quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

Pedido

Olá!

Bem, como já devem ter percebido vim fazer-vos um pedido. Queria que visitassem este blog de uma amiga minha, http://irresistible-justme.blogspot.pt/, tem uma fic sobre os meninos. Já tem publicado o prólogo e o primeiro capitulo. Ela tem imenso jeito para a escrita mas como é teimosa, diz que só o digo para ser simpática. Por isso queria pedir que visitassem e que dessem a vossa opinião. Ela ficará muito feliz! =) Prometo que não se vão arrepender :P
Quanto ao capitulo, posso dizer que a imaginação voltou a pairar sobre a minha cabeça e mais rapidamente do que pensam já tenho o capitulo pronto! Ah, e não se esqueçam de comentar o capitulo :)

 beijinhos

segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

59º Capítulo - Quando a confiança é quebrada nunca mais volta a ser como dantes...



Encostei a cabeça ao peito do Harry conseguindo ouvir em toda a sua plenitude o batimento cardíaco dele. A frequência com que batia era tão ou mais acelerado que o meu. Fechei os olhos e parecia que tinha o coração a tremer. Encontrava-me numa angustia enorme e inexplicável. Não estava, de todo, nos meus planos ser mãe tão nova e muito menos naquela altura, não depois de ter recebido todo o apoio do Harry. Ele afagava os meus cabelos lentamente acabando por ficar um pouco mais calma mas não o suficiente para regularizar os meus batimentos cardíacos. Por escassos segundos toda a minha vida passou-me à frente dos olhos. Foi algo extremamente arrepiante o que fez com que me contorcesse toda.    

- Estás bem? – a voz do Harry puxou-me novamente para a realidade. A mão dele encontrava-se agora debaixo do meu queixo, exerceu alguma força sobre ele fazendo com que a minha cabeça se elevasse e que o nosso olhar se encontrasse. O seu olhar espelhava preocupação, muita preocupação. Tentava perceber o que ia no meu coração e o que me tinha provocado aquela reação estranha. Ia abrir a boca para explicar o que se tinha passado mas não consegui, as palavras não saiam da minha boca. – seja o que for, estou aqui contigo. Vou proteger-te, sempre! – murmurou por fim ao perceber que não ia ter qualquer palavra da minha parte. Voltei de novo a encostar a cabeça no peito dele à espera que o tempo passasse – acho que já passou tempo suficiente…  - disse algum tempo depois. Levantei a cabeça devagar até encontrar de novo à minha frente o rosto perfeito do Harry. Num puro instinto, uni os nossos lábios num beijo rápido, antes de me levantar.

Aproximei-me do pequeno objecto eletrónico lentamente, conseguia ouvir na perfeição o bater do meu coração sempre que dava um passo em frente. Fechei os olhos numa tentativa em vão de me fazer acalmar um pouco. Não conseguia fazer desaparecer a quase paragem cardíaca em que o meu coração se encontrava.

Assim que me aproximei o suficiente para ver o resultado, todo o mundo parou ao meu lado. O meu futuro podia mais uma vez mudar com aquele resultado. Fechei novamente os olhos e desejei arduamente que o resultado fosse negativo. Abri de novo os olhos e tomei coragem para olhar para o aparelho. No momento em que vi que o resultado dava negativo, um peso do tamanho do mundo desapareceu de cima de mim. Sentia-me muito mais leve. Olhei para o Harry, ele olhava-me atentamente. Tive a percepção que naquele momento tinha engolido em seco. Respirei fundo e abanei negativamente com a cabeça.

Vi-o levantar-se rapidamente e num instante senti os seus braços a rodearem o meu corpo. Apertou-me contra ele com bastante força, sem me magoar. Não há palavras que possam descrever ou explicar o quanto aquele abraço foi reconfortante. Senti de imediato uma descarga de energia a escapulir-se pelo meu corpo e as lagrimas caíram pelo meu rosto. Não era por tristeza nem por alegria, era apenas toda aquela tensão acumulada a sair do meu corpo. Estavam a ser demasiadas emoções para um dia só.

Os meus pés foram forçados a dar dois passos atrás a partir do momento em que o Harry exerceu alguma pressão sobre o meu corpo até me encostar à parede do quarto. Ele parecia não ter intenções de me largar e eu, muito sinceramente, também não queria que o fizesse. Aos poucos sentia cada vez mais perto do meu pescoço a respiração, agora mais estabilizada, do Harry. Arrepiei-me, como já era hábito, ainda antes dos seus lábios encostarem na pele sensível do meu pescoço. Bastava sentir a respiração a embater contra a minha pele para ficar com pele de galinha. Agarrei num pedaço de camisola dele assim que as pestanas dele rouçaram na minha pele, fechando os olhos. Queria ter naquele momento algo que pudesse gravar o que estava a sentir.

Tive a certeza que nenhum de nós estava preparado para a ideia de ter um filho, pelo menos nesta altura. Não era, de todo, a melhor altura.       

- Harry… chamei-o enquanto desencostava a minha cabeça do peito dele e levantava-a o suficiente para o ver. O Harry olhou atentamente para mim como se estivesse à espera que dissesse alguma coisa profunda – Apetece-me chocolate quente… - toda a perfeição com que me sorriu deixou-me completamente inebriada.

- Os teus desejos são ordens para mim… - os lábios dele voltaram a envolver os meus provocando um sorriso por parte de ambos. Acariciou a minha face ao de leve com a ponta dos dedos assim que o beijo terminou juntamente com aquele sorriso lindo que só ele sabe fazer.

- Não estás desiludido? – perguntei reticente fitando outro ponto do quarto sem ser ele. O Harry fez com que os nossos olhares se cruzassem e abanou negativamente com a cabeça antes de falar.

- Estas últimas horas só fizerem acentuar ainda mais a certeza do amor que sinto por ti. – fez uma ligeira pausa para que pudesse dar com a minha mão entrelaçando os nossos dedos de seguida – Eu amo-te mais do que tudo, Mia…

- Eu também te amo Harry, e muito mesmo. – antes de me beijar novamente começou a puxar-me em direcção à cama mas antes de acontecer algo mais naquele quarto o meu telemóvel tocou. Ri-me da cara que o Harry fez assim que ouviu o som do meu telemóvel suspirando fortemente. – Acho que isto é um sinal para entrarmos em fase de abstinência. – olhou-me escandalizado com a minha ideia mas antes que me respondesse cortei-lhe a palavra – depois discutimos o nosso novo modo de vida, agora tenho uma chamada para atender… - ainda consegui ouvi-lo dizer “ai vamos, vamos”.

Peguei no telemóvel e era a Nicole a telefonar-me. O Harry fez-me sinal de que ia à a cozinha preparar-me o chocolate quente, não sem antes despedir-se com um beijo, e quando ele despareceu pela porta do quarto, atendi a chamada.  

- Olá amor da minha vida! – cumprimentei-a de forma habitual.

- Mia, preciso de desabafar contigo. – percebi de imediato pelo tom de voz proferido que alguma coisa não estava bem. Comecei de imediato a ficar preocupada, ainda por cima estava longe para a poder ajudar.

- O que é que se passa? Estás a deixar-me preocupada…

[Nicole]

- Foi o Zayn… - disse rapidamente. Não estava com paciência para estar com joguinhos de adivinha. Naquele momento só desejava ter o poder de me teletransportar para junto da Mia e poder abraça-la.

- Estou aqui, amor. – as lágrimas que se amontoaram durante o dia inteiro finalmente romperam a fina camada de água e escorreram pela minha face. – Demora o tempo que precisares… - as palavras dela, mesmo a quilómetros de distancia, tinham o poder de me acalmar genuinamente. Fiquei ainda alguns minutos em silencio e só depois é que tive coragem para falar.

- Vou-te contar o que aconteceu…

***

“Bom dia princesa da minha vida. Queres vir tomar comigo o pequeno almoço? Estou cheio de saudades tuas. Adoro-te Zayn xx”

Um sorriso demasiado parvo apareceu-me no rosto levando-me a levantar da cama num ápice para lhe responder à mensagem e começar a arranjar-me. Lembro-me de criticar a Mia por ela ter aquelas atitudes tipicamente apaixonadas e agora estava a agir da mesma forma. Abri a porta do meu roupeiro e o dilema de todas as manhãs assombrou a minha cabecinha. O que vestir?! Nunca sabia o que vestir de manhã, já tentei escolher a roupa no dia anterior porém acabava sempre por escolher outra roupa de manhã.  Assim que decidi a roupa a vestir, despachei-me a tomar banho pois o tempo começava a ficar apertado.

(…)

Ainda não tinha começado a pentear o cabelo quando oiço a campainha a tocar. Eram nestas alturas que faltava cá a Mia para abrir a porta e assim entreter o Zayn para que ele não me visse “não arranjada”. Como ela não estava em casa – que estava a passar uns dias lindos com o Harry, ela bem merecia – tive que ser mesmo eu a ir à porta.

- Não olhes para mim que ainda não estou pronta! – disse assim que abri a porta pondo a mão à frente dos olhos do Zayn para que ele não me visse. No momento em que acabei de falar pude ver um sorriso a formar-se nos seus lábios.

- Deixa de ser tonta, sim? – empurrou-me levemente para dentro de casa ao mesmo tempo que retirava as minhas mãos da frente dele – és linda a qualquer hora do dia, mesmo ao acordar e toda despenteada. – proferiu após a porta de casa se ter fechado atrás de nós juntando rapidamente os nossos lábios, naquilo que era o primeiro beijo daquele dia.

- Só estás a dizer isso para seres simpático. Fico horrível de manhã… - por mais que ele dissesse o contrário não havia como mudar a minha ideia. O meu cabelo de manhã parece palha de aço.

- Para de dizer barbaridades, sim? – as suas mãos suaves envolveram a minha face o que despoletou por todo o meu corpo um choque elétrico. Aliás, como sempre acontecia. – és perfeita em todas as tuas imperfeições. – fixei o meu olhar ao dele. Toda aquela profundidade absorvia todos os meus sentidos deixando-me inebriada. Um sorriso aflorou-lhe no rosto, aproximou lentamente a sua face à minha unindo os nossos lábios de seguida. Os meus braços automaticamente viajaram para cima dos ombros dele. Após a quebra do beijo, deixou um beijo no meu nariz antes de falar – Vai lá acabar de arranjar para irmos comer.

- Eu despacho-me rápido! – a minha expressão fez com que ambos nos ríssemos. Definitivamente, tanto ele como eu não nos conseguíamos despachar rapidamente. Era um defeito de ambos.

(…)

- Então e o que a menina vai desejar para comer? – perguntou-me o empregado depois de anotar o pedido do Zayn. Quando ia pedir, o Zayn interrompeu-me

- Ela vai querer um copo de sumo de laranja natural e uma torrada. Mas não a prense muito, ela não gosta… - fiquei estupidamente a olhar para ele, provavelmente com cara de parva. – Que foi? Conheço-te tão bem como a palma da minha mão. – cada vez tinha mais a certeza que ele era a pessoa certa para mim. Ele surpreendia-me todos os dias deixando-me sempre maravilhada.

Quando acabei de comer, o Zayn levantou-se e foi à casa de banho. Entretanto o empregado chegou dando-me a conta. Peguei na minha carteira e foi então que dei conta que não tinha dinheiro suficiente para pagar. Tinha que ser mesmo o Zayn a pagar a conta. Não gostava nada que fosse sempre ele a arcar com as despesas, mas neste caso não tinha opção. Fui ao bolso do casaco que ele trazia para buscar a carteira e, para meu espanto, não havia somente o objecto que ia buscar. Havia um maço de tabaco. Não queria acreditar no que estava a ver, ele tinha-me dito que já tinha conseguido deixar de fumar. Como é que ele pode mentir-me…? O barulho provocado pelo empregado teve o condão de me acordar para a realidade. Peguei no dinheiro e entreguei ao empregado.

- Já aqui estou… - a voz do Zayn naquele momento provocou em mim tudo menos alegria. As lágrimas teimavam em querer escorrer pela face porém tinha que conseguir ser mais forte que elas. Brincava inconscientemente com o maço de tabaco na mão até que ele reparou – Nicole, eu posso explicar isso… - foram as suas primeiras palavras – deixa-me explicar, por favor… - concluiu

- Ainda bem que o podes explicar. – tentei soar o mais calma e normal possível embora o meu coração não trabalhasse da mesma forma. Encontrava-se num ritmo descompassado – Estou com a máxima atenção para conseguir perceber porque é que me mentiste. Sim, porque obviamente, não deixaste de fumar. – larguei aquele objecto das mãos deixando-o em cima da mesa mesmo á frente dele

- Nicole, por favor, não fales assim comigo. – a mão dele foi ao encontro da minha que também se encontrava em cima da mesa. Por instinto, tirei de imediato a minha mão debaixo da dele assim que senti a sua pele – Ouve-me primeiro…

- Já te disse que estou disposta a ouvir o porquê de teres mentido à tua própria namorada. – falei novamente de modo calma – Supostamente devia ser a pessoa em quem devias confiar mas pelos vistos não sou… - as lágrimas pareciam que iam escorrer pela minha cara a qualquer momento

- Nicole... 

- Porque é que me mentiste, Zayn? – voltei a perguntar – É a única coisa que quero entender…

- Acho melhor termos esta conversa noutro local. – olhei em redor  e reparei que algumas pessoas estavam mais interessadas no que se passava connosco do que com a conversa que estavam a ter. Levantamo-nos e fomos para o carro. Todo o caminho até chegar a minha casa nunca me pareceu tão longo como naquele momento. Sentei-me em cima do sofá assim que entramos, movimento que também foi repetido pelo Zayn, sentando-se ao meu lado.

- Não conseguiste parar de fumar? – perguntei depois de alguns minutos em silencio. Ele apenas abanou negativamente com a cabeça – Eu não me vou zangar contigo, Zayn. – os seus olhos cor de avelã estavam novamente concentrados em mim. Estava algo surpreendido com a minha última afirmação –  Não vou ficar a gostar menos de ti por fumares. – suspirei fitando o chão – A única coisa que me magoou realmente foi o facto de me teres mentido…não me lembro de alguma vez ter dito que a nossa relação ia mudar só porque fumas!

- Eu não queria que ficasses desiludida comigo por não conseguir cumprir uma promessa que te fiz. Não queria ver nos teus olhos a decepção assim que dissesse que tinha cedido ao vicio.    

- Como é obvio não vou ficar felicíssima por saber que estás a destruir a tua vida aos poucos. Agora, isso não implica que deixe de gostar de ti ou que deixe de querer ajudar-te a ultrapassar isso.

- Desculpa… - o Zayn desviou o olhar de mim fitando o chão. Ficamos ambos em silencio até que voltei a quebrar o silencio

- Há quanto tempo é que voltaste a fumar?

- Há já alguns meses… - respondeu-me sem me olhar – Eu achava que se te contasse perderia as últimas hipóteses que tinha para namorar comigo. – sem pensar muito, levantei-me do sofá e pus-me mesmo à frente dele, com os joelhos no chão. Ladeei a face do Zayn com as minhas mãos fazendo com que olhasse para mim. Partiu-me o coração vê-lo praticamente perto das lágrimas.        
- Eu gosto mesmo muito de ti, daquilo que és, da forma como me consegues por um sorriso na cara quando só me apetece chorar. – prenunciei de forma convincente para que ele compreendesse bem que gostava mesmo dele – Não tem nada a ver se fumas ou não. Isso é secundário… - ele nada disse. Estava mergulhado em mim e um pensamentos que me suscitavam curiosidade – Zayn…

- Fiz asneira, não fiz? – fiquei atónica com aquela pergunta retorica. Não percebi o sentido daquela afirmação – Agora nada vai ser como antes…

- Que estás a dizer?

- Até podes perdoar mas não esqueces… - o Zayn tinha acabado de dizer uma das minhas convicções. Posso perdoar mas esquecer é praticamente impossível – Quebrei a confiança que tinhas em mim e sei perfeitamente que nunca voltará a ser igual…

- Zayn… - foi a única coisa que consegui dizer. Não podia negar pois sabia que ele não acreditaria.

- Vais dizer que estou errado? – apenas baixei o olhar, não o encarando –  Bem, acho melhor ir andando… - vi-o levantar-se mas as forças no meu corpo para me conseguir levantar evaporaram-se. Deixei-me ficar pregada ao chão enquanto ele saía de minha casa.

***

- Já sabias disto? – perguntei no fim de contar tudo à Mia.

- Eu não, Nicole. – respondeu-me – Nunca dei por nada. Agora o Harry é que já devia saber… - se o Harry sabia e não me contou nada, nem sei o que lhe faço!

- Mia, não estou chateada com ele por ter voltado a fumar mas sim por me ter mentido percebes? Ele sabe perfeitamente que odeio mentiras, porque é que o fez? – queria tanto voltar no tempo para não ter encontrado aquele maço de tabaco

- Não sei, Nicole. Sinceramente não sei… 

- Passei o dia inteiro a pensar e única conclusão a que cheguei foi que precisava dos teus conselhos. Ainda pensei em não te ligar pois não queria interromper a vossa semana romântica mas preciso mesmo de ti…

- Deixa de ser tola, é claro que não interrompes nada, para além de que entramos em período de abstinência! – fiquei em estado de choque com aquela noticia, não estava a falar dela e do Harry de certeza –  E não me perguntes porquê  porque depois explico-te tudo… Agora falando a sério. – fez uma pequena pausa – O Zayn adora-te, notei de imediato assim que o vi pela primeira vez a olhar para ti. Não ponhas tudo isso em questão por um erro. Sei que não é desculpa, mas ele só o fez por gostar de ti… - a Mia só confirmou aquilo que já pensava.

- Acho que vou fazer isso mesmo, tenho que falar com ele!  

- Isso sim, é a minha Nicole a falar! – falou de modo divertida – Vai lá falar com o Zayn antes que lhe dê uma coisinha má por achar que já não gostas dele…

- Sim, mas não te livras de me contar o que se passa entre ti e o Harry! – ela riu-se e depois de nos despedir-mos, desliguei a chamada. Agora tinha que ir a casa do Zayn.




Olá!!!

Peço desculpa pela demora mas para além de ter passado por um deserto de inspiração, a escola tem ocupado todo o meu tempo livre. Vou tentar publicar mais cedo o próximo capitulo mas não prometo nada já que tanto esta como a próxima estou carrada de testes, trabalhos e provas.
Espero, sinceramente, que tenham gostado do capitulo. Às vezes tenho a sensação que as palavras evaporaram-se todas da minha mente e que já não sei escrever :S
Deixem os vossos comentários, são mesmo muito importantes para a mim e para a minha inspiração! 

beijinhos
 

sábado, 17 de novembro de 2012

58º Capítulo - E essas são as pequenas coisas...


[Mia]

Tinha que admitir que aquilo me deixava bastante apreensiva. Já conhecia tanto a mãe dele como o padrasto e também a sua irmã. Agora os tios já era um passo grande. Se dissesse que não ficaria a sentir-me mal pois não queria que o Harry achasse que não queria conhecer a sua família. Ele também já conhecera a minha família, não pelas melhores razões, mas conheceu-os.

- Pode ser… - informei-o ainda um pouco relutante com a ideia. – vá, não há de ser uma coisa do outro mundo. – concluí dando um ar de maior confiança aquele pedido.

- Tens a certeza? – perguntou – A minha tia não fica zangada se não quiseres… - dava para ver que estava a mentir. Ele não me conseguia mentir, descobria sempre.

- Sim, Harry. Mentes muito mal… - ele sorriu seguido daquele movimento com a cabeça afastando o cabelo da frente da cara – então está decidido. – concluí enquanto voltava de novo a comer o bolo de chocolate que tanto me apetecia.

(…)

Estava deitada no sofá a mexer no meu telemóvel enquanto que o Harry estava na outra ponta com o computador em cima das pernas dele. Já estava quase na hora de jantar e começava a ficar com fome.

- Mia? – desviei a minha atenção do pequeno aparelho tecnológico que tinha na mão e levei o meu olhar até ao Harry deixando-me ficar na mesma posição, deitada sobre o sofá. Ele já tinha posto o computador de parte e começava agora a fazer-me uma massagem aos pés. Ele tinha umas mãos de anjo. – Queres ir jantar a um restaurante aqui perto? É muito bom… – torci o nariz. Não me estava a apetecer comer “comida de faca e garfo”. Apetecia-me um enorme e delicioso hambúrguer. Definitivamente estava a ser invadida por uma enorme vontade de comer comida de plástico, algo um bastante fora do normal para mim.    

- Apetece-me um hambúrguer… - respondi num tom baixo e com um pequeno sorriso envergonhado. Ele olhou-me surpreendido parando momentaneamente com os movimentos circulares sobre os meus pés. – Importaste?

- Um hambúrguer?! – verbalizou o que mostrava a sua expressão – Eu aqui a pensar num jantar super romântico e tu queres-me comer um hambúrguer? – apenas abanei afirmativamente com a cabeça soltando um pequeno sorriso. Vi-o abanar ligeiramente a cabeça e gargalhou suavemente. Afastou ligeiramente as minhas pernas de cima dele o suficiente para poder sentar-se junto a mim. Os seus olhos verdes estonteantes prenderam-se aos meus provocando-me um arrepio gélido. Continuavam a ter o mesmo poder sobre mim desde o primeiro dia em que o vi pela primeira vez. Debruçou-se sobre mim pousando a cabeça ao lado da minha. Abri um pouco de espaço para que o Harry coubesse ao meu lado mesmo que o sofá não fosse propriamente grande. O nariz do Harry roçou na minha face, o que fez com que me virasse para ele. Mais um arrepio seguido de um espasmo acabara de percorrer o meu corpo assim que o meu olhar chocou com o dele. Fechei os olhos e em menos de nada os meus lábios foram envolvidos pelos dele. Aos poucos, uma das mãos dele, desceu pelo meu corpo até parar na barriga. Ele fazia pequenos movimentos circulares com os dedos o que meu causava inúmeros arrepios. – Não achas que podes estar… - olhou várias vezes para mim e de seguida para a minha barriga. Percebi claramente o que ele queria dizer com aquilo. Não é que já não tivesse pensado no assunto mas como me faltava poucos dias para me vir a menstruação e como costumo andar mais esfomeada nessas alturas, achei que seria pouco provável estar grávida.  

- Não tenho cem por cento certeza mas acho pouco provável. – proferi. Coloquei a minha mão sobre a dele e em menos de nada a minha já estava por baixo da dele. A mão dele era enorme em comparação com a minha. Exercia alguma pressão através de movimentos circulares até entrelaçar de novo os nossos dedos – Queres que faça o teste? – perguntei reticente

- Não queres ter a certeza? – murmurei um simples “sim”. Simplesmente estar a falar naquele assunto fazia-me ter ainda mais dúvidas. Agora que pensava no assunto, tinha a ligeira sensação que tinha engordado. Suspirei ao notar que o que estava a pensar não tinha nexo nenhum. Se estava mais gorda era porque andava a comer bastante e isso era por causa de estar quase no inicio da menstruação. É isso…não há de ser mais nada…, repeti para mim mesma interiormente. O Harry aconchegou-me ainda mais a ele depositando um beijo na minha testa. Respirei fundo inalando o seu perfume tão característico – Estamos juntos para tudo…nunca te esqueças disso, amor.

(…)

Quando estava a vestir-me para irmos jantar, dei por mim a olhar para a barriga, à espera que tivesse diferente. Definitivamente, aquelas dúvidas já me estavam a dar a volta à cabeça! Abandonei aquelas ideias da minha cabeça e acabei finalmente de me arranjar. Curiosamente hoje estava um dia bastante agradável, pelo menos em comparação com os outros. Apenas corria uma aragem fria mas nada demais.

Demoramos algum tempo a chegar pois tivemos que ir até à vila seguinte onde era o McDonald’s mais perto. A minha sorte era que não havia praticamente fila nenhuma e com a fome que tinha comia uns três hambúrgueres se fosse preciso. O Harry pediu por mim, ele já sabia o que eu queria. O que mais me surpreendeu foi o facto de ter dito que era para levar. Devo ter ficado com cara de parva a olhar para ele. Estava a morrer de fome, como é que ele não queria comer ali?

- Não me olhes desse jeito! – disse-me enquanto pegava no saco com a comida – Achas que estas mesas têm alguma coisa de romântico? Não, pois não? – a pergunta era retórica pois nem me deixou falar – Deixei-te escolher o jantar mas sou eu que decido onde o vamos comer! Por isso, toca a andar para o carro… - este rapaz existe mesmo ou estou no meio de um sonho perfeito? Às vezes tenho tanto medo de acordar e perceber que tudo não passou de um sonho, de que este Harry não existe, que é apenas fruto da minha pura imaginação. A viagem até onde quer que ele me fosse levar estava a demorar um bocado e o cheiro da comida abria ainda mais o meu apetite. Ele deixou a estrada de alcatrão e entrou numa de terra batida. Ia perguntar para onde é que me levava mas nem me dei ao trabalho de perguntar pois já sabia que não me ia responder. Parou o carro algumas centenas de metros mais à frente.

- Então o que é que isto tem de romântico, Harry? – perguntei ao sair do carro. Estávamos literalmente no meio do nada e não havia nada de interessante.

- Agora nada mas daqui a uns instante já vai estar. – dirigiu-se até á bagageira do carro e tirou de dentro uma manta. Como é que não o tinha visto a pôr aquilo dentro do carro? – Já te disse que demoras eternidades a vestir-te? Dava para dar a volta ao mundo! – apenas sorri. Ele tinha razão, demorava sempre bastante tempo. Ele estendeu a manta em cima do capô do carro para nos sentarmos e foi buscar o saco com a comida. Não foi preciso muita cerimónia para começar a comer já que estava esfomeada. Olhei de relance para o Harry já com metade do hambúrguer comido mas ele ainda nem tinha começado a comer e estava a olhar para mim de uma maneira estranha.

- Porque é que estás a olhar assim para mim? E porque é que não comes? – um sorriso aflorou-lhe no rosto.

- Estava a pensar em como… - ficou ligeiramente corado e desviou o olhar de mim com um sorriso envergonhado. Não estava a perceber nada. – Esquece, não ligues. – continuou – Continua a comer, amor. – ia insistir mas achei melhor não. Quando já tínhamos comido, vi o Harry deitar-se sobre o capô. Colocou a mão sobre o meu ombro esquerdo exercendo pressão para que me deitasse também. Fiquei a visualiza-lo mas ele com a mão dele movimenta o meu queixo para que olhasse para cima. UAU! O céu estava incrivelmente estrelado. Nunca tinha visto o céu assim com tantas estrelas, estava perfeito. Ficamos ambos em silencio durante um bom par de minutos. Não havia palavras para descrever aquele momento de pura magia e paz. Por vezes sentia o olhar dele sobre mim, outras vezes era eu que desviava o olhar do céu para ele. Como ele me parecia ainda mais perfeito do que já era. O seu rosto era iluminado pela luz da lua, o seu peito movimentava-se com a sua respiração calma. Por vezes desviava o cabelo da frente da cara por causa da aragem que se fazia sentir. Um trovão ecoa ao longe após ver-mos o céu a ser iluminado pelo relâmpago. Arrumamos tudo e fomos embora.

(…)

Não sei porquê mas apetecia-me comer uma laranja. Tentei pensar noutras coisas para ver se adormecia mas por alguma razão aquele desejo não passava. Movimentei-me na cama de um lado para o outro tentando encontrar a melhor posição mas não conseguia. A minha atenção prendeu-se ao rosto do Harry, ele dormia serenamente ao meu lado. Não queria acorda-lo mas a vontade de comer era grande.

- Harry? – após chama-lo várias vezes, ele finalmente respondeu-me um “humm” ainda de olhos fechados – Apetece-me comer uma laranja! – finalizei à espera da resposta dele.

- Estou a impedir-te? – ele continuava de olhos fechados

- Não estás a perceber. Não há laranjas em casa… - começava a sentir-me mal por ter aquela vontade estranha de comer laranjas. Mas não conseguia evitar, parecia que me estava a consumir por dentro.

- Então não podes comer. – concluiu.

- Harry, eu quero comer agora… – ele finalmente abriu os olhos com uma expressão um pouco assustada. Naquele momento deve ter passado a mesma coisa tanto na minha cabeça como na dele. Já começava a ultrapassar o limite do normal.

- Amor, que queres que te faça? Não está nada aberto a estas horas da noite. Eu amanhã de manha vou comprar… - ele tinha razão. Aquele maldito apetite tinha que desaparecer – Chega-te a mim que isso já passa… - coloquei a minha cabeça sobre peito dele, abraçando-o. Começou a afagar os meus cabelos lentamente e em poucos minutos já estava mergulhada num sono profundo.

(…)

O cheiro a bolo de chocolate fez-me despertar lentamente. Abri os olhos e deparei-me com uma maravilhosa visão. O Harry tinha na mão um tabuleiro com a laranja que tanto queria ontem e duas fatias de bolo chocolate. Ele dava comigo em doida, não podia aparecer à minha frente com aquelas delicias e ficar á espera que diga que não.

- Tu não existes… - comentei enquanto me encostava à cabeceira da cama. Coloquei o tabuleiro em cima das minhas pernas e comecei por comer a laranja e depois o bolo de chocolate. Fiquei chocada quando percebi que afinal era só uma fatia para mim e a outra era para o Harry.

- Não me importo que comas mas eu também tenho que me alimentar! – exclamou ao mesmo tempo que dava uma trinca na fatia de bolo.

(…)

Antes de irmos para a casa da tia do Harry passamos pela farmácia. Tinha uma sensação estranha na barriga, era nervosismo. Fui apenas eu pois não queria que no dia seguinte aquilo fosse capa de revista. Quando voltei para dentro do carro notasse que o Harry estava ansioso ou nervoso. Não parava quieto com as mãos. Olhei para a caixa que tinha na mão, o resultado podia mudar a minha vida, pô-la completamente do avesso ou então deixar tudo na mesma. Essa incerteza começava a consumir-me por dentro. Guardei a caixa dentro da minha mala sem nenhum de nós proferir alguma palavra. O assunto gravidez deixou de parte todo o nervosismo que detinha por ir conhecer parte da família do Harry. O facto de ter a minha mão sempre agarrada à do Harry ajudou imenso a não começar a entrar em colapso emocional.

Em primeiro lugar, a tia do Harry assustou-me verdadeiramente. Assim que entramos os dois fui logo levada, literalmente, pela tia dele para a cozinha. Apenas me deixou cumprimentar tanto o tio do Harry como o padrasto dele. Na cozinha encontrava-se a Anne, a mãe do Harry com a irmã dele, a Gemma. Assim que me viu, abraçou-me fortemente. Já há três anos que não a via e também tinha imensas saudades dela. O problema é que a tia do Harry mal me deixou respirar pois começou logo com imensas perguntas. Se eu gostava ou não da comida que estava a preparar, se gostava da sobremesa, se gostava da decoração entre mil e uma coisas.

- Tratem bem da minha namorada, preciso dela! – a voz do Harry ecoou pela cozinha provocando uma gargalhada geral. Ele trazia uma menina ao colo que não tinha mais do que três, quatro anos. O jeito com que pegava na menina era perfeito, ele tinha imenso jeito para as crianças, isso era notório.  

(…)

Fiquei a saber durante o almoço que a prima do Harry se ia casar e que ia fazer uma prova do vestido a seguir ao almoço. Digamos que acabei por ser arrastada a ir também com todas elas. A Gemma só se ria da minha cara um pouco atrapalhada e assustada. Toda a família dele era encantadora mas não deixava de me sentir um pouco desconfortável. Para completar o meu estado de nervosismo, depois da prima dele fazer a prova do vestido, fui convencida pela tia do Harry, ainda nem sei bem como, a experimentar um vestido de noiva. Graças a deus que a Gemma também foi experimentar um e assim tornou-se menos constrangedor. Deve ter sido o momento mais estranho de toda a minha vida, eu vestida de noiva. Olhei de relance para a Anne esquecendo o facto que a tia do Harry estar bastante eufórica, ela sorriu para mim.

- Estás muito bonita, Mia. – senti-me corar imenso e rapidamente pedi à senhora para me ajudar a tirar o vestido não sem antes tirar uma fotografia. Pedido especial da tia do Harry. Ouvi o meu telemóvel a tocar duas vezes enquanto retirava o vestido. Peguei nele assim que vesti a minha roupa, eram duas mensagens do Harry.

“uhcidijdjsdncidcksls” – era o que dizia a primeira mensagem

“hsdbndlosdcsdc” – era o que dizia a segunda mensagem

Ok, fiquei literalmente parva a olhar para o telemóvel. Provavelmente devia estar sentado em cima do telemóvel mas mesmo assim decidi mandar-lhe mensagem a perguntar se estava tudo bem. Em poucos minutos recebi a resposta.

Desculpa amor, deixei a Amy brincar com o meu telemóvel!   

Sorri. Era impossível não sorrir. Ele era um querido. Depois da tarde ter passado num ápice voltamos para casa. O Harry encontrava-se na sala juntamente com a Amy ao colo, pelos vistos tanto o padrasto dele como o tio não se encontravam em casa. A televisão estava a ligada e dava um filme qualquer da barbie. Sentei-me ao lado dele e sorrateiramente deu-me um beijo sem que a pequena reparasse.

- Estamos a ver este filme pela terceira vez… - sussurrou-me com uma cara bastante engraçada – ela não se cansa! – disse de forma quase que desesperada.

- E então o filme fala mesmo sobre o quê? – provoquei-o. Ele olhou para mim e sorriu dando-me razão. – Não existes mesmo…

- Como é que foi o programa de mulheres? – antes que pudesse responder a Gemma apareceu na sala com a fotografia em que estava vestida com o vestido de noiva. Fiz-lhe sinal para que ela não lhe mostrasse mas não me ligou nenhuma. Baixei a cabeça para não ver a reação do Harry ao ver a fotografia. – Amy, fazes um favor ao teu primo lindo? Vais com a Gemma para o teu quarto brincar? – a pequena assentiu que sim e por isso a Gemma pegou na menina e levou-a para fora da sala. Sentia-me a corar aos poucos, estava bastante envergonhada. O meu coração parou assim que a mão dele tocou na minha face fazendo com que o olhasse. Um beijo carinhoso e calmo fez com que o meu coração começasse novamente a bater. – Ainda estavas mais perfeita do que nos meus sonhos. – confidenciou-me num tom baixo ainda com os lábios bem próximos dos meus. Estremeci da cabeça aos pés com aquela frase.   

- Tu sonhas comigo… - sentia a minha garganta seca – …assim? – concluí baixando a cabeça. A mão dele debaixo do meu queixo fez com que levantasse de novo a cabeça, olhando-o. Os seus olhos brilhavam estrondosamente juntamente com um sorriso genuíno.

- És a minha alma gémea. – disse-o orgulhosamente – Quero passar a minha vida toda ao teu lado… - não consegui dizer nada naquele momento. Abracei-o com todas as forças que tinha. Eu também queria muito passar a minha com ele, era o que mais desejava. O abraço foi interrompido quando chegaram a casa tanto o padrasto do Harry como o tio dele.

(…)

Deixei a minha mala em cima da cama tirando de dentro a caixa com o teste de gravidez. Antes de sair do quarto para ir à casa de banho, o Harry deu-me um último beijo abraçando-me de seguida. Li as instruções primeiro assim que cheguei à casa de banho e depois de fazer tudo como estava indicado voltei para o quarto. O Harry devia estar tão ou mais nervoso que eu pois andava de um lado para o outro e nem tinha dado pela minha presença.

- Agora só temos que esperar… - proferi obtendo a sua atenção. Pousei o objecto que ia decidir a minha vida em cima da mesa de cabeceira e sentei-me na cama, movimento repetido também pelo Harry. Envolveu o meu corpo com um dos braços e entrelaçou os dedos nos meus com a outra mão. Esperar. Era só isso que tinha que fazer.