sábado, 17 de novembro de 2012

58º Capítulo - E essas são as pequenas coisas...


[Mia]

Tinha que admitir que aquilo me deixava bastante apreensiva. Já conhecia tanto a mãe dele como o padrasto e também a sua irmã. Agora os tios já era um passo grande. Se dissesse que não ficaria a sentir-me mal pois não queria que o Harry achasse que não queria conhecer a sua família. Ele também já conhecera a minha família, não pelas melhores razões, mas conheceu-os.

- Pode ser… - informei-o ainda um pouco relutante com a ideia. – vá, não há de ser uma coisa do outro mundo. – concluí dando um ar de maior confiança aquele pedido.

- Tens a certeza? – perguntou – A minha tia não fica zangada se não quiseres… - dava para ver que estava a mentir. Ele não me conseguia mentir, descobria sempre.

- Sim, Harry. Mentes muito mal… - ele sorriu seguido daquele movimento com a cabeça afastando o cabelo da frente da cara – então está decidido. – concluí enquanto voltava de novo a comer o bolo de chocolate que tanto me apetecia.

(…)

Estava deitada no sofá a mexer no meu telemóvel enquanto que o Harry estava na outra ponta com o computador em cima das pernas dele. Já estava quase na hora de jantar e começava a ficar com fome.

- Mia? – desviei a minha atenção do pequeno aparelho tecnológico que tinha na mão e levei o meu olhar até ao Harry deixando-me ficar na mesma posição, deitada sobre o sofá. Ele já tinha posto o computador de parte e começava agora a fazer-me uma massagem aos pés. Ele tinha umas mãos de anjo. – Queres ir jantar a um restaurante aqui perto? É muito bom… – torci o nariz. Não me estava a apetecer comer “comida de faca e garfo”. Apetecia-me um enorme e delicioso hambúrguer. Definitivamente estava a ser invadida por uma enorme vontade de comer comida de plástico, algo um bastante fora do normal para mim.    

- Apetece-me um hambúrguer… - respondi num tom baixo e com um pequeno sorriso envergonhado. Ele olhou-me surpreendido parando momentaneamente com os movimentos circulares sobre os meus pés. – Importaste?

- Um hambúrguer?! – verbalizou o que mostrava a sua expressão – Eu aqui a pensar num jantar super romântico e tu queres-me comer um hambúrguer? – apenas abanei afirmativamente com a cabeça soltando um pequeno sorriso. Vi-o abanar ligeiramente a cabeça e gargalhou suavemente. Afastou ligeiramente as minhas pernas de cima dele o suficiente para poder sentar-se junto a mim. Os seus olhos verdes estonteantes prenderam-se aos meus provocando-me um arrepio gélido. Continuavam a ter o mesmo poder sobre mim desde o primeiro dia em que o vi pela primeira vez. Debruçou-se sobre mim pousando a cabeça ao lado da minha. Abri um pouco de espaço para que o Harry coubesse ao meu lado mesmo que o sofá não fosse propriamente grande. O nariz do Harry roçou na minha face, o que fez com que me virasse para ele. Mais um arrepio seguido de um espasmo acabara de percorrer o meu corpo assim que o meu olhar chocou com o dele. Fechei os olhos e em menos de nada os meus lábios foram envolvidos pelos dele. Aos poucos, uma das mãos dele, desceu pelo meu corpo até parar na barriga. Ele fazia pequenos movimentos circulares com os dedos o que meu causava inúmeros arrepios. – Não achas que podes estar… - olhou várias vezes para mim e de seguida para a minha barriga. Percebi claramente o que ele queria dizer com aquilo. Não é que já não tivesse pensado no assunto mas como me faltava poucos dias para me vir a menstruação e como costumo andar mais esfomeada nessas alturas, achei que seria pouco provável estar grávida.  

- Não tenho cem por cento certeza mas acho pouco provável. – proferi. Coloquei a minha mão sobre a dele e em menos de nada a minha já estava por baixo da dele. A mão dele era enorme em comparação com a minha. Exercia alguma pressão através de movimentos circulares até entrelaçar de novo os nossos dedos – Queres que faça o teste? – perguntei reticente

- Não queres ter a certeza? – murmurei um simples “sim”. Simplesmente estar a falar naquele assunto fazia-me ter ainda mais dúvidas. Agora que pensava no assunto, tinha a ligeira sensação que tinha engordado. Suspirei ao notar que o que estava a pensar não tinha nexo nenhum. Se estava mais gorda era porque andava a comer bastante e isso era por causa de estar quase no inicio da menstruação. É isso…não há de ser mais nada…, repeti para mim mesma interiormente. O Harry aconchegou-me ainda mais a ele depositando um beijo na minha testa. Respirei fundo inalando o seu perfume tão característico – Estamos juntos para tudo…nunca te esqueças disso, amor.

(…)

Quando estava a vestir-me para irmos jantar, dei por mim a olhar para a barriga, à espera que tivesse diferente. Definitivamente, aquelas dúvidas já me estavam a dar a volta à cabeça! Abandonei aquelas ideias da minha cabeça e acabei finalmente de me arranjar. Curiosamente hoje estava um dia bastante agradável, pelo menos em comparação com os outros. Apenas corria uma aragem fria mas nada demais.

Demoramos algum tempo a chegar pois tivemos que ir até à vila seguinte onde era o McDonald’s mais perto. A minha sorte era que não havia praticamente fila nenhuma e com a fome que tinha comia uns três hambúrgueres se fosse preciso. O Harry pediu por mim, ele já sabia o que eu queria. O que mais me surpreendeu foi o facto de ter dito que era para levar. Devo ter ficado com cara de parva a olhar para ele. Estava a morrer de fome, como é que ele não queria comer ali?

- Não me olhes desse jeito! – disse-me enquanto pegava no saco com a comida – Achas que estas mesas têm alguma coisa de romântico? Não, pois não? – a pergunta era retórica pois nem me deixou falar – Deixei-te escolher o jantar mas sou eu que decido onde o vamos comer! Por isso, toca a andar para o carro… - este rapaz existe mesmo ou estou no meio de um sonho perfeito? Às vezes tenho tanto medo de acordar e perceber que tudo não passou de um sonho, de que este Harry não existe, que é apenas fruto da minha pura imaginação. A viagem até onde quer que ele me fosse levar estava a demorar um bocado e o cheiro da comida abria ainda mais o meu apetite. Ele deixou a estrada de alcatrão e entrou numa de terra batida. Ia perguntar para onde é que me levava mas nem me dei ao trabalho de perguntar pois já sabia que não me ia responder. Parou o carro algumas centenas de metros mais à frente.

- Então o que é que isto tem de romântico, Harry? – perguntei ao sair do carro. Estávamos literalmente no meio do nada e não havia nada de interessante.

- Agora nada mas daqui a uns instante já vai estar. – dirigiu-se até á bagageira do carro e tirou de dentro uma manta. Como é que não o tinha visto a pôr aquilo dentro do carro? – Já te disse que demoras eternidades a vestir-te? Dava para dar a volta ao mundo! – apenas sorri. Ele tinha razão, demorava sempre bastante tempo. Ele estendeu a manta em cima do capô do carro para nos sentarmos e foi buscar o saco com a comida. Não foi preciso muita cerimónia para começar a comer já que estava esfomeada. Olhei de relance para o Harry já com metade do hambúrguer comido mas ele ainda nem tinha começado a comer e estava a olhar para mim de uma maneira estranha.

- Porque é que estás a olhar assim para mim? E porque é que não comes? – um sorriso aflorou-lhe no rosto.

- Estava a pensar em como… - ficou ligeiramente corado e desviou o olhar de mim com um sorriso envergonhado. Não estava a perceber nada. – Esquece, não ligues. – continuou – Continua a comer, amor. – ia insistir mas achei melhor não. Quando já tínhamos comido, vi o Harry deitar-se sobre o capô. Colocou a mão sobre o meu ombro esquerdo exercendo pressão para que me deitasse também. Fiquei a visualiza-lo mas ele com a mão dele movimenta o meu queixo para que olhasse para cima. UAU! O céu estava incrivelmente estrelado. Nunca tinha visto o céu assim com tantas estrelas, estava perfeito. Ficamos ambos em silencio durante um bom par de minutos. Não havia palavras para descrever aquele momento de pura magia e paz. Por vezes sentia o olhar dele sobre mim, outras vezes era eu que desviava o olhar do céu para ele. Como ele me parecia ainda mais perfeito do que já era. O seu rosto era iluminado pela luz da lua, o seu peito movimentava-se com a sua respiração calma. Por vezes desviava o cabelo da frente da cara por causa da aragem que se fazia sentir. Um trovão ecoa ao longe após ver-mos o céu a ser iluminado pelo relâmpago. Arrumamos tudo e fomos embora.

(…)

Não sei porquê mas apetecia-me comer uma laranja. Tentei pensar noutras coisas para ver se adormecia mas por alguma razão aquele desejo não passava. Movimentei-me na cama de um lado para o outro tentando encontrar a melhor posição mas não conseguia. A minha atenção prendeu-se ao rosto do Harry, ele dormia serenamente ao meu lado. Não queria acorda-lo mas a vontade de comer era grande.

- Harry? – após chama-lo várias vezes, ele finalmente respondeu-me um “humm” ainda de olhos fechados – Apetece-me comer uma laranja! – finalizei à espera da resposta dele.

- Estou a impedir-te? – ele continuava de olhos fechados

- Não estás a perceber. Não há laranjas em casa… - começava a sentir-me mal por ter aquela vontade estranha de comer laranjas. Mas não conseguia evitar, parecia que me estava a consumir por dentro.

- Então não podes comer. – concluiu.

- Harry, eu quero comer agora… – ele finalmente abriu os olhos com uma expressão um pouco assustada. Naquele momento deve ter passado a mesma coisa tanto na minha cabeça como na dele. Já começava a ultrapassar o limite do normal.

- Amor, que queres que te faça? Não está nada aberto a estas horas da noite. Eu amanhã de manha vou comprar… - ele tinha razão. Aquele maldito apetite tinha que desaparecer – Chega-te a mim que isso já passa… - coloquei a minha cabeça sobre peito dele, abraçando-o. Começou a afagar os meus cabelos lentamente e em poucos minutos já estava mergulhada num sono profundo.

(…)

O cheiro a bolo de chocolate fez-me despertar lentamente. Abri os olhos e deparei-me com uma maravilhosa visão. O Harry tinha na mão um tabuleiro com a laranja que tanto queria ontem e duas fatias de bolo chocolate. Ele dava comigo em doida, não podia aparecer à minha frente com aquelas delicias e ficar á espera que diga que não.

- Tu não existes… - comentei enquanto me encostava à cabeceira da cama. Coloquei o tabuleiro em cima das minhas pernas e comecei por comer a laranja e depois o bolo de chocolate. Fiquei chocada quando percebi que afinal era só uma fatia para mim e a outra era para o Harry.

- Não me importo que comas mas eu também tenho que me alimentar! – exclamou ao mesmo tempo que dava uma trinca na fatia de bolo.

(…)

Antes de irmos para a casa da tia do Harry passamos pela farmácia. Tinha uma sensação estranha na barriga, era nervosismo. Fui apenas eu pois não queria que no dia seguinte aquilo fosse capa de revista. Quando voltei para dentro do carro notasse que o Harry estava ansioso ou nervoso. Não parava quieto com as mãos. Olhei para a caixa que tinha na mão, o resultado podia mudar a minha vida, pô-la completamente do avesso ou então deixar tudo na mesma. Essa incerteza começava a consumir-me por dentro. Guardei a caixa dentro da minha mala sem nenhum de nós proferir alguma palavra. O assunto gravidez deixou de parte todo o nervosismo que detinha por ir conhecer parte da família do Harry. O facto de ter a minha mão sempre agarrada à do Harry ajudou imenso a não começar a entrar em colapso emocional.

Em primeiro lugar, a tia do Harry assustou-me verdadeiramente. Assim que entramos os dois fui logo levada, literalmente, pela tia dele para a cozinha. Apenas me deixou cumprimentar tanto o tio do Harry como o padrasto dele. Na cozinha encontrava-se a Anne, a mãe do Harry com a irmã dele, a Gemma. Assim que me viu, abraçou-me fortemente. Já há três anos que não a via e também tinha imensas saudades dela. O problema é que a tia do Harry mal me deixou respirar pois começou logo com imensas perguntas. Se eu gostava ou não da comida que estava a preparar, se gostava da sobremesa, se gostava da decoração entre mil e uma coisas.

- Tratem bem da minha namorada, preciso dela! – a voz do Harry ecoou pela cozinha provocando uma gargalhada geral. Ele trazia uma menina ao colo que não tinha mais do que três, quatro anos. O jeito com que pegava na menina era perfeito, ele tinha imenso jeito para as crianças, isso era notório.  

(…)

Fiquei a saber durante o almoço que a prima do Harry se ia casar e que ia fazer uma prova do vestido a seguir ao almoço. Digamos que acabei por ser arrastada a ir também com todas elas. A Gemma só se ria da minha cara um pouco atrapalhada e assustada. Toda a família dele era encantadora mas não deixava de me sentir um pouco desconfortável. Para completar o meu estado de nervosismo, depois da prima dele fazer a prova do vestido, fui convencida pela tia do Harry, ainda nem sei bem como, a experimentar um vestido de noiva. Graças a deus que a Gemma também foi experimentar um e assim tornou-se menos constrangedor. Deve ter sido o momento mais estranho de toda a minha vida, eu vestida de noiva. Olhei de relance para a Anne esquecendo o facto que a tia do Harry estar bastante eufórica, ela sorriu para mim.

- Estás muito bonita, Mia. – senti-me corar imenso e rapidamente pedi à senhora para me ajudar a tirar o vestido não sem antes tirar uma fotografia. Pedido especial da tia do Harry. Ouvi o meu telemóvel a tocar duas vezes enquanto retirava o vestido. Peguei nele assim que vesti a minha roupa, eram duas mensagens do Harry.

“uhcidijdjsdncidcksls” – era o que dizia a primeira mensagem

“hsdbndlosdcsdc” – era o que dizia a segunda mensagem

Ok, fiquei literalmente parva a olhar para o telemóvel. Provavelmente devia estar sentado em cima do telemóvel mas mesmo assim decidi mandar-lhe mensagem a perguntar se estava tudo bem. Em poucos minutos recebi a resposta.

Desculpa amor, deixei a Amy brincar com o meu telemóvel!   

Sorri. Era impossível não sorrir. Ele era um querido. Depois da tarde ter passado num ápice voltamos para casa. O Harry encontrava-se na sala juntamente com a Amy ao colo, pelos vistos tanto o padrasto dele como o tio não se encontravam em casa. A televisão estava a ligada e dava um filme qualquer da barbie. Sentei-me ao lado dele e sorrateiramente deu-me um beijo sem que a pequena reparasse.

- Estamos a ver este filme pela terceira vez… - sussurrou-me com uma cara bastante engraçada – ela não se cansa! – disse de forma quase que desesperada.

- E então o filme fala mesmo sobre o quê? – provoquei-o. Ele olhou para mim e sorriu dando-me razão. – Não existes mesmo…

- Como é que foi o programa de mulheres? – antes que pudesse responder a Gemma apareceu na sala com a fotografia em que estava vestida com o vestido de noiva. Fiz-lhe sinal para que ela não lhe mostrasse mas não me ligou nenhuma. Baixei a cabeça para não ver a reação do Harry ao ver a fotografia. – Amy, fazes um favor ao teu primo lindo? Vais com a Gemma para o teu quarto brincar? – a pequena assentiu que sim e por isso a Gemma pegou na menina e levou-a para fora da sala. Sentia-me a corar aos poucos, estava bastante envergonhada. O meu coração parou assim que a mão dele tocou na minha face fazendo com que o olhasse. Um beijo carinhoso e calmo fez com que o meu coração começasse novamente a bater. – Ainda estavas mais perfeita do que nos meus sonhos. – confidenciou-me num tom baixo ainda com os lábios bem próximos dos meus. Estremeci da cabeça aos pés com aquela frase.   

- Tu sonhas comigo… - sentia a minha garganta seca – …assim? – concluí baixando a cabeça. A mão dele debaixo do meu queixo fez com que levantasse de novo a cabeça, olhando-o. Os seus olhos brilhavam estrondosamente juntamente com um sorriso genuíno.

- És a minha alma gémea. – disse-o orgulhosamente – Quero passar a minha vida toda ao teu lado… - não consegui dizer nada naquele momento. Abracei-o com todas as forças que tinha. Eu também queria muito passar a minha com ele, era o que mais desejava. O abraço foi interrompido quando chegaram a casa tanto o padrasto do Harry como o tio dele.

(…)

Deixei a minha mala em cima da cama tirando de dentro a caixa com o teste de gravidez. Antes de sair do quarto para ir à casa de banho, o Harry deu-me um último beijo abraçando-me de seguida. Li as instruções primeiro assim que cheguei à casa de banho e depois de fazer tudo como estava indicado voltei para o quarto. O Harry devia estar tão ou mais nervoso que eu pois andava de um lado para o outro e nem tinha dado pela minha presença.

- Agora só temos que esperar… - proferi obtendo a sua atenção. Pousei o objecto que ia decidir a minha vida em cima da mesa de cabeceira e sentei-me na cama, movimento repetido também pelo Harry. Envolveu o meu corpo com um dos braços e entrelaçou os dedos nos meus com a outra mão. Esperar. Era só isso que tinha que fazer.

3 comentários:

  1. OMG o.o não podes acabar o capitulo num momento destes! vais matar-nos de curiosidade :o

    mas adorei, como sempre, está lindo, parabéns :)

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  2. Chegar aqui e ver dois capitulo para ler, foi a melhor coisa de ter vindo ao pc. Adorei, estão os dois perfeitos.
    E agora a dúvida e o que me deixa muito mas muito curiosa, será que a Mia está mesmo grávida? E se ela estiver, o que é que será que vai acontecer?
    Estou mesmo muito anciosa para ver.
    Agora imaginar o Harry a ver um filme da Barbie três vezes, coitado. Ah, ah, ah.
    E a parte da Mia querer comer uma laranja. Ok, deu para rir muito.
    Anciosa pelo próximo.
    Beijinhos

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  3. está lindo! *_*
    podias postar mais um capítulo a falar sobre a história do zayn e da nicole?

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