quinta-feira, 30 de agosto de 2012

45º Capitulo - Finalmente os dezoito (Parte IV)



Olá minhas queridas!
Desde já aviso-vos que este é provavelmente o pior capitulo que alguma vez escrevi. Tive que o rescrever umas quatro vezes porque o meu word decidiu tirar férias. Quando começo a rescrever já nunca sai como escrevi pela primeira vez e após quatro vezes menos ainda...No próximo capitulo compenso-vos já que vai haver novidades =)
Mais uma coisinha, criei uma conta no twitter (@cc_carc) agora mesmo por isso quem tiver pode-me seguir, eu sigo de volta, assim já podem falar comigo :P 

Dri

Definitivamente estava ansiosa, muito ansiosa. Tinha a plena consciência que não era a melhor altura para contar aos meus pais o meu namoro com o Zayn. Já sabia que o meu pai não iria achar muita piada à presença do Zayn em minha casa sem qualquer “adulto” a controlar. Já tinha sido um sacrilégio convencer o meu pai a viver sozinha quanto mais saber que agora tinha namorado. Ainda me recambiava de novo para junto deles. Ao entrar de novo na casa de banho para tomar um bom banho não resisti a soltar uma gargalhada. Como a minha vida tinha mudado num sítio como aquele, a vida conseguia ser mesmo surpreendente.

(…)     
Sentei-me ao lado do Zayn no sofá, que estava a jogar PS contra o Louis, enquanto fazíamos tempo para os meus pais chegarem. Tanto o Liam como o Niall faziam de claque do Louis, uma claque deveras hilariante. Eu até não gostava muito de ficar parada a vê-los jogar mas só para os ver a fazer de claque, aguentava aquela grande seca!

- E o Zayn Malik volta a ganhar! – exclamou ele próprio após derrotar o Louis, pelos vistos, novamente – já te disse que não há maneira de me derrotares! Eu sou o melhor… - sorriu vitorioso ao ver o ar desalento do Louis por ter perdido outra vez. 

- Fizeste batota de certeza… - enquanto atirava o comando para o Niall que era o próximo a jogar contra o Zayn. Ele desocupou o seu lugar para se poder sentar o Niall em frente ao televisor.

- Isso são desculpas de perdedor, até a jogar com a Nicole vos conseguia vencer a todos… - fiquei parva a olhar para o Zayn. Eu?! Jogar?! Não percebia nada daqueles jogos.

- Ei, não me metas nisso, eu não sei jogar! – exclamei tentando tirar aquela ideia peregrina da cabeça do Zayn

- Aceitamos! – disseram bastante depressa sem me dar tempo de sequer pensar num discurso lógico em que explicasse que sou um autêntico zero à esquerda naqueles jogos    

- Não, não… - mas já era tarde demais. O Zayn abriu as pernas para me poder sentar entre elas e pôs o comando à minha frente.

- Isto é simples… - começou ele – tu ficas encarregue destes botões, este é para passar e o outro para rematar… - a minha cara era de quem estava a ver equações matemáticas de três páginas – é simples! – concluiu com um sorriso lindo. 

- Zayn, isto não é boa ideia. Vais perder…

- Não te preocupes com isso! – afastou o meu cabelo todo para um dos lados e pousou a cabeça no meu ombro. Virei a cara para ele e prendi o meu olhar no dele, tudo nele era perfeito e fazia com que tudo se tornasse perfeito. Roubou-me um beijo e depois virou-se para o Niall – Nialler, podes carregar no play… - o inicio do jogo só veio comprovar as minhas poucas apetências para aquele tipos de jogos. Era um verdadeiro desastre. Já estávamos a perder por quatro bolas a zero quando o Zayn teve uma magnífica ideia – levanta as tuas pernas! – sussurrou-me ao ouvido. Ao início não percebi mas depois lá se fez luz no meu cérebro. Com as pernas levantadas conseguíamos esconder o comando dos rapazes e assim o Zayn passou a jogar sozinho.

- Nicole, parece que lhe apanhaste o jeito… - disse o Niall concentrado no jogo. Não consegui controlar o riso até que o Louis olhou para nós com cara de caso

- O Zayn está a jogar sozinho, estão a fazer batota! – o Louis levantou-se e pôs-se à nossa frente impedindo-nos de ver a televisão

- Louis, sai da frente assim não conseguimos jogar! – disse entre risos

- Tu não estás a jogar! – reclamou comigo. Praticamente não conseguimos jogar mais nada de jeito pois o Louis e o Liam não saiam da nossa frente. E pela primeira vez naquela manhã o Zayn tinha perdido provocando uma enorme festa nos restantes.

(…)

Levantei-me instintivamente do sofá assim que a campainha soou dirigindo-me até à porta. O meu olhar prendeu-se por momentos ao do Zayn, era aquele olhar que me arrepiava a alma, que me fazia desejar beija-lo só mais uma vez, que me deixava completamente rendida. Num impulso corri até ele e beijei-o, tinha-o apanhado desprevenido e isso notou-se. “És maluca…”, sussurrou-me ainda com os seus lábios bem perto dos meus. Quebrei de novo aquela fina distância que nos separava num novo beijo. O novo toque da campainha e a agitação dos rapazes fez com que me separasse de vez do Zayn. Encaminhei-me novamente para a porta com aquele sorriso estupidamente feliz estampado no rosto. Abri a porta finalmente aos meus pais e fui literalmente atacada pela minha irmã.

- Parabéns mana mais linda do mundo! - gritou aos meus ouvidos. Automaticamente afastei a minha cabeça da dela salvando os meus ouvidos daqueles gritos estridentes de uma menina de seis anos.

- Meu amor, queres que a tua mana fique surda aos dezoito anos? – murmurou um simples “não” – Se continuares a gritar assim é o que vai acontecer… - ela olhou-me pouco convencida e voltou atacar com abraços e beijinhos

- Desculpa desculpa… - afastei-me da entrada da porta para os meus pais poderem entrar dentro de casa, ainda com a pequena Lottie nos braços. Cada um deles me deu dois beijinhos e os parabéns também.

- Lottie, já és crescidinha para ainda estares no colo da tua irmã! – disse a minha mãe. A minha irmã fez uma cara muito engraçada antes de sair do meu colo e correr para dar dois beijinhos a cada um dos rapazes. Os meus pais acabaram por seguir o exemplo da Lottie e também os cumprimentaram.

- Mana, o Harry e a Mia?

- O Harry e a Mia não estão cá em casa mas daqui a pouco já devem estar a chegar… - a minha mãe olhou para mim como que percebendo que se passava alguma coisa entre eles os dois. Nada lhe passava àquela mulher o que me deixava ainda mais receosa em relação a mim e ao Zayn.

- Ai, está a cheirar tão bem… - interrompeu os meus pensamentos o Niall com a sua enorme vontade de comer. Sorri. Ele estava literalmente a atacar a comida que a minha tinha trazido para o almoço. A minha mãe rapidamente começou a tirar toda a comida que tinha trazido, dividindo o que seria o almoço dos aperitivos.

- Dá-me tanto orgulho ver este rapaz comer! – exclamou a minha mãe enquanto admirava o Niall a comer.  

- A sua comida é que é maravilhosa. Qualquer dia mudo-me para sua casa só para comer esta maravilha… - ainda tivemos a fazer tempo para ver se o Harry e a Mia chegavam mas eles nunca mais apareciam. O Louis teve a brilhante ideia de lhes telefonar e depois de uma curta conversa ficamos a saber que eles não iriam almoçar connosco. Deve ter sido uma boa noite. O Louis é que ficou com uma cara meio tristinha, ele ainda não tinha ultrapassado por completo a história da Mia e isso entristecia-me.

[Mia]

O caminho para casa não foi nada monótono, aliás já não me lembrava rir assim tanto desde há muito tempo. Embora já estivéssemos bastante atrasados ainda ficamos mais quando apanhamos um acidente a meio do caminho. Sei que um acidente não tem piada nenhuma mas o Harry fez com que aquele tempo morto dentro do carro fosse o mais divertido possível.  

(…)

- Não acredito que chegamos a estas bonitas horas! – enquanto saía do carro e olhava novamente para o relógio – que vergonha, são quase horas de jantar! Nem quero ver a cara dos pais da Nicole quando nos vir… - o Harry veio ter comigo travando o meu movimento em direção à entrada

- Nós não sabíamos que íamos apanhar fila, por isso não temos culpa. – um dos seus braços ladeou a minha cintura puxando-me para ele – Além disso hoje estou tão feliz que ninguém me consegue tirar esta alegria… - plantou um beijo no meu pescoço arrepiando todo o meu corpo. Não havia meio de me habituar aqueles beijos, era como se fosse a primeira vez que os sentisse. Deixavam-me sempre derretida e completamente rendida aqueles lábios sedosos.

- Ai é? – tentei manter uma conversa lógica na minha cabeça enquanto aqueles olhos azuis esverdeados estavam postos em mim – Então que motivo é esse que te deixa assim tão feliz? – provoquei-o, ele fitou-me de forma tão intensa que até fiquei com pele de galinha

- Sabes… - passou com uma das mãos na minha face com aquele sorriso perfeito no rosto – há uma rapariga que me deixa completamente fora de mim, que me põe um sorriso parvo todas as manhãs, que me faz dizer as coisas mais ridículas para a fazer rir, que preciso de sentir os seus lábios junto dos meus a todos os segundos porque sem eles é como se ficasse perdido no mundo. – tocou ao de leve com o polegar nos meus lábios – Preciso dela hoje, amanhã, sempre juntinha a mim… 

- Não estou a ver quem é que seja…   

- Já vais ver quando a beijar. – inclinou-se sobre mim quase que em camara lenta com as suas mãos no meu pescoço. Não sabia como ele o fazia, mas tinha sempre as mãos no sitio certo, no momento certo. O espaço que nos separava era tão mínimo que a respiração dele flutuava nos meus lábios. Ele devia estar a querer matar-me de ansiedade pois demorou eternidades até sentir os seus lábios nos meus. Mas rapidamente acabou com essa mesma união não passando apenas de um simples toque de lábios – lembrei-me agora, não sei, assim de repente, que essa mesma rapariga estava toda preocupada por chegar a casa quase na hora de jantar mas agora parece-me que se esqueceu disso… - dei-lhe um murro no ombro na brincadeira

- Que engraçadinho! – estava mesmo frustrada. Odiava que ele fizesse todo aquele jogo de sedução e depois quebrasse num momento para o outro deixando-me assim, frustrada. – Vamos lá então… - acabei por dizer dirigindo-me finalmente para a porta. Antes de tirar as chaves da mala fui de novo interrompida por um beijo dele. Agora sim, um beijo em condições. – tu não mudas nunca! – ele sorriu deliciosamente e um “amo-te”, quase que em surdina e bem perto dos meus lábios, surgiu-lhe deixando-me de coração derretido.  

Ao entrarmos em casa encontramos os rapazes todos reunidos na sala a ter uma conversa bastante engraçada com o pai da Nicole enquanto as mulheres estavam na cozinha já a preparar o jantar. Até pensei que a reação da mãe da Nicole fosse pior por só ter chegado praticamente em cima da hora de jantar mas pelos vistos a sua filha já tinha dado com a língua nos dentes e contado da minha relação com o Harry.

- Precisa de ajuda Dona Audrey? – o Harry tinha vindo da sala até á cozinha ter connosco – posso ajudar a fazer o jantar. Acredite, se pedir ajuda à menina Mia, em vez de receber ajuda recebe desajuda.  

- Ouve lá oh chefe “cinco estrelas” Styles, lá por eu não ter grande jeito para a cozinha não significa que não goste de aprender. Além disso não tenho culpa de nunca quereres que te ajude, assim é normal que não aprenda. – voltou a olhar para mim com aquele olhar sedutor. Rsrsrsr, aquele rapaz mudava por completo o meu mundo, com facilidade punha as minhas ideias todas de pernas para o ar

- Isso é porque gosto de cozinhar para ti… - a voz rouca e extremamente sexy dele continuava a deixar-me sem jeito e algo envergonhada.  

- Não é preciso, Harry. Aliás não preciso de ninguém aqui na cozinha, podem ir todos para a sala… - ainda protestei mas a mãe da Nicole estava intransigente nesse aspecto. Assim aproveitei esse momento para dar o meu presente e do Harry à Nicole. Levei-a até ao quarto para termos um pouco mais de privacidade juntamente com o Harry.

- Este é o meu presente e do Harry… - dei-lhe um envelope branco para as mãos e ela olhou para nós bastante indignada mas que lhe dava um ar adorável

- Oiçam lá, eu sei que agora vocês são namorados mas convínhamos, eu quero dois presentes! Não só um…

- Mas não há problema… - disse o Harry com naturalidade. Tirou-lhe o envelope da mão e abriu-o sob o olhar expectante da Nicole. Deu-me um dos bilhetes que se encontrava dentro ficando com o outro – já podes dar o teu presente, Mia. – não estava a perceber nada daquilo mas entreguei-o à mesma à Nicole. Esperava mesmo que ela gostasse.

- Não acredito, uma viagem para Paris durante três dias! – gritou eufórica enquanto dava pulinhos de alegria – Gosto tanto de ti… - abraçou-me com imensa força, adorava vê-la assim, feliz

- Mia como é que é possível teres adivinhado o meu presente? – perguntou-me ironicamente o Harry com uma cara bastante séria – Eu também tenho um bilhete para Paris…

- Assim podes levar uma pessoa contigo. – conclui o pensamento do Harry. Queria mesmo muito que ela e o Zayn se entendessem e talvez aquela viagem fosse um meio para eles finalmente se juntarem.

- Por falar nisso, tenho uma novidade. – quando ela me olhou com aqueles olhos grandes e com aquele sorriso parvo no rosto meio envergonhado percebi logo do que se tratava.

- Eu não acredito que vocês… - ela apenas sorria bastante contente. Desta vez fui eu que a abracei – Parabéns amiga, tu mereces tanto… - queria mais do que tudo que ela fosse feliz e o Zayn parecia ser o rapaz ideal para ela.  

- Ainda estou aqui, que tal dizerem-me alguma coisa não? – a voz do Harry fez com que nos afastássemos e só depois da Nicole explicar tudo é que se fez luzinha na cabeça do Harry.

(…)

- Se vocês quiserem podem sair, não se incomodem por nossa causa… - proferiu a mãe da Nicole. Já tínhamos acabado de jantar e sinceramente não sabíamos o que fazer a seguir. Agradava-me a ideia de ir sair já que na noite anterior o Harry me tinha “raptado” da festa da Nicole. Olhei para a Nicole e não sei como é que fazemos isto mas ela percebeu de imediato o que ia na minha cabeça.

- Noite de raparigas?! – perguntou-me de uma ponta da sala para outra. Olhei de relance para o Harry e vi que a cara dele não era de quem estava a gostar da ideia – e Harry nem penses em dizer que não. Tu raptaste a minha melhor amiga na noite dos meus anos por isso posso rapta-la esta noite.

- E vocês vão como?! Não sei se também gosto muito da ideia… - pelos vistos o Zayn também não queria que fossemos – que eu saiba não conduzes e a Mia também não tem carro.

- O Harry empresta-me um dos carros dele… - fiz olhinhos para ele mas pela sua cara dava a entender que isso não ia resultar

- Não! – respondeu-me prontamente com uma ar bastante sério

- Ai é? – ele não iria levar a dele avante! – Então vamos de táxi e para cá de certeza que arranjamos algum rapaz que nos queira trazer a casa…

- Isso é que não! – responderam o Zayn e o Harry exactamente ao mesmo tempo provocando risos aos presentes. Os rapazes são mesmo previsíveis. Os pais da Nicole é que começavam a estranhar o comportamento do Zayn em relação aquele assunto já que o Liam, o Niall e o Louis apenas se riam.

- Então como é? Emprestas-me o carro, amorzinho? – dei um ligeiro enfase à palavra amorzinho

- Que remédio… - disse resignado com a situação

- Para te compensar, deixo-te que escolhas a minha roupa…

(…)

Esperava que o Harry escolhesse a roupa mais comprida que houvesse no armário e que me cobrisse por completo mas não, até escolheu um dos meus conjuntos favoritos. A minha alma estava parva! Primeiro não queria que fosse e depois arranja-me uma roupa toda bonita. Às vezes não compreendia aquele rapaz.

- Isto é para que saibas que embora todos os rapazes fiquem a olhar para ti, eu sei que sou eu que te vou ter no meio dos meus lençóis no final da noite – a voz extremamente sexy e rouca deixou-me com os pelos dos braços enriçados

- É bom que saibas isso porque eu só tenho olhos para ti – beijei-o. Após alguns minutos comecei a vestir-me finalmente. O Harry continuava estranho, estava alguma coisa a perturba-lo. Sentei-me ao lado dele na cama após me arranjar.

- Mia? – a voz dele transbordava preocupação o que já me estava a deixar nervosa – Diz que me amas… - não estava a perceber o sentido daquilo, era como se fosse a primeira vez que fosse sair à noite ou algo parecido.

- O que é que se passa contigo?! Estás muito estranho e já não dizes coisa com coisa!

- Custa-te assim tanto dizeres que me amas? É assim um esforço muito grande? – senti dentro de mim a angustia que o atormentava, como se tivessem dado um nó no coração. Cheguei junto dele e beijei-o transmitindo-lhe todo o amor que sentia por ele

- Nunca mais digas uma coisa dessas ouviste? Eu amo-te – voltei a repetir – eu amo-te… - por mais que tentasse sorrir dava para entender que não era assim que se sentia.  

- Estou com um mau pressentimento!

- Não me vai acontecer nada... – tentei tranquilizado. Começava a ficar realmente assustada com toda aquela situação. Será que ele tinha razão e não devia sair de casa? Não! Se pensasse assim então também me podia acontecer alguma coisa em casa…

- Prometes?

- Prometo! – estes são provavelmente os nossos maiores erros, quando prometemos algo que não está directamente ao nosso alcance. 

domingo, 26 de agosto de 2012

4# One Shot



Bem, esta é a quarta one shot e é especialmente dedicada à Annie. Sei que não era a próxima mas acabei esta primeira do que a outra. 
Espero que gostem e que comentem =)

Dri


“Amo-te”. Acordei sobressaltada e com o coração a bater a mil a hora. Coloquei a mão no meu peito numa tentativa falhada de o fazer acalmar. Estava cheia de calor embora estivéssemos em pleno Inverno e ao mesmo tempo sentia calafrios. Limpei o suor que corria pela minha testa com a costa da mão e afastei tanto a coberta como o cobertor para trás ficando apenas sobre o meu corpo o lençol. Respirei mais calmamente ao perceber que o coração já tinha retomado o ritmo habitual e deitei-me novamente sobre a almofada.

Não era a primeira vez que acordava a meio da noite nesta semana com aquela palavra na cabeça. Dava graças a Deus por ser sábado e não ter de ir para a escola. Não andava a dormir nada de jeito e por isso ia para a escola praticamente a dormir. Fechei os olhos numa tentativa de voltar a encontrar o sono mas aquele rapaz de cabelos escuros e de olhar profundo não abandonava a minha pobre mente. Acendi a luz amarela do meu candeeiro, coloquei a almofada atrás das minhas costas e encostei-me à cabeceira da cama. O telemóvel marcava as 03:48 da manhã, encostei a minha cabeça na parede branca do meu quarto e suspirei exasperada. Já sabia que era mais uma noite perdida sem conseguir pregar olho.

Em cima da mesinha de cabeceira encontrava-se uma moldura com a fotografia virada para baixo. Olhei várias vezes para lá e acabei por não resistir a espreitar. Levantei aos poucos a moldura castanha e o meu coração parou por momentos assim que o vi. Era o Zayn, o rapaz que achava ser apenas meu amigo mas que afinal gostava de mim. As palavras dele não saíam da minha cabeça, o “amo-te” que me dissera no início da semana ainda estava bem presente. Arrependi-me. Arrependi-me de ter levantado aquela fotografia e de ter novamente olhado para ele. Já sentia as lágrimas a pesarem nos meus olhos e depressa brotaram pela minha face.

Estava confusa, muito confusa. A minha cabeça não sabia o que pensar e o coração pouco ajudava. Ou então era eu que não o compreendia. Seja o que for que me tivesse a dizer, não entendia. Sempre vira o Zayn como amigo, um bom amigo, o meu melhor amigo. Nunca de outra forma. Levantei-me da cama e puxei a persiana para cima e dei de caras com uma noite chuvosa juntamente com muito vento. Inclinei-me um pouco para trás em busca da minha cadeira giratória e com rodinhas e puxei-a para junto da janela. Debrucei-me sobre o parapeito enquanto ouvia e via a chuva a bater no vidro.

***

- A minha menina está doentinha? – apenas abanei negativamente com a cabeça. Estava com uma enorme dor de garganta que mal conseguia falar. Vi-o sentar-se na beira da minha cama e afastou os cabelos que caíam sobre a minha face. Plantou um beijo na minha testa arrepiando-me a alma – a tua mãe vinha trazer-te o lanche mas como vinha ter contigo, trouxe-o eu. – olhei de relance para cima da minha secretária e deparei-me com o tabuleiro do lanche. Acho que a minha cara denotava a pouca vontade que tinha para comer. – E não faças essa cara, tens que comer tudo, tudo mesmo.

- Doí-me a garganta, Zayn. – a minha voz soava bastante fraca e trémula. Só o próprio acto de falar me fazia doer a garganta. – Não consigo engolir… - queixei-me pondo a mão na garganta como se aquele gesto fosse melhorar a dor. Mas não, a dor continuava.

- Mas tens que fazer um esforço, não podes ficar sem comer – ele abandonou a cama e foi buscar o tabuleiro. Fez sinal para me levantar, mesmo contrariada e com pouca vontade assim o fiz. O tabuleiro ficou em cima das minhas pernas e após muita insistência por parte dele lá comecei a comer a torrada e o chocolate quente que a minha mãe tinha feito de prepósito para mim. De vez em quando deixava escapar o meu olhar para o rapaz que me via comer e sorria. Sorria simplesmente. Não sabia porque o fazia mas ficava sempre com vontade de sorrir assim que o via. Como se ficasse rendida. Não conseguia explicar, era diferente de tudo, ia contra a lógica. Assim que comi tudo com bastante esforço e depois de ter tomado o comprimido, o Zayn retirou o tabuleiro de cima de mim e voltou a pousa-lo em cima da secretária. Desta vez sentou-se mesmo ao meu lado e num instante os seus braços rodeavam o meu corpo. – não gosto de te ver assim doente. Quero que fiques boa depressa...

- Vou tentar… - o abraço demorou alguns minutos enquanto o Zayn afagava os meus cabelos. Aquilo sabia tão bem mas mesmo muito bem. Afastei-me dele para poder deitar-me novamente. Enfiei-me debaixo dos cobertores e dos lençóis cobrindo-me quase por completo, menos a cabeça. Algo me passou pela cabeça e num impulso, esquecendo quaisquer consequências, falei – deita-te ao meu lado… - vi-o sorrir aquecendo o meu coração. Assim que tirou os ténis que calçava abri um espaço para ele na cama. Virei-me de costas para ele e ele juntou o meu corpo ao dele fazendo “conchinha”. Não sabia porquê mas sentia-me bem, protegida como se nada me pudesse magoar. Eu gostava desse sentimento que só ele me conseguia proporcionar.

***

Será que o que sentia, o que sinto por ele é amor? Será que andei a enganar-me a mim mesma durante estes anos todos? Rsrsrsr, preciso de respostas já, reclamei comigo mesmo já exasperada e com uma maldita dor de cabeça que teimava em não passar. Nunca me tinha sentido na vida tão descontrolada, tão perdida como naquela última semana. Abanei com a cabeça para ver se as ideias iam ao sítio mas nada parecia fazer sentido. Afastei-me da janela e voltei para a cama, tinha que tentar voltar a dormir.

(…)

Era sábado, dia da corrida matinal para alegrar o dia. Já o fazia há anos acompanhada sempre pelo Zayn mas hoje iria ser diferente. Pela primeira vez iria sozinha. Tirei do armário os meus calções cinzentos, podia ser Inverno e estar um frio de rachar mas não conseguia correr de calças. Uma t-shirt bastante larga juntamente com um casaco cinzento-escuro também saíram do armário. Depois de me vestir passei pela casa de banho para poder atar em condições o cabelo.

- Mãe, vou correr… - avisei-a quase a gritar para que ela me ouvisse na cozinha ao mesmo tempo que calçava os ténis na sala – até já! – finalizei encaminhando-me para a porta de saída

- Annie, não vais com o Zayn? – só o facto de o nome dele ser prenunciado em voz alta provocava-me uma convulsão interior de todo o tamanho. Porque é que a minha mãe tinha que falar nele? Porquê?

- Não, não vou. – respondi rapidamente enquanto ela aparecia na sala – Já vou! – exclamei ao mesmo tempo que abria a porta não dando tempo para continuar com aquela conversa. Fechei a porta atrás de mim e iniciei uma corrida pelo quarteirão.

(…)

“Amo-te”. A voz doce do Zayn continuava a ecoar-me na cabeça e ao lembrar-me disso fez com que corresse ainda mais depressa, como se isso ajudasse a resolver o meu problema. A única coisa que me ajudou foi a ficar cansada mais depressa. Parei a minha corrida e quando olhei em redor dei de caras com a antiga estação férrea da zona. A sério? Tinha sido ali, no início da semana que tinha descoberto que o meu amigo gostava de mim. Uma vontade enorme de gritar fez com que soltasse todo aquele sentimento de confusão, de frustração de dentro de mim. Gritei com toda a minha alma. O que mais desejava era perceber o que sentia.

Senti o meu telemóvel a vibrar no fundo do bolso das calças de fato de treino. Era sinal de bateria fraca. A imagem de fundo continuava a ser a mesma, uma fotografia minha e do Zayn, curiosamente ali, numa das nossas tardes perfeitas. Sentei-me num dos vagões abertos do comboio antigo que se encontrava naquele lugar a olhar para a fotografia. Fechei os olhos e continuava sem respostas enquanto lágrimas voltam a romper pela minha face… Respirei fundo limpando as lágrimas, não podia ficar mais ali, tinha que voltar para casa, eram quase horas de almoçar.

(…)  

Ao abrir a porta de casa deparo-me com uma fotografia minha e do Zayn em cima do móvel castanho do lado esquerdo da porta. Aquela fotografia não estava lá quando saí e também não a conhecia. Nunca tinha visto aquela foto no meu quarto. Peguei nela e ao vira-la reparei que tinha algo escrito.

Nada fará mais sentido assim, sozinhos, nada mais ficará completo aqui se tu não estás, queria guardar-te para sempre comigo, dizer-te o quanto te amo, queria que fosses só minha naquelas noites medonhas de Inverno, mas tu preferiste não ficar mais, então eu quero também partir deste mundo, eu quero também não ficar mais. Amo-te para sempre.”

As minhas pernas ganharam vida e embora ouvisse a minha mãe a chamar por mim nem liguei. Ainda com a fotografia na mão saí de casa pondo o capuz na cabeça para não apanhar chuva que parecia começar a cair. O meu coração parecia parar com a possibilidade de ele se ir embora, de me deixar. Não, isso não podia acontecer. A rua nunca mais chegava ao fim, nunca mais avistava a casa dele no horizonte. A chuva aumentava de intensidade e aos poucos a roupa que trazia começava a colar-se ao corpo. Ao chegar a casa dele rapidamente toquei à campainha e esperei ansiosamente que me viesse abrir a porta.

- Annie… - prenunciou de forma quase inaudível ao abrir a porta. Provavelmente era de mim, nunca tinha visto o meu coração a bater tão freneticamente como naquele momento. – estás encharcada. Entra… - a preocupação dele comigo não mudava. Agarrou-me pelo braço levando-me para dentro de casa. As irmãs dele olharam para mim surpreendidas por me verem naquele estado lastimável. Apenas murmurei um “olá” tímido mas elas fizeram questão de vir ter comigo e de me dar dois beijinhos cada uma – O mano vai para o quarto com a Annie conversar por isso não venham interromper, está bem? – elas fizeram qualquer coisa estranha e vi o Zayn sorrir. Algo me tinha escapado! Devia ser coisa de irmãos – vamos? – assim que confirmei o seu pedido, a mão dele veio de encontro à minha puxando-me delicadamente escadas a cima. Sentia coisas estranhas na barriga, uma sensação prazerosa. Será que era por ele ter dito que gostava de mim ou será que sempre o senti e só agora é que estava a prestar a devida atenção? – tens aqui uma toalha para te limpares e umas roupas para te vestires. – interrompendo-me os pensamentos. Já me encontrava no quarto dele – Não podes estar assim senão ainda constipas! – ia falar mas ele não me deixou – primeiro a tua saúde e depois tudo o resto… - sorri. Ele sempre se preocupava comigo, sempre era atencioso e não descansava enquanto não estivesse bem. Fazia de tudo para ver um sorriso meu e acabava sempre por o ganhar. Era verdade, não conseguia esconder o sorriso quando estava com ele. Tudo nele era…inexplicável.

Fiz o que ele me pediu e fui mudar de roupa num dos quartos das irmãs dele. Vesti as calças de fato de treino e uma camisola que me tinha emprestado. Antes de sair prendi-me á imagem que era reflectida pelo espelho. Só agora é que tinha reparado que era a camisola que lhe tinha oferecido meses antes. Dei uma pequena voltinha e sorri, aquela camisola era-me enorme e assim vestida mais parecia um saco de batatas. Abri a porta de vez e um cheiro inebriante consumiu-me. Era o perfume dele que vinha da camisola, aquele que eu tanto gostava e que me preenchia. Parecia que as peças aos poucos iam-se encaixando no meu coração. Estava a descobrir algo que se encontrava escondido dentro de mim. 

- Já me vesti… - informei-o assim que entrei de novo dentro do quarto dele. O Zayn encontrava-se sentado em cima da cama com a fotografia que tinha trazido na mão. – Por favor, diz-me que não vais embora – nunca a minha voz tinha saído tão sufocada pelo medo, pelo medo da resposta. Assim que o olhar dele encontrou o meu senti de imediato qualquer coisa no coração, como se fosse a confirmação do meu maior pesadelo – não, tu não podes deixar-me… - ele abandonou a fotografia em cima da cama e veio ao meu encontro agarrando as minhas mãos.

- O que está ali escrito é a verdade. Eu amo-te e já não consigo estar contigo de outra forma… - estava completamente perdida naqueles olhos e pela primeira vez desejava-o beijar. Como é que era possível? Como é que tudo tinha mudado de um momento para o outro? – Desculpa se estou a ser egoísta mas não me peças para ser teu amigo porque não consigo. O meu coração está prestes a explodir com vontade de te beijar…não aguento este sofrimento todos os dias sabendo que nada será como dantes. Deixarei de ser o primeiro da tua lista para poderes desabafar, deixarei de ser a primeira pessoa a quem vais recorrer sempre que quiseres fazer mais uma das tuas maluquices e não virás mais a minha casa quando te esqueceres das tuas chaves de casa…

- Zayn… - ele fez uma ligeira pausa e apenas consegui murmurar o seu nome. Não queria precipitar-me, dizer que gostava dele sem perceber realmente o que se passava comigo. Não podia beija-lo e depois parti-lhe o coração dizendo que não sentia o mesmo.  

- Vou deixar de ser importante na tua vida e eu não suporto essa ideia…prefiro afastar-me de vez… - largou a minha mão e voltou a sentar-se em cima da cama. Queria falar, juro que queria mas não conseguia. Não conseguia traduzir aqueles batimentos descompassados do coração para palavras ou até mesmo aquelas convulsões na barriga. Tudo era novo para mim e confuso. De repente passou-me a ideia mais disparatada que alguma vez tive pela cabeça mas nem liguei se era ridícula ou não, era isso que ia fazer.

- Anda comigo… - agarrei com força a sua mão e levantei-o da cama. Tirei-o do quarto e ao passar pela sala as irmãs dele olharam curiosas para nós. Nem dei tempo ao Zayn e saímos de casa mesmo a chover.

- Vais ficar doente se continuarmos a correr feitos malucos pela rua… - comentou ele mas não liguei

- Não me importo de ficar doente, vai ser por uma boa causa. – queria voltar ao local aonde ele me tinha confessado todo o seu amor. Queria mudar o facto de ter fugido a sete pés dele, queria ter a certeza que o sentia era diferente daquilo que pensava. Assim que chegamos olhou-me confuso sem perceber o porquê de o ter trazido para aquele local – volta a dizer o que disseste na segunda-feira, por favor! – tinha acabado de ficar ainda mais confuso com toda aquela situação

- Annie, está a chover, vais ficar doente… - começou ele mas interrompi-o

- Esquece isso…faz isso por mim… - demorou ainda alguns minutos até finalmente falar o que tanto queria ouvir  

- Amo-te! – desta vez senti-o de modo diferente como se tivesse aberto finalmente o coração. Estava finalmente a compreender o que sentia. Um sorriso verdadeiro e genuíno surgiu no meu rosto quando obtive todas as certezas só de olhar para aqueles olhos profundos. Corri para ele sentindo o capuz que me protegia da chuva sair da minha cabeça, ladeei o seu rosto com as minhas mãos e finalmente uni os nossos lábios. Ao início ficou surpreendido com a minha iniciativa mas depressa se deixou levar pelos meus lábios. Era a melhor sensação do mundo, agora sim, estava tudo completo. Sentia-me completa como nunca tinha estado. O meu corpo estava quente e nem com a chuva conseguia baixar a temperatura – tens a certeza disto? – perguntou-me receoso, com medo da minha resposta não fosse a que queria

- Acho que estou apaixonada. – sorriu para mim deliciosamente –  Não te vais embora pois não? – um “não” saiu da sua boca enquanto me beijava e me levava para dentro do vagão para não apanharmos mais chuva. Quebramos o beijo assim que o meu telemóvel começou a vibrar, era a minha mãe a telefonar-me mas antes que pudesse atender, o telemóvel desligou com falta de bateria. – Bolas, estou sem bateria e agora não tenho como avisar a minha mãe…

- Não te preocupes, tenho a solução…  – ele tirou o seu telemóvel do bolso das calças e começou a escrever uma mensagem.

- O que é que estás a fazer?

- A mandar uma mensagem à tua mãe! – olhei surpreendida para ele e fiquei ainda pior quando li a mensagem. Não se preocupe com a sua filha, ela está comigo. Como bom namorado que sou vou cuidar bem dela. Zayn xx. Ele sorriu para mim ao ver a minha cara – não me olhes com essa cara. Estou a dar-lhe a melhor notícia de sempre – enviou a mensagem e olhou-me de novo com aqueles olhos que me deixam perdida – Digamos que a tua querida mãe já sabia do meu segredo há muito mais tempo que tu.

- A sério?!

- Como é que achas que deixei a fotografia em tua casa?  

- Não acredito que a minha própria mãe me andou a esconder uma coisa destas! Vou ter que ter uma conversinha com ela quando chegar a casa… - senti as suas mãos pousarem na minha cintura puxando-me para ele

- Mas antes disso, vens almoçar comigo… - o convite era irrecusável mas a minha figura é que estava um pouco aquém do normal

- Assim vestida? Eu mais pareço um mendigo… - ao mesmo tempo que dava uma voltinha mostrando a minha pobre figura

- Almoçamos aqui! – disse-o da forma mais natural possível – Mandamos vir uma pizza… - adorava a forma como ele descomplicava as coisas à nossa volta e fazia tudo parecer a coisa mais banal do mundo.

- E achas que trazem pizzas para aqui? – disse trazendo-o à realidade – É claro que não!

- Não vai fazer mal experimentar… - após uns minutos ao telefone, o Zayn veio ter comigo com um enorme sorriso – eu disse que era possível. Vamos almoçar aqui… - os seus lábios vieram juntar-se novamente aos meus. Sempre que o fazia dava-me a melhor sensação do mundo, não queria parar de o beijar - amo-te! - apenas sorri.

Não sabia como é que ele tinha convencido a trazerem as pizzas aquele sitio mas que o senhor das entregas tinha vindo, lá isso tinha. Só de me lembrar da cara do homem algo aterrorizado com a possibilidade de sermos um gang perigoso fazia-me rir. Podia não ser o almoço mais chique do mundo mas com o Zayn tudo me parecia perfeito. Sentia-me a rapariga mais feliz do mundo!

quinta-feira, 23 de agosto de 2012

44º Capitulo - Finalmente os dezoito (Parte III)



Tinha dentro de mim uma sensação de leveza incrível. Todo aquele peso que guardava no meu coração tinha finalmente desaparecido. Não sorria apenas com os lábios, acho que todo o meu corpo sorria naquele momento. Ainda não estava em mim, ainda não acreditava que o Zayn gostava de mim e que aquele sorriso lindo era somente para mim. As minhas pernas estavam a tremer de tal maneira que tive que me encostar no lavatório. Ele avançou um passo na minha direção cortando-me a respiração. O meu coração ainda não assimilava aquela tão curta distância entre nós em que a qualquer momento me podia beijar. Dei conta de um dos seus braços vaguearem pelo ar indo de encontra a minha mão. Prendi o meu olhar ao dele. Provavelmente devia ser de mim mas naquele momento os olhos dele pareciam-me ainda mais perfeitos do que era normal. Não dei qualquer tipo de resistência quando senti os dedos a quererem entrelaçar nos meus. Tive que olhar várias vezes para a minha mão para ter a certeza que não estaria a sonhar. Voltei a minha atenção de novo para aqueles olhos cor de avelã que me sorriam. Pus-me em biquinhos de pés para conseguir chegar de nvo aos seus lábios. As minhas pálpebras fecharam-se automaticamente e saboreei aquele beijo como se fosse o último. Um arrepio percorreu espinha a baixo juntamente com um turbilhão de emoções dentro da minha barriga. Quebrei o beijo preocupada assim que o senti estremecer. Ele levou a sua mão ao contacto com a ferida que tinha no lábio.

- Desculpa! – prenunciei preocupada e triste ao mesmo tempo por tê-lo magoado – Foi sem querer…

- Não me magoaste, Nicole… - enquanto sorria. Eu sabia que ele estava a mentir e a minha cara demonstrava-o – pronto, talvez um bocadinho. Mas agora não vais ficar a pensar no assunto pois não? – pousou a mão livre no fundo das minhas costas puxando-me para ele deixando o contacto com o lavatório – Preciso de beijinhos teus para ficar melhor… - concluiu com um tom de voz doce e irresistível. Como é que era possível dizer que não? Desta vez não foi preciso pôr-me em pontas de pés pois ele inclinou-se o suficiente para alcançar os meus lábios novamente envolvendo-me num beijo intenso – estou completamente apaixonado por ti, princesa! – não conseguia esconder a alegria que transbordava o meu corpo e aquele nervosinho estranho quando ele me olhava daquela maneira irresistível. 

- Vai ser difícil habituar-me a não corar sempre que o disseres… - um sorriso doce e bem delineado pelos seus lábios surgiu na sua face. Era contagiante. Afastou da frente da minha cara algum cabelo que se tinha desprendido da traça pondo atrás da minha orelha. Deixou ficar a mão pousada na minha face acariciando-a. As minhas pálpebras fecharam-se automaticamente e o meu corpo estremeceu quando ele me deu um beijo fofo na ponta do nariz

- É bom que te habitues porque vou dizê-lo a toda a hora, a todos os minutos, a todos os segundos… - a forma como dizia cada palavra mexia com cada recanto meu. Era inexplicável. Nunca me tinha sentido assim tão bem.  

- Não te vais cansar?

- Achas? Nunca me irei cansar de te dizer a toda a hora o quanto és importante para mim… - eram aquelas palavras que aqueciam o meu coração, que o punha a palpitar freneticamente.

- Obrigada… - acabei por dizer olhando-o nos olhos, aqueles olhos que neste preciso momento me transmitiam a mais pura das felicidades

- Por quê?

- Por me pores este sorriso parvo na cara e por estares a tornar a casa de banho como a parte favorita da minha casa. Agora a sério, esta é sem dúvida a melhor noite da minha vida! – um sorriso rasgado apareceu-lhe no rosto – Para de sorrir desse jeito… – enquanto lhe batia no ombro – …é terrivelmente irresistível! – finalizei praticamente em surdina e com o olhar dirigido para o chão. Sentia o sangue a aflorar rapidamente nas maças do rosto.

- A culpa é toda tua! – acusou-me na brincadeira – Não tenho culpa de me fazeres ficar assim… - dei-lhe um leve murro no ombro mas ele agiu como se o tivesse magoado á séria.

- Parvo! – reclamei com ele por ver a enorme fita que estava a fazer. Ele parou de o fazer e concentrou toda a sua atenção em mim. Arrepiei-me dos pés à cabeça, aquele olhar cor de avelã dava comigo em doida.

- Sou o teu parvo… - concluiu roubando-me um beijo

- Bem, acho melhor descansarmos qualquer coisa porque senão fico com umas olheiras de todo o tamanho e os meus pais não vão gostar muito da ideia! – afastei-me um pouco do Zayn pensando na forma como me iria deitar para descansar um pouco.

- Tu ficas linda de qualquer maneira… - sussurrou-me ao ouvido já com os seus braços em volta da minha cintura – Espera! Os teus pais… - rodei sobre mim mesma ficando de frente para ele. Ele tinha ficado esquisito de repente.

- Sim, os meus pais! Eles vêm almoçar connosco… - só agora é que tinha percebido o porquê de ele estar assim – Não acredito que ficaste nervoso, até parece que não os conheces… - os meus pais já conheciam muito bem o Zayn e até gostavam muito dele. Eu também já tinha tido a oportunidade de conhecer os pais dele, eles era, muito queridos e simpáticos para mim.

- Mas agora é diferente, são os teus pais e eu sou o teu namorado. Isso muda tudo!

- Zayn Zayn! – chamei a atenção dele para mim –  Calma! Eu nem estava a pensar contar-lhes já…     

- Não?

- Não. Tenho a certeza que se lhes contarmos já, eles vão andar sempre em cima de nós, vão querer saber onde estamos e essas coisas. Eu quero ir com calma, preciso disso e não de ter os meus pais a controlarem-me. – não seria propriamente mentir aos meus pais, seria mais omitir. Para além de que preciso que a relação fique mais solida antes de lhes contar – Ficas chateado?

- Claro que não. Mas sabes uma coisa? – apenas murmurei um “humm” – vai ser difícil resistir-te durante o tempo em que estiver cá os teus pais…

- Eu sei que sou irresistível…

- Que engraçadinha… - sorri apenas – temos que arranjar qualquer coisa para podermos “acampar” aqui.

O Zayn puxou o tapete que cobria uma pequena parte do chão para junto da única parede onde nos podíamos encostar. Não seria de todo aconselhável encostarmo-nos à porta e assim travarmos esta de abrir. Fiquei a pensar porque é que tinha substituído o antigo tapete por outro mais pequeno. Cobria apenas três quadrados de tijoleira em comprimento e embora fosse magra, não era minúscula. Decidi então tirar uma das toalhas que tinha dentro do armário e cobri parte do chão com ela empurrando os meus sapatos para perto da porta. Sentei-me no chão duro e assim que me encostei senti um arrepio de frio até às pontas dos pés. A parede estava gelada! O Zayn sentou-se do meu lado esquerdo e rapidamente colocou o seu braço direito a ladear o meu corpo puxando-me para junto dele. Coloquei as minhas pernas por cima das dele aninhando-me o máximo que podia a ele pousando a cabeça no ombro dele. Fechei os olhos assim que os lábios dele tocaram na pele da minha testa de forma carinhosa.

- Zayn… - chamei a sua atenção enquanto os dedos dele a percorriam o meu braço direito em ziguezagues

- Diz amor… - o meu coração ficou estarrecido quando o ouvi chamar-me daquela forma pela primeira vez. Sorri estupidamente – esqueceste-te do que ias dizer? – voltou a falar quando se percebeu que tinha ficado sem falar

- Chamaste-me de amor… - podia não ser nada de especial mas para mim significava muito. Era qualquer coisa que batia cá dentro e transformava tudo o que sentia.

- Porque tu és o meu amor… - envolvendo-me num beijo suave – então o que me querias dizer? – a minha respiração parou por instantes mas rapidamente se restabeleceu

- Tenho medo… - acabei por dizer com voz trémula, o Zayn olhava-me confuso – Eu não quero que me digas que tudo isto vai ser para sempre porque isso é muito tempo mas preciso de ter a certeza que estás comigo a cem por cento neste momento, percebes? Isto de tu estares numa banda com tantas fãs, de repente, está a começar a assustar…

- Não estou contigo a cem por cento mas a duzentos, trezentos por cento. Tu nem imaginas o quão és especial para mim. A forma como o meu coração parece explodir sempre que te vejo faz com que fiquei sem forças nas pernas. E és só tu, e só tu mesmo que me provoca esta sensação que, sinceramente, é a melhor do mundo. É como que… - faz uma ligeira pausa - …é como se tivesse encontrado a outra metade, aquela que me completa. É como se estivesse, finalmente, onde devia estar. – uno rapidamente os meus lábios ao deles enquanto tento combater um sorriso. As mãos dele aparecem no meu pescoço e as borboletas na minha barriga voam, tentando sair do meu corpo. Este beijo, não sei porquê, mas foi perfeito, simplesmente perfeito. A intensidade do beijo foi diminuindo até se desvanecer no tempo. Ele junta a sua testa à minha e consequentemente os nossos narizes tocam-se. Conseguia sentir a respiração dele a flutuar nos meus lábios dando-me ainda mais vontade de o beijar novamente. Suavemente foi afastando a cabeça dele da minha sem qualquer troca de palavras, apenas unidos pelo olhar. Sem desviar o meu olhar, a mão dele agarra a minha entrelaçando os dedos. Com a outra faz-me novamente encostar a cabeça no ombro dele para poder, finalmente, descansar – dorme bem princesa!

(…)  

Sinto o meu corpo todo a contorcer-se aos poucos e um arrepio de frio percorreu de cima a baixo a minha pele. Ainda de olhos fechados tentei apalpar qualquer coisa para que me pudesse cobrir e deixar de ter frio mas não encontrava nada, só o meu corpo gelado. Abri os olhos a custo e foi aí que me lembrei que estava ainda na casa de banho. Esfreguei os olhos e olhei em redor deparando-me com o Zayn ainda a dormir. Sorri deliciosamente ao ver que aquela noite não tinha sido apenas um sonho, um devaneio meu. Tinha sido real, bem real. Dei-lhe um beijo leve na face para não acordar e depois virei à minha atenção para a porta que já se encontrava aberta. Finalmente! Retirei calmamente a mão do Zayn que repousava em cima da minha cintura para não o acordar. Levantei-me meia atabalhoadamente, tinha uma dor nas costas que mal conseguia pôr-me direita. Peguei nos meus sapatos e saí da casa de banho. Assim que me aproximei das escadas comecei a ouvir barulhos e as vozes dos rapazes sobressaíam-se.

- Nicole!!! – gritou de contentamento o Louis. A minha sala estava irreconhecível, ele andava a arrastar um dos sofás quando me viu. – Então, há novidades? – perguntou a sorrir. Antes que pudesse responder apareceram o Niall e o Liam na sala e perguntaram o mesmo. Eles estavam todos bastante contentes.

- Nicole, para minha defesa, quero que saibas que a ideia não foi minha! – interveio o Liam antes que pudesse fazer qualquer tipo de declaração – tudo isto veio da cabeça do Louis! Ele é que é o culpado de vos fechar na casa de banho…

- Ei, tu tens tanta culpa nisto como eu. – defendeu-se o Louis. Num abrir e fechar olhos estava envolta numa discussão entre eles.

- Eu só os queria trancar no quarto, não numa casa de banho! – não estava a acreditar que eles estavam a ter aquela discussão mesmo à minha frente.  

- Admite lá Liam, assim não teve muito mais piada? – desta vez foi o Niall a falar levando o Liam e o Louis a rir

- Tenho que admitir que sim… - sinceramente não encontrava a piada em nos trancar, mas isso parecia ser só eu a pensar assim.

- E o Zayn? – perguntou o Niall agora para mim – Ainda está a dormir no chão duro?

- Mas tu não falas? – interrompeu-me de novo o Louis. – É que nós só abrimos a porta mas não espreitamos…

- Se vocês deixassem-me falar talvez contasse alguma coisa não? – quando ia prosseguir com o meu pensamento sou interrompida novamente. Desta vez foi o Zayn. Reconhecia aquele cheiro em qualquer parte do mundo e também aquelas mãos que pousavam agora na minha cintura. Rodei para ficar de frente para ele e poder dar-lhe um beijinho de bom dia. – já acordado?

- É. Deixei de sentir o teu calor corporal… - aquele olhar sedutor derretia-me dos pés à cabeça deixando-me completamente nas nuvens.

- O meu plano correu bem! – gritou o Louis de contentamento enquanto dava saltinhos de alegria

- Ah, agora já é o teu plano? – interrompeu-o o Liam – Para levar nas orelhas o plano era de todos mas como correu bem o plano já é só teu… - eles continuaram a discutir por isso eu e o Zayn esquivamo-nos para o interior do meu quarto. Precisava de trocar de roupa e sobretudo tomar banho pois assim que olhei para as horas, assustei-me. Os meus pais estavam prestes a chegar.



Aqui está mais um capitulo =)
Espero que gostem...deixem os vossos comentários, são muito importantes para mim!
Beijinhos
Dri