O Louis empurrou-me literalmente em direção ás escadas para
as subir. Não tinha alguma hipótese em dizer que não. Fui até ao quarto mudar
de roupa enquanto a Nicole dormia completamente ferrada. Aquela miúda dormia e
dormia. Apesar de tudo, era mesmo bom poder estar de volta. Abri a mala e tirei
as primeiras peças de roupa que encontrei. Vesti-me e dei ao Louis as minhas
malas para ele ir levar ao carro enquanto ia fazer as minhas necessidades. Quando
saí da casa de banho, dei de caras com o Harry. Vinha cabisbaixo e sem dúvida,
com cara de cansado, não devia ter conseguido mesmo dormir. Tal e qual como eu.
- Não devias estar a descansar por causa da tua noite
recheada de más recordações? – perguntei da forma mais fria que consegui
encontrar dentro mim. Tinha-me magoado mesmo muito a forma como ele tinha
falado minutos antes. Precisava que ele percebesse que o que tinha dito minutos
antes me tinha feito moça cá dentro. O problema é que por muito que tentemos,
nunca estamos suficientemente preparados para a rejeição da pessoa que se
gosta.
- Devia. – respondeu ele muito rapidamente sem nunca ter um
contacto visual comigo, o que tornava a nossa conversa muito mais complicada.
Odiava quando as pessoas não tinham coragem para falarem olhos nos olhos. – Mas
quando cheguei á cozinha a minha disposição piorou ainda mais… - desta vez fez
questão de o dizer olhando-me. Os olhos dele transmitiam mágoa, a desilusão do
dia em que parti, tudo aquilo que não queria de todo ver mas que sabia que
existia. Um gelo assolador percorreu o meu corpo dos pés á cabeça parando no
coração, fazendo-o abrandar aos poucos. Era a pior sensação do mundo, a pior de
todas.
- Porque é que estás a ser assim? – a minha voz saiu da minha
boca completamente trémula. Aquela situação estava a dar cabo de mim – Explica-me,
porquê? – prossegui, quase em desespero por uma resposta dele
- Querias o quê? – nunca o tinha visto daquela maneira, o
Harry que conhecia não era assim. – Que te recebesse de braços abertos e que
fizesse uma grande festa? Não me parece… - como era obvio não estava á espera
que ele me tratasse lindamente nem que fossemos os melhores amigos, mas
desprezar-me da maneira como o fez? Não estava á espera de todo, nem conseguia
aguentar que o fizesse. Doía demais.
- E tens que me tratar desta maneira? – perguntei segurando
heroicamente as lágrimas que se formavam no canto do olho
- Queres que te trate como? – pude reparar que uma fina
camada de água estava a formar-se nos olhos dele, o que me fazia ficar ainda
pior.
- Mia, as malas já estão no carro… - virei-me para trás e o
vi o Louis a subir as escadas – já estás pronta? – nem sabia se ele tinha
entrado na hora certa ou não. Acho que ainda não estava preparada para ouvir
tudo o Harry tinha para me dizer
- Sim, Louis! Já estou pronta… - respondi virando as costas
ao Harry para ir ter com o Louis – vamos lá ver se Londres continua na mesma! –
continuei, tentando esconder a mágoa da conversa que estava a ter.
- Então vamos! Primeiro passamos por tua casa para guardar
tudo e depois vamos passear! – dizia o Louis mexendo alegremente com as mãos
enquanto saiamos de casa em direção do carro dele
- Não é melhor acordar a Nicole e dizer-lhe que vou sair? Não
quero que ela fique preocupada… - disse assim que abri a porta do carro. Tinha
acabado de chegar a Londres para estar com ela e já me estava a ver livre dela.
- Não te preocupes com isso. Eu passei pelo Zayn e disse-lhe
para ele a avisar…ela fica em boas mãos… - achei aquela afirmação tinha-me
deixado um pouco curiosa
- É impressão minha ou há aí dois sentidos nessa afirmação? –
perguntei perspicazmente segurando a atenção do Louis
- Vais perceber o que quero dizer assim que passares mais uns
dias com ele…
- A Nicole gosta dele? – perguntei entusiasmada –
E…espera…qual deles é o Zayn? – a minha memória para nomes estava mesmo pobre –
É o rapazinho do cabelo escuro que a
levou ao quarto?
- É esse mesmo. Mas não digas a ninguém que eu te disse…é
daqueles segredos que toda a gente sabe mas que ninguém fala…
- Oh, estou a ver estou… - estava a ver que tinha de ter uma
conversa bastante longa com a menina Nicole.
***
Como gostava de desfazer malas, é estranho, mas adoro retirar
as roupas das malas e espalha-las pelo quarto. Ainda por mais num quarto novo.
A casa da Nicole estava igualzinha como a conhecia, praticamente não tinha
mudado grande coisa. O Louis estava a ajudava-me a arrumar a minha tralha.
- Acho melhor seres tu a arrumar esta parte… - olhei para ele
e reparei que ele já tinha chegado á parte da bolsa que continha a roupa
interior – não quero que chegue o teu namorado musculado com dois metros,
americano, para me dar porrada por estar a mexer aonde não devia!
- Ahah! O único homem que pode aparecer vindo de São
Francisco só pode ser o meu pai… - disse rindo – e não te preocupes, não
aparecerá nenhum namorado porque não o tenho… - o Harry apareceu na minha mente
invariavelmente, já era impossível não o ter a viajar a toda a hora pelos meus
pensamentos
- Como é que isso é possível? – o ar de espantado do Louis
era engraçadíssimo – os americanos andam com os olhos tapados, só pode.
- Mas olha lá uma coisa, tu tens namorada? – perguntei enquanto
acabava de pôr as camisolas na gaveta
- Não!
- Então é ainda pior. Fazes parte de uma banda, pelos vistos
és famoso, como é que é possível não teres namorada? Deves ter centenas de
raparigas atrás de ti…
- Ainda não encontrei a tal…
- Humm…está bem! – acabamos por arrumar o resto das coisas e saímos
de casa para irmos passear.
***
Depois de andarmos um pouco pela cidade, já era altura de
almoçar. Fomos comer qualquer coisa e depois continuamos o nosso passeio. Ao
longo da tarde pude reparar que os rapazes eram mesmo muito famosos. Tivemos que
parar uma centena de vezes para ele poder dar autógrafos e tirar fotos. Não
dávamos mais do que dois passos seguidos sem sermos abordados por raparigas.
Realmente, isto de ser famoso devia ser um bocado cansativo. Depois de algumas
horas, finalmente não tivemos que parar mais vez nenhuma.
- Fala-me um pouco de ti… - perguntou Louis depois de nos
sentarmos num banco de jardim – só sei aquilo que contou a Nicole a caminho
para o aeroporto.
- Bem, deixa-me cá ver o que podes saber! – ele fez uma cara
de espantado – não podes saber tudo sobre mim logo de uma vez. Depois falamos
do quê? – respondi a sorrir
- Então isso quer dizer que queres continuar a falar comigo?
Não sou chato?
- Se tu és chato então eu sou uma chata ao quadrado! Mas
continuando… como deves saber chamo-me Mia Rodrigues. Sou descendente de avós
paternos portugueses mas sou inglesa. Os meus avós vieram para Inglaterra para
terem uma vida melhor e depois acabaram por ficar por cá. Quando se reformaram
voltaram de novo para Portugal. Vou visita-los um dia destes – fiz uma pequena
pausa para me lembrar de mais coisas – Fui para São Francisco à três anos porque o meu
pai recebeu uma proposta de trabalho lá, para além de que era um sonho meu
estudar nos Estados Unidos – esta parte trouxe-me novamente á flor da pele o
meu sofrimento – Sobre a minha pessoa em si, sou uma verdadeira maluca. A
parvoíce anda comigo sempre…e pronto. É o que podes saber por agora…
- Muito bem…então quer dizer que se eu quiser saber mais,
temos que ser amigos?
- Epah, se for assim um grande sacrifício deixa para lá… -
disse enquanto me levantava do banco fingindo-me amuada
- Ahah! Estava a brincar! É claro que quero ser teu amigo…
- Ainda bem!
***
Continuamos a andar pela cidade. O mais estranho de tudo era
que sempre que visitávamos alguma coisa, ele arranjava logo outra para irmos
ver. Era realmente muito estranho. Já lhe tinha dito que me apetecia ir para
casa mas ele não me deixava. Dizia que não podia ir já porque ainda era cedo e
que os planos dele ainda iam a meio. Se eu fosse uma turista ainda compreendia,
mas não o era, já conhecia a cidade muito bem.
- Ouve lá, é impressão minha ou tu estás a afastar-me de casa
á força toda? – perguntei já um pouco cansada de andarmos durante tanto tempo
- Não estás a gostar da companhia?
- Não é nada disso, mas parece que estás a fazer tempo para
não irmos para casa. O que é que andas a tramar?
- Eu não ando a tramar nada. E para te provar isso, podemos
ir já para casa!
- Até que enfim. Preciso de descansar…
***
Quando vi a casa dele nem queria acreditar. Já me doía imenso
os pés. Ele estacionou o carro e apressei-me a sair. Assim que ele abriu a
porta, uma verdadeira escuridão invadia a sala.
- SURPRESA!!!!!!
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Peço desculpa pela demora mas só cheguei á pouco tempo do hospital.
Espero que tenham gostado!!
Mais uma vez, muito muito obrigada pelos comentários. São incríveis!
Obrigada,
Dri
Está maravilhoso :) x
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