel? – desviei o meu olhar daquilo que parecia ser um peixe dentro de água para o Harry – O senhor já está a chamar-nos, já deve ter passado uma hora, temos que regressar… - apenas acenei que sim e regressámos à margem.

(…)

Dia Seguinte

Acordei com um enorme aperto no estomago, significado: prova. Levantei-me e dirigi-me para a casa de banho de modo a tomar um bom banho para relaxar. Olhei para o espelho que se encontrava no corredor e reparei que ainda andava com um sorriso meio parvo no rosto. A primeira pessoa que me passou pela mente foi o Harry. Como o dia anterior tinha sido estranho, mas no bom sentido. Nunca tínhamos estado mais do que cinco minutos sem discutir e naquele dia tínhamos aguentado uma tarde inteira. Record para o Guiness!

(…)

Assim que voltei da casa de banho já de banho tomado, o meu telemóvel dava sinal de ter uma mensagem. Achei estranho já que era bastante cedo para alguém me estar a mandar mensagem.

Eu sei que a nossa relação não começou da melhor maneira mas achei que esta seria uma boa altura para mudar. Sei que nunca te desejei “boa sorte” para nenhuma das tuas provas mas há sempre uma primeira vez para tudo. Por isso, BOA SORTE!! Ah, e vou estar a torcer por ti nas bancadas…espero que não te importes. beijo Harry

O meu corpo voltou a cair na cama enquanto olhava atentamente para o ecrã do telemóvel tentado ver se aquilo não seria mais uma partida do Louis. Provavelmente deve ser a coisa mais estranha neste mundo mas só me apetecia dar pulinhos de alegria. Estava estupidamente feliz.

(…)

Mesmo com toda a gente nas bancadas para me apoiarem, incluindo o Harry, as coisas não estavam a correr como esperava. Como previa, as minhas saídas após cada movimento estavam a retirar-me pontos e mais pontos. Era o meu ponto fraco e com o nervosismo ainda se acentuavam mais. Após o penúltimo aparelho, as barras assimétricas, consegui subir até à sétima posição praticamente em igualdade de pontos com a sexta e quinta qualificada. Precisava de ter um desempenho na trave perfeito para ainda sonhar com os nacionais. Depois de ouvir as indicações do meu treinador e os seus incentivos fui buscar uma garrafa de água para descontrair.

- Raquel! – ouvi o meu nome e depois de olhar várias vezes consegui ver a figura do Harry aparecer por detrás de uma parede – Sou eu… - nem sabia se haveria de ficar contente ou em pânico por ele não poder estar ali e ainda acabar por ser expulso.

- Tu não podes estar aqui, sabias? – avisei-o chegando-me junto a ele – Isto é área restrita para… - antes que pudesse terminar o meu raciocínio senti os lábios dele a embaterem suavemente nos meus. Foi como se tivesse recebido um choque electrico arrepiando-me toda. Nunca tinha sentido tal coisa. Como não dei mostras de querer resistir, o beijo continuou sentindo uma das mãos dele a ir de encontro ao meu pescoço. Não queria que aquele beijo terminasse nunca mais. Queria parar no tempo mas isso não é possível. Assim que ouvi anunciarem a mudança de aparelho quebramos o beijo. A primeira coisa que pensei foi que aquele beijo fora um erro e que ele não queria nada comigo mas assim que vejo um sorriso prefeito estampado no seu rosto, tudo ficou bem.

- Boa sorte… - sussurrou-me encostando novamente os seus lábios nos meus, agora num beijo rápido. Fiquei feita parva a vê-lo afastar-se em direcção à porta de saída e assim que ele a fechou é que voltei à realidade. Prova, faltava-me o último aparelho.

(…)

Estava a olhar ansiosamente para o painel de pontuações depois de terminar a minha prestação. Tinha a plena consciência que tinha dado o meu melhor na trave, aliás, devia ser a minha melhor prestação daquele ano. Tudo graças ao Harry. Ainda nem estava em mim com tudo o que tinha acontecido. Olhei para ele e reparei que também olhava atentamente para o painel esperando que aparecesse a minha nota. Talvez por sentir que alguém o observava, desviou o olhar para mim e sorriu. Logo a seguir o peso das minhas colegas praticamente em cima de mim despertou-me para o painel e assim que vi o meu nome em terceiro lugar, apenas faltando duas atletas, fiquei completamente estática. Eu vou aos nacionais! Disse para mim mesma ainda em estado de choque.

(…)

“Parabéns!” era o que mais ouvia. Estava radiante, felicíssima, nem sabia explicar o quanto estava contente. Depois de abraçar os meus pais, os rapazes e a Eleanor, só faltava o Harry. Nem pensei duas vezes, abracei-o simplesmente. Sentir os braços dele a rodearem o meu corpo foi uma sensação única, indiscritível.

- Obrigada! – foi a única coisa que lhe consegui dizer. Afastei-me dele e encontrei um sorriso a aflorar-lhe no rosto.

- Esse sorriso vale por tudo… - respondeu acariciando a minha face. Depositou um beijo suave na minha testa tornando aquele dia ainda mais perfeito.