Entrei em pânico. Senti o medo a assombrar o meu
corpo e a bloquear todos os meus movimentos. As lágrimas começaram a formar-se
nos meus olhos e em menos de nada já corriam pela minha face. A Nicole
olhava-me confusa sem perceber o que se estava a passar.
- Mãe, eu também vou. – acabei por dizer no meio de
soluços provocados pelo choro – Vai tudo correr bem… - disse-lhe tentando
convencendo-me a mim mesma que tudo ia correr bem. Desliguei a chamada e a
Nicole olhava-me atentamente à espera de uma resposta minha – Nicole, vou para
Portugal agora… - informei-a com as lágrimas a brotarem dos meus olhos – tenho
que ir ter com os meus pais, o meu avô está no hospital. – senti o meu corpo
colapsar-se. Parecia que tinham retirado parte de mim. Precipitei-me para cima
da Nicole abraçando-a. Só de pensar que ele podia…que podia ficar sem ele
provocava-me uma dor insuportável. “Shhh…vai ficar tudo bem…” ouvi a voz doce
da Nicole. Isto não podia estar a acontecer, não agora que estava tão próxima
de clarificar tudo com o Harry.
- Eu vou contigo – disse-me depois de me recompor e
de parar de soluçar. Ia refutar aquela ideia mas ela nem me deixou começar – e
nem penses em dizer que não porque não vale a pena, EU VOU CONTIGO! –
sublinhando bem o “vou contigo”. Apenas disse um “obrigada” quase inaudível por
causa do nó na garganta que tinha – E o Harry? – baixei o meu olhar. Queria ir
ter com ele mas estava a dormir e não o queria acordar. Ele precisava de
descansar.
- Vou pedir ao rapazes para que assim que ele
acordar falar com ele e dizer-lhe para me ligar. Explico tudo depois…é melhor
assim.
A Nicole nada disse e levou-me para a sala. O Liam
já estava acordado e foi o primeiro a saber. Ela acabou por acorda-los a todos
para lhes explicar que íamos para Portugal. Não conseguia dizer uma única palavra
e foi a Nicole que acabou por explicar tudo. Cada um deles veio dar-me um
abraço. Disse apenas um “obrigada”. Ouvi o Louis a falar no Harry e a Nicole
rapidamente lhe deu o recado.
(…)
Estava a ser a viagem mais longa da minha vida para
Portugal. Nunca mais o avião aterrava, nunca mais chegava ao hospital para
saber do meu avô. Fechei os olhos e tentei lembrar-me da face do meu avô e por
momentos não consegui. Foi um sofrimento avassalador. Não. Isto não podia
estar a acontecer. Quando lá chegar o avô vai estar bem e eu vou vê-lo sorrir.
Ele vai ficar bem. Ele vai ficar bem. Tentei repetir várias vezes para mim
mas não me conseguia convencer.
(…)
Assim que aterramos a primeira coisa que fiz foi
ligar o meu telemóvel mas ainda não tinha chamada nenhuma do Harry, o que
significava que ainda devia estar a dormir. Eram onze e meia em solo português.
Olhei para a placa dos voos e vi que os meus pais só deviam chegar a meio da
tarde. Suspirei. Precisava deles agora, precisava do abraço da minha mãe. A
Nicole reparou que eu não estava bem e que olhava para o vazio, por isso
chegou-se junto a mim e abraçou-me fortemente. “Vai tudo correr bem…” disse
enquanto me reconfortava.
- Vamos chamar um táxi! – disse-me depois do abraço
mas continuando a dar-me a mão – como é que se chama um táxi em português? –
perguntou-me seriamente. Não consegui controlar o riso. – Pelos visto a minha
ignorância no português faz a minha melhor amiga rir! Nem sabes o quanto esse
sorriso me faz bem… - Fomos para a paragem dos táxis e ainda tivemos que
esperar alguns minutos até chegar a nossa vez.
- Hospital de São João – indiquei ao taxista. Durante
o caminho passou pela minha cabeça inúmeros flashes. Todos da minha infância,
dos poucos dias em que passava com os meus avós. Encostei a minha cabeça no
ombro da Nicole e acabei por fechar os olhos. Tinha medo de nunca mais o ver,
de nunca mais o ouvir.
Levantei a cabeça assim que o taxista indicou a
chegada. Pagamos e saímos. Nunca tinha entrado naquele hospital. E pelos
vistos, havia sempre uma vez para tudo. Entramos e procurei a sala de espera.
Encontrei poucos segundos depois a minha avó juntamente com a minha tia e as
minhas duas primas. Dei uma ligeira corrida até chegar e abracei a minha avó
que parecia estar inconsolável. Tentei não chorar mas foi-me impossível. O
olhar da minha avó estava cheio de sofrimento e eu não conseguia suportar vê-la
assim.
- Como é que está o avô? – perguntei à minha tia
depois de me acalmar e de recuperar o fôlego. A minha tia olhou-me seriamente e
puxou-me um pouco para longe da minha avó – o que é se passa? – perguntei já
ansiosa
- A situação é grave, Mia. Os médicos disseram para
não termos muitas esperanças, o coração do teu avô está muito fraco. –
controlei ao máximo as minhas lágrimas
- A minha mãe já sabe? – a minha tia abanou
negativamente com a cabeça – Quando ela chegar eu conto-lhe!
(…)
- Tens de comer, Mia. – já não era a primeira vez
que ela o dizia. Acabei por ceder ao pedido dela e comi a sandes que ela
trouxera para mim. Tinha um enorme nó no estomago mas fiz um esforço, sabia que
não podia ficar sem comer. Já eram mais de três horas da tarde. O meu telemóvel
começou a tocar o que chamou a atenção da minha avó pensando que fosse a minha
mãe. Abanei negativamente com a cabeça para a minha avó quando vi o nome do
Harry no visor. Assim que atendi, ele começou logo a disparar com perguntas.
- Mia, o que é que se passa? Os rapazes estão com
uma cara de preocupados e não me dizem onde é que estás… - pelo tom de voz
percebi que ele estava com medo que voltasse a desaparecer, que não voltássemos
a estar juntos. – Por favor, onde estás?
- Estou em Portugal, no Porto. – deixei de ouvir a
respiração dele por momentos – o meu avô
está no hospital, Harry. Ele está a ser operado ao coração…os médicos estão com
poucas esperanças. – um silencio ensurdecedor instalou-se entre nós. Deixei
derramar algumas lágrimas quando achei que ele não ia dizer mais nada.
- Vou já para aí… - disse de rompante fazendo de
novo o meu coração bater. Comecei a ouvi-lo mexer de um lado para o outro – vou
apanhar o próximo avião para aí, não te vou deixar sozinha. – um sorriso
formou-se nos meus lábios no meio das lágrimas que me caíam. Era o que mais precisava
de ouvir.
- Harry… - falei com a voz tremida. Ele parou de
fazer o que quer que fosse que estivesse a fazer.
- Não queres que vá? – perguntou receoso
- Quero! Quero que venhas… - tinha a certeza que um
peso enorme lhe tinha saído de cima dele – Só te queria pedir para passares
pela casa da Nicole e trazeres-me algumas peças de roupa. Não sei quanto tempo
vou cá ficar e como vocês têm as chaves, aproveitavas e ias lá. Podes fazer-me
esse favor?
- Claro que sim.
- Obrigada… - ouvi-o de novo a mexer e parecia que
nenhum de nós tinha coragem para desligar a chamada. Continuava com o telemóvel
encostado ao ouvido. Só de ouvir a respiração dele, acalmava-me. Ficamos algum
tempo assim, em puro silêncio até que ele decide quebrar o silêncio.
- Mia… - o meu coração parou por breves segundos à
espera do que ele podia dizer a seguir – não te vou abandonar nunca mais, estou
aqui para ti, sempre. – um arrepio percorreu o meu corpo da cabeça aos pés
dissipando-se no interior do corpo.
- Nem sabes o quanto isso significa para mim… -
disse do fundo do coração ainda com ele a bater freneticamente depois do que
ouvira.
- E tu nem imaginas o quanto desejava poder
dizer-to novamente. – não consegui dizer mais nada. Não havia palavras que
significavam mais do que o meu próprio silêncio e tinha noção que ele compreendia
o que estava a sentir. – Bem, eu não queria desligar mas já foi um bocado
complicado vestir-me com o telemóvel e conduzir será ainda pior…
- Não há problema, Harry. – disse – Até já…
- Até já, amor. – ouvi-lo novamente a chamar-me “amor”
foi uma sensação indescritível. Foi como se nunca nos tivéssemos separado. Pela
primeira vez deixou de haver aquele vazio que nos separava. Desliguei a chamada
e encarei a Nicole.
- Pelo que ouvi, parece que a conversa com o Harry
correu bem… - disse a Nicole com um sorriso no rosto, eu também estava. Apesar
de tudo o que estava a acontecer, apesar de estar no hospital, o Harry fazia-me
sempre feliz em qualquer situação.
- Sim. – acabei por dizer algo envergonhada – ele vem
para aqui.
- Ai o amor… - disse em tom de brincadeira
- Parva! – dei-lhe um ligeiro empurrão – Então e tu
e o Zayn, quando é que se resolvem? – a cara da Nicole mudou de imediato
ficando um pouco vermelha
- Não me lembro de estar a falar de mim, Mia… -
disse desviando o assunto – não percebo porque é que te lembraste de mim e do
Zayn.
- Pois pois. A conversa não te agrada não é? – ela nada
disse – Também tenho que me armar em casamenteira para vos juntar! – ela levantou-se
e foi buscar qualquer coisa para comer. Aquela miúda era incrível, se não
existisse tinha que ser inventada.
(…)
Estava encostada à Nicole quando ela me chamou á atenção.
Tinham acabado de chegar os meus pais. Assim que a minha mãe me viu, veio logo ter
comigo. Vi algumas lágrimas a escorrem-lhe pelo rosto mas prometi a mim mesma
que não choraria à frente dela. Ela precisava de mim, tinha que ser forte. Não sei
quanto tempo estivemos abraçadas sem dizer uma única palavra, senti também os
braços do meu pai a envolver-nos. A minha mãe acabou por ir ter com a minha avó
enquanto o meu pai ficou ao pé de mim.
- Como é que estás? – perguntou-me com um ar
abatido e cansado enquanto me dava um beijo e um abraço
- Ansiosa que o médico chegue e que diga alguma
coisa… - acabei por dizer – e a mãe, como é que ela está? – olhei de relance
para ela e vi-a abraçada à minha avó.
- Está a aguentar-se… - Não dissemos mais nenhuma
palavra. A única coisa que nos restava fazer era esperar. – Podes chorar… -
aquelas palavras foram o suficiente para quebrarem a minha força. Abracei-o
enquanto as lágrimas caiam pelo rosto.
(…)
- Mia… –
olhei para a Nicole – o médico já chegou! – levantei-me num ápice da cadeira e
fomos todos ter com o médico. O meu coração parou no momento em que o médico se
preparava para falar.
Mais um capitulo =)
Espero que tenham gostado
Já sabem, deixem as vossas opiniões, são sempre importantes!
Dri
Ola! Aqui está mais um capítulo fantástico mas deixa-me dar-te um conselho se queres preservar o bem desta tua leitora...Não podes deixar um capítulo com todo este suspanse! Vais provocar-me um ataque de ansiedade e consequentemente um ataque cardíaco! Tou a brincar...Mas agora assério o capítulo está divinal!!!!
ResponderEliminarAdorei!!!!!!
ResponderEliminarComo sempre maravilhoso, apesar das ciscunstâncias em que a Mia se encontra, o capítulo está lindo, e o Harry foi um querido em ir ter com ela:)
Só estou, como sempre, ansiosa pelo próximo capítulo, até mesmo para saber o que é que o médico tem a dizer...
Continua a escrever da forma maravilhosa que tens feito até agora!
Beijinhos
Olá minha querida, por momentos fiquei com o coração tão apertado por saber que ela não ia dizer nada ao Harry que quase me dava uma coisa má. Apesar desta situação tão desagradável é bom saber que o Harry vai ter com a Mia para a ajudar, por vezes são as piores situações que trazem as melhores.
ResponderEliminarContinua a escrever desta forma tão perfeita e tão tua característica.
Beijinhos
Finalmente!! Apesar da situação não ser das melhores eles os dois parecem finalmente um casal... XD
ResponderEliminarEstá fenumenal, e achei mesmo querido O Harry decidir ir ter com ela! *-*
Não é por nada mas, como hei de dizer?.. Até era "bom" isto acontecer na vida real, mas com circunstâncias diferentes, pois não desejo o mal a ninguém, mas se fosse verdade ele estaria mais perto de nós.... XD
AMOO, e se continuares a escrever assim vou ter um ataque de anciedade!! :p
<3
Adorei, tenho pena do avô da mia pá.
ResponderEliminarE o harry vai ter com ela que fofo, mas acho que ela devia te-lo acordado antes de ir embora mas ele é um querido e por isso vai ter com ela.
o capitulo está fantástico
beijinho
Esta otimo como sempre!
ResponderEliminarPublica o proximo o mais rapidamente possivel,please
Ahhhh *-* Apesar da situação da Mia não ser a melhor, fiquei com tanto medo de acontecer o mesmo que aconteceu no passado, mas pelos vistos ela disse aonde estava e o Harry vai ter com :D
ResponderEliminarAhahaha está perfeito *-* :D
escreve o proximo se nao eu morrooooo
ResponderEliminarAmei.
ResponderEliminarAinda bem que o Harry foi ter com ela.
Fantático.
Beijinhos
Por favor escreve o proximo vou dar em doida assim :s
ResponderEliminarOla! Quando é que publicas o próximo?! Estou a morrer de curiosidade... É verdade espero que não te importes mas divulguei o teu blog no Twitter! Se houver problema avisa.
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