sábado, 11 de maio de 2013

62º Capítulo - "Second chance"




[Mia]

Friozinho na barriga, borboletas a esvoaçarem livremente dentro da minha barriga provocando um nervosismo extra. Incertezas apareceram de repente assombrando as minhas ideias. Será que ele vai gostar? Prendi o meu lábio inferior com os dentes numa tentativa de acabar com aquele nervosismo. Mas não acalmou nem muito menos acabou com o nervosismo. Prendi a respiração assim que levei uma das minhas mãos à parte de trás da cabeça de Harry desapertando o nó que segurava a venda nos olhos. Segurei o pano castanho entre os meus dedos enquanto o guardava na minha mala curiosamente também castanha. Ainda tinha a outra mão à frente dos seus olhos para a eventualidade de ele querer abrir os olhinhos antes do tempo.

Percorri com o meu olhar toda a extensão da sua beleza mesmo à minha frente. Deixei a mão descer sobre a sua face revelando toda a plenitude da perfeição. Pestanas longas, lábios incrivelmente bem delineados, umas covinhas fofas que sempre aparecem quando sorri, caracóis rebeldes mas ao mesmo tempo completamente ordenados. Sim, a perfeição existe e está mesmo à minha frente. Comigo. A linha dos seus lábios nas pontas ergueram-se para cima formando um sorriso encantador. E mais uma vez o meu coração pareceu que tinha parado, como sempre acontecia cada vez que ele sorria daquela maneira. Uma vontade enorme preencheu o meu corpo levando a que unisse os meus lábios aos dele num beijo rápido. Imagens passaram na minha mente levando-me a sorrir. E ele ainda continuava de olhos fechados.

***

- Mas o que é que estás a fazer, menina Mia? – Harry olhava para mim perplexo enquanto descalçava os meus ténis em pleno jardim. À primeira vista pode parecer maluquice mas tinha uma boa razão. Assim que fiquei apenas com as meias azuis claras à vista levei os meus pés para cima dos de Harry crescendo uns pequenos centímetros em altura. Sorri ao ver que os seus lábios já estavam um pouquinho mais perto dos meus.

- Odeio que sejas assim tão mas tão alto. Praticamente que é preciso implorar por um beijo teu. – resmunguei colocando os meus braços em redor do seu pescoço puxando-o ligeiramente para baixo para assim poder beija-lo.

- Tu sabes que gosto de ti assim, pequenina. Assim posso proteger-te com o meu corpo…Adoro essa sensação.

- Eu também gosto muito de me sentir protegida por ti.

***

Deixei os sapatos saírem dos meus pés e encaminhei-me para cima dos seus enormes pés. Um sorriso enorme apareceu nos lábios. Ele tinha-se lembrado. Enrolei os meus braços em torno do seu pescoço e levei os meus lábios até ao canto da sua boca. Arregalei os olhos assim que me apercebi que ele tinha prendido a respiração. O meu peito estava contra o dele e apenas tinha dado conta dele subir e não descer. Movi os lábios distanciando-me da sua boca em direcção às maças do rosto. Fui deixando um rasto húmido sobre a sua face até chegar à orelha. Um gemido rouco vindo da garganta de Harry rompeu o silencio assim que levei os dentes ao contacto com o lóbulo da orelha dele.

- A i-isso chama-se tortura… - as palavras saíram num puro sussurro e verdadeiramente trémulas. Sorri triunfante ao perceber que tinha chegado ao meu objectivo.

- Eu sei, Harry… - fui buscar ao meu interior a voz mais sensual que consegui encontrar e deixei ecoar bem próximo do ouvido de Harry. Os músculos de Harry tremeram de uma forma que nunca pensei que fosse possível.

- Dois podem jogar esse jogo… - mais uma vez a voz do Harry saiu intermitente mas também com uma boa dose de sensualidade. Desta vez foi o meu corpo que correspondeu aquele estimulo provocando um enorme formigueiro na barriga. Escovei o meu nariz sobre as maças do rosto dele tocando também ao de leve com os lábios e dirigi-me para os seus lábios também. Rocei neles antes de levar o lábio inferior entre os meus dentes puxando ao de leve.  

- Fico à espera então! – concluí com um beijo rápido e um sorriso ficou marcado na sua face durante largos segundos. Cheirava-me que iria receber vingança mais cedo ou mais tarde. – bem, está na hora de abrires os olhos porque apesar de estar a fazer tempo para ver se fico mais calma, não consigo. – ao mesmo tempo que descia de cima dos pés de Harry voltando a calçar os sapatos.

- Se quiseres eu posso ficar de olhos fechados desde que continues a fazer o que estavas a fazer. Estava a amar embora vá gostar ainda mais quando fores tu a vítima. – e este era o meu Harry em nível de perversidade e sensualidade bastante alta deixando-me com o sangue todo a fervilhar e a aflorar nas maças do rosto.

- Não. Tens mesmo que abrir os olhos agora. – respondi com o coração nas mãos – Espero mesmo que gostes…

- De certeza que vou gostar, amor. – trinquei o lábio inferior assim que os estonteantes olhos verdes apareceram devagar. Ele parecia querer-me torturar com apenas aquele olhar. Como é que ele o conseguia fazer? Como é que ele conseguia deixar-me sem folego apenas com o olhar?  

- Estás linda… - nunca passara pela minha cabeça que a primeira coisa que ele fosse dizer passava por um elogio. Era só mais uma prova de como ele conseguia facilmente deixar-me sem jeito. E algo me dizia que ele andava a magicar alguma coisa naquela cabecinha. Aquele olhar não enganava ninguém. Passado alguns segundos em que o meu mundo apenas se baseou no olhar penetrante do Harry, vi-o olhar em redor tentando descobrir aonde é que o tinha metido. A boca dele abriu num perfeito “o” assim que olhou para algo. Desviei a minha cabeça na direcção do olhar e encontrei a minha surpresa – um balão de ar quente?!? – o meu coração deu um nó assim que o vi olhar atentamente para o balão com um ar indecifrável.  

- Gostas?! – perguntei ao não receber nenhum comentário por parte do Harry – Bem, eu pensei que isto fosse uma boa ideia para te tirar o medo de alturas… - expliquei agora cheia de dúvidas e incertezas. Ele pousou o olhar em mim e sinceramente não conseguia depreender o que aquela expressão queria dizer. – Então? – voltei a insistir para obter a resposta tão esperada e que a demora estava a fazer parar o meu coração. Aquela espera estava a matar-me.

- Sabes, passou-me mil e uma coisas pela cabeça, mas nunca, mesmo nunca me passou isto pela cabeça… - disse olhando de novo para o balão de ar quente que já estava pronto para descolar.

- Isso é bom ou mau? – perguntei de novo ao vê-lo envolto em pensamentos que me suscitavam curiosidade. Parecia que lhe estava a custar-lhe dizer o que realmente estava a pensar.  

- Bom, muito bom, óptimo, excelente… - um sorriso foi-se formando há medida que ele ia dizendo aquelas palavras, era como se tivesse ganho o euromilhões. Ele fazia de mim a rapariga mais feliz do mundo  …Perfeito. És um verdadeiro anjo! – as mãos dele ladearam a minha face e numa questão de segundos senti os seus lábios junto aos meus envolvendo-os num beijo calmo. – aquilo sobe muito alto? – murmurou depois de quebrar o beijo. A expressão dele naquele momento foi uma das coisas mais fofas que eu alguma vez vi.

- Sim. – disse. Arregalou os olhos e respirou fundo de seguida várias vezes. Contei pelo menos quatro. Quando ia para a quinta pus a mão em cima do seu peito, no lugar do coração. – Estás comigo, estás seguro. Eu protejo-te de tudo…

- Gosto disso… - proferiu apenas. Os braços de Harry envolveram a minha cintura elevando-me no ar. Aquilo apanhou-me desprevenida e apenas tive tempo de me agarrar ao pescoço dele para não me desequilibrar. Leveza. Era o que sentia, uma estranha paz a percorrer todo o meu corpo sempre que estava nos braços dele.

- Eu também, Harry. – murmurei puxando ainda mais o corpo dele contra o meu. Assim que voltei a sentir os pés assentes na terra, a realidade embateu contra mim. Já estávamos ali á demasiado tempo –  Então vamos? Daqui a pouco já é tarde demais e depois não podemos andar.

- Sim, vamos lá… – Ele bem tentou mostrar-se confiante com aquela ideia de ir andar no balão de ar quente mas falhou por completo o objectivo. Sorriu para mim envergonhado e eu sorri-lhe também tranquilizando-o. O Harry entrelaçou os dedos nos meus e finalmente encaminhamo-nos em direcção ao lugar de embarque.

O Sr. Williams, o homem com quem tinha falado e tratado com todos os pormenores sobre o voo, passou para nós dando-me sinal que o balão de ar quente estava preparado e que as condições climatéricas estavam perfeitas para um bom voo. Seria ele que iria pilotar o balão de ar quente. O Harry ficou surpreendido com a enormidade da cesta apesar de ser apenas de duas pessoas, achava que fosse mais pequena tal como eu.

- Então pronta para um passeio inesquecível? – virei-me para trás em direcção á voz e encontrei o rapaz que também me atendera no dia anterior. O seu nome era Nate e não devia ter mais do que dezanove anos. Não podia mentir e dizer que era feio, aliás era bastante giro mas nada que se comparasse ao Harry, claro.

- Claro que sim. Estou bastante ansiosa… - sorri. Ele sorriu de volta e continuou o seu caminho. Voltei a minha atenção de novo para o Harry e a sua expressão era de quem estava pronto para matar. – O que se passa? Que cara é essa? – perguntei colocando-me em frente dele ainda de mãos dadas.  

- Quem é aquele? – a sua expressão era fechada e agarrou com mais força a minha mão. Tinha a testa franzida e aos poucos uma veia foi aparecendo no pescoço. Ciúmes. Aquilo era sinal de ciúmes. – Que confianças são aquelas?

- Sabes que amo ver-te com ciúmes, consegues ser ainda mais bonito. – afirmei enquanto me aproximava mais dele e mantive toda a minha atenção nos seus esverdeados. – Aliás, eu amo ver-te de qualquer maneira…

- Não mudes de conversa, Mia. Quem é que era aquele tipo que olhou para minha namorada de cima a baixo?

- Em primeiro lugar o rapaz não me olhou me olhou de cima a baixo como disseste, estás a exagerar, ele apenas foi simpático. Em segundo o rapaz tem nome e é Nate e por último ele é filho do Sr. Williams e trabalha aqui. – expliquei tranquilamente – E eu gosto muito de ti e gostava ainda mais se fossemos andar no balão sem mais nenhuma paragem. – tentei desviar a atenção dele para outro assunto mas foi em vão.

- Ele não vem connosco? – a expressão dele era hilariante.

- Não. O Sr. Williams é o único que vem connosco, é o piloto. – falei enquanto o puxava para o balão. Já estava mais do que na hora de andarmos antes que o tempo mudasse.

(…)        

Ar frio batia na minha cara fazendo com que o meu cabelo abandonasse os meus ombros e pairasse sobre o vento. A paisagem vista a centenas de metros de altura era qualquer coisa de extraordinário e de indiscritível. O meu corpo relaxava à medida que avançávamos pelo céu descoberto de nuvens. Era somente ar puro que ali se respirava, nada mais. Quer dizer, também se respirava muito amor. O Harry já não estava de olhos fechados nem apertava a minha mão como se a vida dele dependesse disso. Ele agora encarava como eu a paisagem que imperava sobre nós. O olhar dele era especial. Abandonou o medo que sentia pelas altura e deixou-se levar por toda a harmonia que havia instalado sobre nós.

A minha atenção ficou vidrada na figura esbelta de Harry. Ele tinha-se tornado no meu “simples”. Ele tinha transformado tudo à minha volta e tudo para melhor. Eu podia caracterizar-me por uma pessoa bastante racional e pouco afectiva, talvez mesmo fria. Mas agora apercebi-me que já não gosto do frio, o frio entristece-me, afinal, não é bom sentir frio. Gostei demasiado do calor do abraço do Harry, do calor dos seus olhos, do calor da voz rouca e do quentinho que é sentir-me segura ao lado dele. Ele ensinou-me a amar cada momento, cada segundo, cada respirar. Por mais que tente não consigo arranjar maneiras para o definir e para definir o nós que se foi criando ao longo dos tempos porque rapidamente as palavras se evaporam na minha mente. Mas, sinceramente, isso deixou de ser uma preocupação minha. Aprendi com o tempo que amar é não saber explicar porque tudo o que sinto faz sentido com o Harry e apenas com ele quando o cruzamento do olhar acontece. Olhei momentaneamente para a minha mala e já só faltava uma surpresa.

Um sorriso apareceu na minha face assim que senti os braços dele a tocarem na minha pele. A mão dele viajou pelo interior da minha camisola brincando deliciosamente com os dedos sobre a minha barriga. Acabei por me sentar no colo dele assim que a simples brincadeira se transformou em cócegas. Eu morro de cócegas.

- A vista aqui de cima é fenomenal. – ele sussurrou antes de deixar um beijo na dobra do pescoço com o ombro. – Obrigada por esta surpresa. Adorei.

- E ainda não acabou… - disse envergonhadamente. Ele olhava para mim confuso por isso peguei na minha mala e retirei de dentro dela duas caixas. Era o que estava no interior daquelas caixas que me tinha retirado o tempo nos últimos dias. – Bem, isto pode ser ridículo. – comecei. Ele olhava-me cada vez mais confuso sem perceber o que estava a acontecer. Abri a caixa e retirei do seu interior a pulseira que pertencia ao Harry e que eu sorrateiramente lhe tinha tirado. – Não sei se te lembras mas deste-me uma pulseira igual a esta naquele dia em que fomos ao cinema com a escola. Disseste que representava a nossa união. – os meus dedos brincavam nervosamente enquanto seguravam o material de prata – Apesar de ter tirado a minha pulseira quando fui para São Francisco, nunca me consegui desfazer dela. E bem, quando estava a desfazer as malas assim que chegamos aqui, reparei que tu também andavas com ela. Achei que seria uma boa altura para voltarmos a usa-las. – retirei também a minha pulseira da caixa – Tomei a liberdade de acrescentar um pequeno objecto à pulseira. – o Harry pegou no pequeno objecto de prata e leu o que estava gravado na pulseira.

- Second chance” – ele repetiu em voz alta. Um brilhozinho no olhar apareceu à medida que as covinhas que tanto amava também se desenhavam no seu rosto perfeito.

- É a nossa segunda oportunidade… - repeti também enquanto irradiava felicidade.

- Sim, é a nossa segunda oportunidade. – as enormes mãos de Harry agarram as duas pulseiras que estavam na minha posse e com facilidade abriu uma delas. Fez sinal para que esticasse o meu braço e assim o fiz. O material frio embateu contra a pele do meu pulso assim que se ouviu o clique que fechava a pulseira. Movi o braço assim como a pulseira. Era perfeita. Fiz o mesmo processo que o Harry havia feito comigo e coloquei-lhe também a pulseira.

Os lábios dele tocaram na pulseira antes de irem para a minha pele. Arrepios percorreram os músculos e tudo desapareceu da minha mente, até o meu estado mais acanhado por não estarmos sozinhos. Beijos foram deixados por todo o braço agora com a pulseira no fim. Arrepios e formigueiro na barriga intensificaram assim que os lábios de Harry encontraram o meu pescoço. O nariz dele rouçava na pele provocando-me inúmeras cócegas e contrações musculares. Inclinei a cabeça para o lado direito dando-lhe uma maior extensão do meu pescoço. Um gemido saiu da minha garganta após sentir os dentes de Harry sobre a minha pele.

- Amo-te princesa! – murmurou antes dos seus lábios encontrarem os meus dando inicio a um beijo coberto de sentimentos.

- Eu também te amo!   

(…)

Pesadelo. Pesadelo, apenas isso. Acordei com o coração a bater tão rapidamente que mais parecia que ia parar. Era hoje. Era hoje que iria saber os resultados da minha candidatura. Olhei para o lado à procura do calor de Harry mas ele não estava na cama. Não havia vestígios do Harry no quarto. Esfreguei os olhos antes de os piscar repetidamente. O meu telemóvel marcava as oito e quarenta e sete da manhã. Onde é que ele estaria? Levantei-me lentamente e peguei na t-shirt branca do Harry que estava no fundo da cama e vesti-a. Ao descer as escadas o som de vozes começou a aumentar.

- Harry? – chamei-o.  

O meu coração apertou assim que o vi ao lado da sua mãe. Eles estavam sentados no sofá com ele ainda de boxers. Ele desviou o olhar para mim e o mundo ruiu. Lágrimas escorriam pelo rosto perfeito de Harry.    



Olá

Bem, aqui está mais um capítulo, acho que agora vou voltar a publicar com mais frequência já que tenho mais tempo disponivel. 
Espero que gostem e que deixem os vossos comentários, são muito importantes para mim!

beijinhos 

4 comentários:

  1. adoro amo asdfghjkl , és uma excelente escritora !
    - Sofia

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  2. Adorei!
    Já tinha saudades da Mia e do Harry, do casal sensação que está sempre a dar que falar aqui no teu blog. Eles são tão apaixonados, e a surpresa da Mia foi tão querida! As pulseiras, que original!
    E agora quero saber o que se passa para o Harry estar a chorar. E se aconteceu alguma coisa?
    Esprero anciosamente pelo próximo.
    Beijinhos :)

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  3. Mais, mais e mais !
    EStou muito ansiosa pelo proximo
    beijinho xx

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