sábado, 11 de maio de 2013

62º Capítulo - "Second chance"




[Mia]

Friozinho na barriga, borboletas a esvoaçarem livremente dentro da minha barriga provocando um nervosismo extra. Incertezas apareceram de repente assombrando as minhas ideias. Será que ele vai gostar? Prendi o meu lábio inferior com os dentes numa tentativa de acabar com aquele nervosismo. Mas não acalmou nem muito menos acabou com o nervosismo. Prendi a respiração assim que levei uma das minhas mãos à parte de trás da cabeça de Harry desapertando o nó que segurava a venda nos olhos. Segurei o pano castanho entre os meus dedos enquanto o guardava na minha mala curiosamente também castanha. Ainda tinha a outra mão à frente dos seus olhos para a eventualidade de ele querer abrir os olhinhos antes do tempo.

Percorri com o meu olhar toda a extensão da sua beleza mesmo à minha frente. Deixei a mão descer sobre a sua face revelando toda a plenitude da perfeição. Pestanas longas, lábios incrivelmente bem delineados, umas covinhas fofas que sempre aparecem quando sorri, caracóis rebeldes mas ao mesmo tempo completamente ordenados. Sim, a perfeição existe e está mesmo à minha frente. Comigo. A linha dos seus lábios nas pontas ergueram-se para cima formando um sorriso encantador. E mais uma vez o meu coração pareceu que tinha parado, como sempre acontecia cada vez que ele sorria daquela maneira. Uma vontade enorme preencheu o meu corpo levando a que unisse os meus lábios aos dele num beijo rápido. Imagens passaram na minha mente levando-me a sorrir. E ele ainda continuava de olhos fechados.

***

- Mas o que é que estás a fazer, menina Mia? – Harry olhava para mim perplexo enquanto descalçava os meus ténis em pleno jardim. À primeira vista pode parecer maluquice mas tinha uma boa razão. Assim que fiquei apenas com as meias azuis claras à vista levei os meus pés para cima dos de Harry crescendo uns pequenos centímetros em altura. Sorri ao ver que os seus lábios já estavam um pouquinho mais perto dos meus.

- Odeio que sejas assim tão mas tão alto. Praticamente que é preciso implorar por um beijo teu. – resmunguei colocando os meus braços em redor do seu pescoço puxando-o ligeiramente para baixo para assim poder beija-lo.

- Tu sabes que gosto de ti assim, pequenina. Assim posso proteger-te com o meu corpo…Adoro essa sensação.

- Eu também gosto muito de me sentir protegida por ti.

***

Deixei os sapatos saírem dos meus pés e encaminhei-me para cima dos seus enormes pés. Um sorriso enorme apareceu nos lábios. Ele tinha-se lembrado. Enrolei os meus braços em torno do seu pescoço e levei os meus lábios até ao canto da sua boca. Arregalei os olhos assim que me apercebi que ele tinha prendido a respiração. O meu peito estava contra o dele e apenas tinha dado conta dele subir e não descer. Movi os lábios distanciando-me da sua boca em direcção às maças do rosto. Fui deixando um rasto húmido sobre a sua face até chegar à orelha. Um gemido rouco vindo da garganta de Harry rompeu o silencio assim que levei os dentes ao contacto com o lóbulo da orelha dele.

- A i-isso chama-se tortura… - as palavras saíram num puro sussurro e verdadeiramente trémulas. Sorri triunfante ao perceber que tinha chegado ao meu objectivo.

- Eu sei, Harry… - fui buscar ao meu interior a voz mais sensual que consegui encontrar e deixei ecoar bem próximo do ouvido de Harry. Os músculos de Harry tremeram de uma forma que nunca pensei que fosse possível.

- Dois podem jogar esse jogo… - mais uma vez a voz do Harry saiu intermitente mas também com uma boa dose de sensualidade. Desta vez foi o meu corpo que correspondeu aquele estimulo provocando um enorme formigueiro na barriga. Escovei o meu nariz sobre as maças do rosto dele tocando também ao de leve com os lábios e dirigi-me para os seus lábios também. Rocei neles antes de levar o lábio inferior entre os meus dentes puxando ao de leve.  

- Fico à espera então! – concluí com um beijo rápido e um sorriso ficou marcado na sua face durante largos segundos. Cheirava-me que iria receber vingança mais cedo ou mais tarde. – bem, está na hora de abrires os olhos porque apesar de estar a fazer tempo para ver se fico mais calma, não consigo. – ao mesmo tempo que descia de cima dos pés de Harry voltando a calçar os sapatos.

- Se quiseres eu posso ficar de olhos fechados desde que continues a fazer o que estavas a fazer. Estava a amar embora vá gostar ainda mais quando fores tu a vítima. – e este era o meu Harry em nível de perversidade e sensualidade bastante alta deixando-me com o sangue todo a fervilhar e a aflorar nas maças do rosto.

- Não. Tens mesmo que abrir os olhos agora. – respondi com o coração nas mãos – Espero mesmo que gostes…

- De certeza que vou gostar, amor. – trinquei o lábio inferior assim que os estonteantes olhos verdes apareceram devagar. Ele parecia querer-me torturar com apenas aquele olhar. Como é que ele o conseguia fazer? Como é que ele conseguia deixar-me sem folego apenas com o olhar?  

- Estás linda… - nunca passara pela minha cabeça que a primeira coisa que ele fosse dizer passava por um elogio. Era só mais uma prova de como ele conseguia facilmente deixar-me sem jeito. E algo me dizia que ele andava a magicar alguma coisa naquela cabecinha. Aquele olhar não enganava ninguém. Passado alguns segundos em que o meu mundo apenas se baseou no olhar penetrante do Harry, vi-o olhar em redor tentando descobrir aonde é que o tinha metido. A boca dele abriu num perfeito “o” assim que olhou para algo. Desviei a minha cabeça na direcção do olhar e encontrei a minha surpresa – um balão de ar quente?!? – o meu coração deu um nó assim que o vi olhar atentamente para o balão com um ar indecifrável.  

- Gostas?! – perguntei ao não receber nenhum comentário por parte do Harry – Bem, eu pensei que isto fosse uma boa ideia para te tirar o medo de alturas… - expliquei agora cheia de dúvidas e incertezas. Ele pousou o olhar em mim e sinceramente não conseguia depreender o que aquela expressão queria dizer. – Então? – voltei a insistir para obter a resposta tão esperada e que a demora estava a fazer parar o meu coração. Aquela espera estava a matar-me.

- Sabes, passou-me mil e uma coisas pela cabeça, mas nunca, mesmo nunca me passou isto pela cabeça… - disse olhando de novo para o balão de ar quente que já estava pronto para descolar.

- Isso é bom ou mau? – perguntei de novo ao vê-lo envolto em pensamentos que me suscitavam curiosidade. Parecia que lhe estava a custar-lhe dizer o que realmente estava a pensar.  

- Bom, muito bom, óptimo, excelente… - um sorriso foi-se formando há medida que ele ia dizendo aquelas palavras, era como se tivesse ganho o euromilhões. Ele fazia de mim a rapariga mais feliz do mundo  …Perfeito. És um verdadeiro anjo! – as mãos dele ladearam a minha face e numa questão de segundos senti os seus lábios junto aos meus envolvendo-os num beijo calmo. – aquilo sobe muito alto? – murmurou depois de quebrar o beijo. A expressão dele naquele momento foi uma das coisas mais fofas que eu alguma vez vi.

- Sim. – disse. Arregalou os olhos e respirou fundo de seguida várias vezes. Contei pelo menos quatro. Quando ia para a quinta pus a mão em cima do seu peito, no lugar do coração. – Estás comigo, estás seguro. Eu protejo-te de tudo…

- Gosto disso… - proferiu apenas. Os braços de Harry envolveram a minha cintura elevando-me no ar. Aquilo apanhou-me desprevenida e apenas tive tempo de me agarrar ao pescoço dele para não me desequilibrar. Leveza. Era o que sentia, uma estranha paz a percorrer todo o meu corpo sempre que estava nos braços dele.

- Eu também, Harry. – murmurei puxando ainda mais o corpo dele contra o meu. Assim que voltei a sentir os pés assentes na terra, a realidade embateu contra mim. Já estávamos ali á demasiado tempo –  Então vamos? Daqui a pouco já é tarde demais e depois não podemos andar.

- Sim, vamos lá… – Ele bem tentou mostrar-se confiante com aquela ideia de ir andar no balão de ar quente mas falhou por completo o objectivo. Sorriu para mim envergonhado e eu sorri-lhe também tranquilizando-o. O Harry entrelaçou os dedos nos meus e finalmente encaminhamo-nos em direcção ao lugar de embarque.

O Sr. Williams, o homem com quem tinha falado e tratado com todos os pormenores sobre o voo, passou para nós dando-me sinal que o balão de ar quente estava preparado e que as condições climatéricas estavam perfeitas para um bom voo. Seria ele que iria pilotar o balão de ar quente. O Harry ficou surpreendido com a enormidade da cesta apesar de ser apenas de duas pessoas, achava que fosse mais pequena tal como eu.

- Então pronta para um passeio inesquecível? – virei-me para trás em direcção á voz e encontrei o rapaz que também me atendera no dia anterior. O seu nome era Nate e não devia ter mais do que dezanove anos. Não podia mentir e dizer que era feio, aliás era bastante giro mas nada que se comparasse ao Harry, claro.

- Claro que sim. Estou bastante ansiosa… - sorri. Ele sorriu de volta e continuou o seu caminho. Voltei a minha atenção de novo para o Harry e a sua expressão era de quem estava pronto para matar. – O que se passa? Que cara é essa? – perguntei colocando-me em frente dele ainda de mãos dadas.  

- Quem é aquele? – a sua expressão era fechada e agarrou com mais força a minha mão. Tinha a testa franzida e aos poucos uma veia foi aparecendo no pescoço. Ciúmes. Aquilo era sinal de ciúmes. – Que confianças são aquelas?

- Sabes que amo ver-te com ciúmes, consegues ser ainda mais bonito. – afirmei enquanto me aproximava mais dele e mantive toda a minha atenção nos seus esverdeados. – Aliás, eu amo ver-te de qualquer maneira…

- Não mudes de conversa, Mia. Quem é que era aquele tipo que olhou para minha namorada de cima a baixo?

- Em primeiro lugar o rapaz não me olhou me olhou de cima a baixo como disseste, estás a exagerar, ele apenas foi simpático. Em segundo o rapaz tem nome e é Nate e por último ele é filho do Sr. Williams e trabalha aqui. – expliquei tranquilamente – E eu gosto muito de ti e gostava ainda mais se fossemos andar no balão sem mais nenhuma paragem. – tentei desviar a atenção dele para outro assunto mas foi em vão.

- Ele não vem connosco? – a expressão dele era hilariante.

- Não. O Sr. Williams é o único que vem connosco, é o piloto. – falei enquanto o puxava para o balão. Já estava mais do que na hora de andarmos antes que o tempo mudasse.

(…)        

Ar frio batia na minha cara fazendo com que o meu cabelo abandonasse os meus ombros e pairasse sobre o vento. A paisagem vista a centenas de metros de altura era qualquer coisa de extraordinário e de indiscritível. O meu corpo relaxava à medida que avançávamos pelo céu descoberto de nuvens. Era somente ar puro que ali se respirava, nada mais. Quer dizer, também se respirava muito amor. O Harry já não estava de olhos fechados nem apertava a minha mão como se a vida dele dependesse disso. Ele agora encarava como eu a paisagem que imperava sobre nós. O olhar dele era especial. Abandonou o medo que sentia pelas altura e deixou-se levar por toda a harmonia que havia instalado sobre nós.

A minha atenção ficou vidrada na figura esbelta de Harry. Ele tinha-se tornado no meu “simples”. Ele tinha transformado tudo à minha volta e tudo para melhor. Eu podia caracterizar-me por uma pessoa bastante racional e pouco afectiva, talvez mesmo fria. Mas agora apercebi-me que já não gosto do frio, o frio entristece-me, afinal, não é bom sentir frio. Gostei demasiado do calor do abraço do Harry, do calor dos seus olhos, do calor da voz rouca e do quentinho que é sentir-me segura ao lado dele. Ele ensinou-me a amar cada momento, cada segundo, cada respirar. Por mais que tente não consigo arranjar maneiras para o definir e para definir o nós que se foi criando ao longo dos tempos porque rapidamente as palavras se evaporam na minha mente. Mas, sinceramente, isso deixou de ser uma preocupação minha. Aprendi com o tempo que amar é não saber explicar porque tudo o que sinto faz sentido com o Harry e apenas com ele quando o cruzamento do olhar acontece. Olhei momentaneamente para a minha mala e já só faltava uma surpresa.

Um sorriso apareceu na minha face assim que senti os braços dele a tocarem na minha pele. A mão dele viajou pelo interior da minha camisola brincando deliciosamente com os dedos sobre a minha barriga. Acabei por me sentar no colo dele assim que a simples brincadeira se transformou em cócegas. Eu morro de cócegas.

- A vista aqui de cima é fenomenal. – ele sussurrou antes de deixar um beijo na dobra do pescoço com o ombro. – Obrigada por esta surpresa. Adorei.

- E ainda não acabou… - disse envergonhadamente. Ele olhava para mim confuso por isso peguei na minha mala e retirei de dentro dela duas caixas. Era o que estava no interior daquelas caixas que me tinha retirado o tempo nos últimos dias. – Bem, isto pode ser ridículo. – comecei. Ele olhava-me cada vez mais confuso sem perceber o que estava a acontecer. Abri a caixa e retirei do seu interior a pulseira que pertencia ao Harry e que eu sorrateiramente lhe tinha tirado. – Não sei se te lembras mas deste-me uma pulseira igual a esta naquele dia em que fomos ao cinema com a escola. Disseste que representava a nossa união. – os meus dedos brincavam nervosamente enquanto seguravam o material de prata – Apesar de ter tirado a minha pulseira quando fui para São Francisco, nunca me consegui desfazer dela. E bem, quando estava a desfazer as malas assim que chegamos aqui, reparei que tu também andavas com ela. Achei que seria uma boa altura para voltarmos a usa-las. – retirei também a minha pulseira da caixa – Tomei a liberdade de acrescentar um pequeno objecto à pulseira. – o Harry pegou no pequeno objecto de prata e leu o que estava gravado na pulseira.

- Second chance” – ele repetiu em voz alta. Um brilhozinho no olhar apareceu à medida que as covinhas que tanto amava também se desenhavam no seu rosto perfeito.

- É a nossa segunda oportunidade… - repeti também enquanto irradiava felicidade.

- Sim, é a nossa segunda oportunidade. – as enormes mãos de Harry agarram as duas pulseiras que estavam na minha posse e com facilidade abriu uma delas. Fez sinal para que esticasse o meu braço e assim o fiz. O material frio embateu contra a pele do meu pulso assim que se ouviu o clique que fechava a pulseira. Movi o braço assim como a pulseira. Era perfeita. Fiz o mesmo processo que o Harry havia feito comigo e coloquei-lhe também a pulseira.

Os lábios dele tocaram na pulseira antes de irem para a minha pele. Arrepios percorreram os músculos e tudo desapareceu da minha mente, até o meu estado mais acanhado por não estarmos sozinhos. Beijos foram deixados por todo o braço agora com a pulseira no fim. Arrepios e formigueiro na barriga intensificaram assim que os lábios de Harry encontraram o meu pescoço. O nariz dele rouçava na pele provocando-me inúmeras cócegas e contrações musculares. Inclinei a cabeça para o lado direito dando-lhe uma maior extensão do meu pescoço. Um gemido saiu da minha garganta após sentir os dentes de Harry sobre a minha pele.

- Amo-te princesa! – murmurou antes dos seus lábios encontrarem os meus dando inicio a um beijo coberto de sentimentos.

- Eu também te amo!   

(…)

Pesadelo. Pesadelo, apenas isso. Acordei com o coração a bater tão rapidamente que mais parecia que ia parar. Era hoje. Era hoje que iria saber os resultados da minha candidatura. Olhei para o lado à procura do calor de Harry mas ele não estava na cama. Não havia vestígios do Harry no quarto. Esfreguei os olhos antes de os piscar repetidamente. O meu telemóvel marcava as oito e quarenta e sete da manhã. Onde é que ele estaria? Levantei-me lentamente e peguei na t-shirt branca do Harry que estava no fundo da cama e vesti-a. Ao descer as escadas o som de vozes começou a aumentar.

- Harry? – chamei-o.  

O meu coração apertou assim que o vi ao lado da sua mãe. Eles estavam sentados no sofá com ele ainda de boxers. Ele desviou o olhar para mim e o mundo ruiu. Lágrimas escorriam pelo rosto perfeito de Harry.    



Olá

Bem, aqui está mais um capítulo, acho que agora vou voltar a publicar com mais frequência já que tenho mais tempo disponivel. 
Espero que gostem e que deixem os vossos comentários, são muito importantes para mim!

beijinhos 

sexta-feira, 3 de maio de 2013

61º Capitulo - Quando a única coisa que verdadeiramente importa és tu




Olá =)

Bem aqui estou eu de volta depois de uma centena de anos sem cá aparecer. Peço desculpa pela minha ausência mas estive fora de Portugal em competição e só voltei à pouco menos de uma semana. Infelizmente por causa de uma lesão mas isso agora não interessa nada. 
Mais uma vez peço desculpa pela demora e pelas ausência de noticias. 
Espero que ainda tenha leitoras e que ainda gostem do que escrevo. Por isso, se não for pedir muito, gostava que deixassem um comentário sobre o que acharam do capítulo. É muito importante para mim receber o vosso feedback.

Obrigada!
Espero que gostem :)




[Nicole]

Peguei no primeiro casaco que encontrei dentro do armário e na minha mala e saí de casa. A Mia tinha toda a razão, não podia ficar zangada com o Zayn por uma parvoíce destas. Por mais que não gostasse de ver o meu namorado a matar-se lentamente, não podia simplesmente virar-lhe as costas. Que raio de namorada seria eu se o fizesse? Ele tinha-se tornado uma das pessoas mais importantes da minha vida, nunca me tinha sentido tão feliz como nos últimos tempos desde que começamos a namorar. Não podia perde-lo, não como amigo e muito menos como namorado.

A chuva caía copiosamente naquele dia de puro inverno deixando toda a minha roupa molhada apesar de trazer guarda-chuva, pequeno por sinal. Tentei demorar o menos tempo possível de uma casa a outra mas o caminho mais curto estava cortado por um acidente por isso tive que optar por um mais longo. Sentia a minha frequência cardíaca a aumentar e a respiração a ficar presa na garganta enquanto aumentava o ritmo das passadas. O meu olhar prendeu-se quando reconheceu algo e de imediato um sorriso aflorou na minha face. Era um parque tão bem conhecido por mim e também pelo Zayn. Tínhamos passados muitos bons momentos, excelentes tardes de pura alegria contagiante.

***

Era um dia perfeitamente normal como tanto outros. Podia ver a neve cair do lado de fora da janela de minha casa enquanto segurava uma caneca de chocolate quente para me aquecer. Os livros estavam espalhados sobre a cama e inclusive sobre o chão denunciando a minha pouca vontade que tinha para estudar. Talvez porque esperava ansiosamente que alguém me mandasse mensagem. A última vez que vira o Zayn já fizera ontem um mês, as saudades aumentavam drasticamente à medida que os dias iam passando. Podia falar com ele todos os dias mas isso não era suficiente. Faltava algo. O toque dele.  

(…)

Saltei da cama assim que ouvi o barulho da campainha. Tinha adormecido sobre os livros. Desci com alguma pressa as escadas ainda a esfregar os olhos para poder acordar melhor enquanto bocejava. Antes de abrir a porta, ajeitei o cabelo que estava um pouco desarrumado e compus a roupa que trazia vestida. Ao abrir a porta o meu coração mirrou por completo. O sorriso que tanto gostava, que tanto ansiava por rever ao fim de tanto tempo estava, finalmente, à minha frente. Os seus olhos cor de avelã iluminavam todo o meu coração mesmo sem ele se aperceber. Parte de mim morria só de pensar que pode algum dia tudo isto acabar, quando ele arranjar uma namorada e eu deixar de ser importante. 

- Então, não me abraças? Não tens saudades minhas? – só as palavras de Zayn é que me fizeram voltar a realidade e perceber que estava especada a olhar para ele e sem ter dito qualquer palavra. Deixei os meus pensamentos de parte e lancei-me sobre ele para um abraço que tanto esperava e ansiava como do próprio ar se tratasse. Os braços dele rodearam também o meu corpo transmitindo-me um calor reconfortante fora do normal. Inspirei profundamente e pude sentir na totalidade todo o aroma do seu perfume, algo que me deixava completamente inebriada – já vi que hoje não estás para muitas palavras. – exclamou sorrindo contra a pele do meu pescoço deixando-me por alguns segundos com pele de galinha – Anda, vem comigo. – Era como se as palavras dele fossem “ordens” para mim, ao mesmo tempo que me afastava um pouco dele e de seguida dando-me a mão. Olhei para ele confusa e sem perceber nada – vamos passear. Não imaginas as saudades que tenho de o fazer… - as palavras pareciam que não saíam da minha boca.

- Eu também… - foi a única coisa que consegui dizer – deixa-me só mudar de roupa... – estar com ele era o que mais queria.  

(…)

Mesmo a nevar, agora com menos intensidade do que de manhã, passeávamos pelas ruas. Ele contava as mil e umas peripécias que tivera durante a tour e as variadíssimas partidas que fizera aos restantes membros da banda. Eu ouvia tudo com um sorriso parvo no rosto. Ele estava tão feliz, cansado mas feliz. Estava a fazer o que mais gostava e isso deixava-me contente. A felicidade dele só por si deixava-me feliz.

De um momento para o outro, o Zayn parou. Olhei em redor e vi que estávamos no jardim mas antes que pudesse pensar em seja o que for, o meu corpo elevou-se no ar contra o do Zayn. Um abraço bem forte foi dado por ele como se da sua própria vida se tratasse. Assustei-me por breves momentos e retribui o abraço.  

- Obrigada. – murmurou. Não sabia o que dizer por isso deixei-me ficar ligada aquele abraço sem nunca mais o largar.

***

- O Zayn? – perguntei de imediato assim que me abriram a porta de casa dele. Era o Niall e tinha uma sandes na mão, para variar. Ainda tinha que descobrir onde é que ele guardava tanta comida dentro do seu estomago. Dever ser o segredo mais bem guardado do mundo.

- Bom dia também para ti, Nicole! – exclamou dando-me passagem para poder entrar em casa deles. – Pela forma como queres falar com o Zayn e pela forma como ele chegou a casa, cheira-me que houve problemas… - falou fechando a porta atrás de si e encaminhando-se para se sentar no sofá da sala

- Não há problemas porque eu vou resolve-los agora mesmo. – exclamei convicta de mim mesma. O Liam que também estava em casa chegou à sala para descobrir quem é que tocara à porta – Onde é que está o Zayn? – voltei a perguntar com a forte presença de nervosismo na minha voz

- Ele está lá for… - começou o Niall mas foi de imediato interrompido por Liam

- Não não. – exclamou olhando de uma forma reprovadora para Niall – Eu vou lá chama-lo, deixa estar Nicole… - percebi rapidamente que ele poderia estar a fumar por isso decidi contar de uma vez que já sabia desse suposto “segredo”.

- Eu já sei que ele fuma. – falei apanhando-os de surpresa – não precisam de o esconder nem de arranjar mil e uma desculpas para eu não ir lá fora. Eu vou lá fora ter com ele – continuei. Eles encaravam-me com um olhar perplexo.

- Ouve, ele não fez por mal, simplesmente… - começou por falar o Liam mas cortei-lhe a palavra. Não queria discutir com eles aquele assunto tão sensível principalmente sem antes ter falado com o Zayn.

- Se não se importarem eu gostaria mesmo de falar apenas com o Zayn sobre este assunto. – informei-os calmamente – Por favor…

- Claro. Desculpa. Nós não nos queríamos intrometer… - sorri apenas ao que Liam disse e foquei-me no que tinha vindo fazer aquela casa.

Apenas ouvia os meus passos enquanto caminhava pesadamente pela sala em direcção à cozinha. Mesmo sem olhar podia apostar em como neste momentos tanto o Liam e como o Niall deviam estar com a boca aberta, verdadeiramente espantados. O meu coração também batia de uma forma muito desfragmentada. Por mais que tentasse articular um discurso coerente na minha cabeça nunca me parecia verdadeiramente perfeito para dizer ao Zayn. Queria pedir-lhe desculpa por ter reagido daquela maneira tão brusca mas não sabia como o fazer. Sinceramente, acho que já nem como é que se fala. Daqui a pouco nem sei qual é o meu nome ou algo assim.

Num piscar de olhos já estava frente à porta que dava acesso ao jardim exterior, hoje coberto por uma cobertura azul por causa da chuva. Dava para vê-la cair copiosamente e sem parar pela porta da cozinha. O barulho das pingas que caíam no beiral da porta acabava por se tornar num barulho harmonioso. Dizem que mesmo nos piores cenários existe sempre – por mais ténue que seja – harmonia.

Antes da minha mão viajar até à maçaneta da porta, uma nuvem de fumo apareceu do outro lado da janela. Era só mais uma confirmação de que ele estava a fumar, e isso magoava-me profundamente. Por não me ter contado e principalmente por estar a fazer algo que lhe é prejudicial. Finalmente tomei coragem depois de respirar fundo e abri a porta.

Ar fresco bateu na minha face fazendo com que inconscientemente todos os músculos do corpo se contraíssem. O coração subiu até à minha garganta travando aos poucos a respiração. O peito subia e descia pesadamente e a mente foi bloqueando aos poucos. O nervosismo assombrava o meu pobre coração enquanto alguns pingos da chuva embatiam na minha face por causa do vento que se fazia sentir. Estava a começar a ficar com pele de galinha assim que meti o pé fora da habitação.

Procurei involuntariamente com o olhar a figura de Zayn por toda a grandeza do jardim. Não foi difícil encontra-lo assim que uma nova nuvem de fumo se mostrou-se no ar. Um nó no estomago formou-se assim que vi a sua face desanimada, o cabelo todo despenteado, com o corpo visivelmente abatido. Aquele não era o meu Zayn, aquele não era o meu namorado. Uma nova nuvem de fumo formou-se antes dele notar a minha presença.

O olhar dele percorreu todo o meu corpo até chocar contra o meu. Um arrepio percorreu os músculos assim que vi um misto de desilusão e tristeza nos seus perfeitos olhos. Foi como se uma parte de mim tivesse desfalecido ali mesmo, com aquele olhar. Sabia que ele não queria que o visse a fumar, não queria ver a minha expressão de desilusão. Mas ele estava enganado. Não estava desiludida com ele e queria mais do que tudo dizer-lhe isso.

- Desculpa, eu não queria que visses e… - num movimento rápido apagou o cigarro ainda inacabado e colocou-o num pequeno cinzeiro ao seu lado. As palavras faltaram-lhe não terminando a frase. Inclinou a cabeça para baixo indo ao encontro das mãos. Os cotovelos apoiavam-se nas pernas dando o suporte necessário para apoiar a cabeça. Eu não conseguia vê-lo assim e numa questão de segundos o meu corpo foi preenchido por um rasgo de adrenalina. Impulsionei o meu corpo em direcção a Zayn dando passos grandes quase que a correr. A minha reação apanhou-o de surpresa fazendo com que levantasse a cabeça encarando-me. Aproveitei aqueles míseros segundos e sentei-me, praticamente num ápice, no colo dele e abracei-o. Enrolei os meus braços em torno do pescoço de Zayn e enterrei a minha face na zona em que o pescoço acaba e dá lugar ao ombro. As minhas acções deixaram-no completamente estupefacto e só passado uns pares de segundos é que senti os seus braços a ladearem a minha cintura Só então é que percebi que o meu corpo estava tenso e que o simples toque dele fizer relaxar todos os músculos – Nicole… - sussurrou num suspiro contra a pele sensível do meu pescoço.

Foi o mote para que todas as lágrimas que estavam aprisionadas heroicamente dentro de mim escorressem pela minha face. Não sei porque chorava. Simplesmente não sabia. Tinha algo aprisionado dentro de mim, uma dor dentro de mim. Nós nunca nos tínhamos chateado, apenas passavam por discussões estupidas que acabavam com um sorriso parvo no rosto. Eu não queria estar assim com o Zayn. Queria estar bem com ele, unicamente isso.

- Não chores… - a voz dele não me acalmou, fez com que chorasse ainda mais. Fez com que todas as minhas emoções brotassem pelos meus olhos ainda mais intensamente. Apertei-o ainda mais contra mim aconchegando-me no colo de Zayn. Sentia as suas mãos enormes a viajarem pelas minhas costas, de cima para baixo, de baixo para cima, numa forma de me acalmar. Mas eu não conseguia parar. – Princesa, por favor… - Voltei a não conseguir dizer nada. O meu coração tremeu assim que o senti mexer debaixo de mim. O Zayn estava a levantar-se da cadeira comigo embrulhada em torno dele. Continuei a agarrada a ele apesar de ele estar a carregar-me literalmente para o interior da casa. Não sabia para onde é que me levava mas o local também não era importante. Subimos as escadas para o andar de cima. Por momentos vislumbrei os rapazes, agora acompanhados pelo Louis, a seguirem-nos com o olhar visivelmente chocados. Mas não me importei. O barulho da porta a abrir fez-se ouvir poucos segundos depois e já estávamos no interior do seu quarto. Continuava com os braços enrolados nele mas agora as lágrimas pareciam que tinham dado tréguas. Zayn sentou-se na cama de solteiro que havia no seu quarto e agora foi ele que me aconchegou no seu colo.    

- Desculpa se te desiludi de alguma forma. – pela primeira vez desde que me tinha agarrado, literalmente, ao pescoço dele encarei os olhos cor de avelã de Zayn. Não, ele estava errado.

- Não digas isso. Tu não me desiludiste Zayn. – murmurei praticamente com um aperto no fundo do coração. As lágrimas já estavam de novo a tentar escorregar pela minha face.

- Eu sei que não é verdade… - abanei a cabeça negativamente enquanto via a sua expressão a debater-se.

- É verdade sim. – falei desta vez mais alto, com maior confiança – Zayn, olha para mim. – ele continuava a fitar outro lugar senão eu e não voltou a atenção para mim – Olha para mim, por amor de Deus. – pedi levando a mão esquerda à face de Zayn virando-o para mim – Eu quero-te, Zayn. Quero-te com tudo o que vem associado a ti, com toda a tua bagagem. Eu gosto de ti com todos os teus defeitos, com todas as tuas qualidades. Não devia ter reagido daquela maneira, eu é que devia estar a pedir desculpa pela minha atitude infantil.

- A culpa foi minha, Nicole. – o olhar dele penetrava no meu de uma maneira única–  Não devia ter escondido que fumava, apenas não queria ver-te decepcionada. Fui o maior otário deste mundo…

- Isso não aconteceu, por favor, entende isso. – frisei. Ele nunca me tinha desiludido nem decepcionado – Eu continuo a confiar em ti, continuo a confiar a minha vida em ti. Posso não gostar mas isso não interessa. Quero estar contigo e apoiar-te. Quero ajudar-te a superar o vicio. Quero tanta coisa e essa “tanta coisa” resume-se somente em ti.

- A única coisa que me interessa também se resume apenas a ti. – um sorriso delineou-se nos meus lábios – Prometo que farei todos os possíveis como os impossíveis para deixar de fumar…

- E eu estou aqui para te apoiar, sempre. – sussurrei enquanto me deixava levar pelo seu sorriso. As mãos quentes dele entraram em contacto com a pele da minha cintura puxando-me ainda mais para ele. A minha respiração estava ofegante pelo embater da sua respiração nos meus lábios. Os dedos de Zayn fizeram pressão sobre o meu corpo levando-nos a acabar com a distância que nos separava. O meu corpo reagiu de imediato assim que os lábios dele tocaram nos meus. Uma descarga eléctrica viajava velozmente por todo o meu ser. Fui envolvida pelos seus lábios num beijo mais intenso levando com que ambos caíssemos na cama. Fiquei por cima e acabei a sorrir durante o beijo quando ele rapidamente mudou panorama, ficando por cima.

- Adoro-te princesa da minha vida! – murmurou roçando o nariz no meu de uma maneira incrivelmente fofa.

- Eu também. Eu também te adoro, príncipe da minha vida.

(…)

- Tenho dois bilhetes para Paris, um fim de semana. – informei-o com a minha cabeça repousada sobre as pernas dele enquanto sentia os seus dedos a massajarem os meus cabelos. Ele parou momentaneamente depois da minha informação. – Foi o presente da Mia e do Harry. – continuei – Quero ir contigo… - concluí

- Queres gastar o teu presente de aniversário comigo? – levantei a cabeça das suas pernas e encarei-o

- Quero usufruir do meu presente com o meu namorado mais lindo do mundo. – afirmei. – Vem comigo.

- Eu vou contigo até ao fim do mundo!
E novamente um sorriso aflorou no meu rosto. Agora estava tudo bem, tinha o meu namorado de volta.



Já sabem, deixem vosso comentário.

beijinhos