O rapaz que acabara de entrar na sala fizera despertar em mim
mil e uma recordações do passado. Tentei a todo o custo manter-me serena e
aparentemente normal enquanto no meu interior se expelia por todos os cantos do
meu corpo, múltiplos sentimentos destintos. O peso anormal fixou-se sobre mim,
sentia o corpo mais pesado do que o normal. O Harry tinha ficado na mesma
posição desde que me vira. Aqueles olhos azuis esverdeados continuavam
irresistivelmente perfeitos, aliás, como todo o corpo. Fui-me perdendo lentamente
em pensamentos e em como aquele ser nunca mais faria parte de mim. Sim. Fui eu
que o deixei, fui eu que acabei com a nossa relação para poder ir para São
Francisco. Não tinha perdão nem esperava algum tipo de carinho por parte dele.
- Não vens aqui cumprimentar a visita?! – a voz do Louis, o
único que me lembrava o nome, chamou alegremente o Harry. Mas ele, ou não
ouvira, ou fizera que estava surdo. Não o vi mexer nem um único músculo na
minha direção nem em outra qualquer – Harry acorda! – a voz do Louis não estava
a incutir qualquer tipo de manifestação no Harry. Não conseguia perceber para
onde estava a olhar. Tinha a certeza que não era para mim. Conseguia sentir, em
qualquer momento, quando o olhar dele se posicionava em mim. Vi o Louis a dirigir-se
ao Harry, visivelmente cansando de o chamar, e a dar-lhe um pequeno encontrão
para ver se regressava á Terra.
- O que é que queres? – ele voltara a olhar para mim
percebendo de imediato o que o Louis queria. Estremeci novamente. Afinal tinha
medo. Tinha medo da rejeição dele, da forma como ele me pudesse tratar á frente
de todos. Apesar de saber que não merecia nada dele, não queria que a minha
vida ficasse exposta em frente de pessoas que acabara de conhecer.
- A amiga da Nicole acabou de chegar… - afirmou Louis ao
mesmo tempo que abria os braços na minha direção – é a Mia! – ele deu um
ligeiro empurrão ao Harry que o fez desgarrar o chão que pisava e vir na minha
direção. O meu coração reagiu de imediato, provocando uma respiração mais
irregular e profunda. Os pés dele arrastavam-se pelo chão denunciando algum
descontentamento continuando mesmo assim, a vir na minha direção. Quando chegou
perto de mim, pelo menos o suficiente, esticou a mão dele para mim. Não pude
deixar de ficar surpreendida mas ao mesmo tempo compreendia-o. O que ele queria
devia ser distância de mim. Estiquei a minha mão e demos um aperto de mão muito
rápido. O problema, é que pelos vistos, o Louis não ficou lá muito satisfeito –
mas isso são maneiras de cumprimentar uma rapariga?! – aquela afirmação fez-me
corar um pouco. Não sabia como reagir ao ter algum contacto mais físico com ele
– ando eu a criar este rapaz para isto! – os restantes rapazes riram-se da
afirmação do Louis, incluindo a Nicole.
O Harry acabou por dar mais uns passos em frente ficando
assustadoramente perto de mim. Ele inclinou-se sobre mim e fez de conta que me
cumprimentou com dois beijos. O que fez foi simplesmente encostar a face dele á
minha e rapidamente voltou para a divisão da casa aonde se encontrava antes de
chegar. Tive que fechar os olhos momentaneamente para ter a certeza que ele me
tinha acabado de tocar. Ele voltou a provocar em mim aquele friozinho na
barriga, aquele calor estranho que invade todo corpo numa ponta á outra. Aquele
sentimento tinha estado adormecido dentro mim, ao contrário do que pensava,
pois poderia jurar que já o tinha apagado de mim. Não queria voltar a sentir o
mesmo, voltar a ficar imponente, ridícula…apaixonada.
- O que é que passa com ele?! – o rapaz de cabelo escuro
tinha acabado de falar. A pergunta dele foi rapidamente respondida pelo Louis
- Coisas á Harry! – ao mesmo tempo que mexia com os ombros em
sinal de despreocupação – Oh mano, o jantar já está pronto? – perguntou ao
mesmo tempo que se dirigia á cozinha. O Harry deve ter respondido pois o Louis
voltou para nós e fez sinal para irmos para a cozinha. O rapaz louro
levantou-se depressa do sofá e a correr, foi para cozinha, seguido pelos
restantes a rirem. Olhei para a Nicole e não consegui deixar de soltar uma
gargalhada. Ela colocou a mão em redor do meu pescoço e fomos as duas para a
cozinha também.
Assim que entramos o meu olhar encontrou o do Harry. Porque é
que estava a ser tão difícil desviar a minha atenção dele, seria tão mais fácil
se pudesse cortar pela raiz aquele sentimento ridículo. Um dos rapazes, cujo o
nome me esquecera, indicou-me o lugar na mesa. Para grande alivio, o Harry
ficava bem longe de mim. Olhei para o jantar e logo veio um cheirinho
delicioso. Aquilo tinha mãos do Harry. Tinha a certeza.
A conversa foi fluindo entre mim e os restantes rapazes com a
ajuda da Nicole. Contei o que me tinha acontecido nos últimos anos sempre sob o
olhar atento do Harry. Ele bem tentava disfarçar que não queria saber, mas pude
reparar, em certos pormenores, que estava curioso. Não me alonguei muito na
minha história, até porque não há grande coisa para contar.
No final da sobremesa, ajudei a arrumar a loiça que se
encontrava em cima da mesma para dentro da máquina de lavar loiça. Já há
demasiado tempo que não me ria assim tanto. Não sabia se era por estar de
volta, se por ter reencontrado a Nicole, ou se, mais provavelmente, ter voltado
a estar no mesmo espaço que o único rapaz que mexe interiormente comigo.
No meio de tanta discussão e de tantas opiniões contraditórias,
conseguiram chegar a um consenso. Decidiram ver um filme. Agora só faltava
escolher que tipo de filme. Foi mais outra discussão amigável. Depois de algum
tempo, decidiram-se ficar pelo filme de terror.
- A Mia não gosta de filmes de terror… - a voz do Harry ecoou
pela sala fazendo todos se calarem. Um estranho contentamento apoderou-se do
meu pequeno ser. Ele lembrava-se que eu não gostava de filmes de terror…ele
lembrava-se de mim. As palavras dele ecoaram durante alguns segundos na minha
cabeça. Eles olharam para mim e para o Harry um pouco confusos. As palavras saírem
da boca dele com tamanha naturalidade que ele nem se apercebera de que as tinha
prenunciado. Ia responder mas a voz do Harry interrompeu-me - …quer dizer,
normalmente as raparigas não gostam deste tipo de filmes… - tentou remediar a
situação
- É verdade… - afirmei depois de recuperar do pequeno choque,
parecendo o mais natural possível – não gosto muito de filmes de terror. Mas
estejam descansados que eu vejo-o na mesma…não há problema! – eles disseram
mais alguma coisa e a Nicole também mas nem liguei. Ainda estava a fervilhar
por dentro com a afirmação do Harry. A Nicole decidiu ir fazer pipocas por
isso, aproveitei e fui até ao jardim da casa do Louis enquanto esperávamos pelo
filme.
Abri a porta da cozinha que dava acesso ao exterior da casa,
retirando os sapatos de salto alto que já me magoava. Segurei neles e saí para
o lado de fora de casa. Deixei o meu corpo relaxar em cima de uma cadeira que
havia por lá. O céu estava estrelado, algo pouco normal para a cidade cinzenta
de Londres. Cruzei as pernas instintivamente e deixei-me cair um pouco pela
cadeira.
Fui interrompida pelo barulho da porta da cozinha a abrir-se
lentamente. Recompus-me na cadeira e a última pessoa que esperava que fosse ter
comigo, apareceu á minha frente. O Harry fechou a porta atrás de si, nunca
desviando o olhar de mim e sentou-se numa cadeira próxima da minha sem
prenunciar uma única palavra. As gargalhadas e a alegria que antes predominavam
nas nossas conversas deram lugar a um silêncio colossal.
Apenas se ouvia algum barulho proveniente do exterior da
habitação e as nossas respirações vagarosas. Pelo meu campo de visão
periférico, apesar de ter lutado contra a minha curiosidade, vislumbrei bem no
canto o Harry com a cabeça apoiada nos braços e estes nas pernas. As mãos dele
estavam escondidas por entre os inúmeros caracóis que tinha.
O meu corpo movimentou-se um pouco na cadeira de modo a ficar
virada para ele. Queria falar, juro que queria. Mas não havia palavras
suficientes para conseguir expressar tudo o que meu coração transmitia cá para
fora. As palavras não eram suficientemente poderosas para transmitir os meus
sentimentos. Voltei á minha posição original. Fui despertada pelo barulho que
ele começou a fazer com os pés. Batia com o pé esquerdo no chão a um ritmo
irregular.
Aquele barulho começava a irritar-me aos poucos, e a pôr-me
também mais nervosa do que já estava. Ele queria dizer alguma coisa mas, por
alguma razão, não o conseguia fazer. Levantei-me da cadeira. Já não conseguia
estar ali nem mais um segundo. Os nervos e a ansiedade estavam a apoderar-se de
mim aos poucos. Sentei-me ao pé da piscina que havia no jardim, e enfiei os pés
dentro da água. Preferi estar de costas para o Harry. Não queria ter contacto
visual com ele.
Passados alguns minutos de silencio, ouvi-o levantar-se da
cadeira seguido do barulho da porta a abrir-se. Rodei a minha cabeça
instintivamente para trás e só consegui apanha-lo já de costas a entrar na
cozinha. Tentei controlar o meu coração a e enorme vontade que tinha para
chorar. Nunca pensara que seria tão difícil voltar para Londres, e muito menos
pensava em voltar a encontra-lo.
- Mia! – a voz tão característica da Nicole fez-me despertar
dos meus pensamentos – as pipocas já estão prontas. Vamos ver o filme?
- Sim! Vamos a isso…
Levantei-me, fui buscar os sapatos que tinha deixado á beira
da cadeira aonde tinha estado sentada e dirigi-me para a sala atrás da Nicole.
Ela sentou-se rapidamente entre o Louis e o rapaz de cabelo escuro. E por
ironia do destino, o único lugar vago era ao lado do Harry.
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wow! Muito muito muito obrigada pelos comentários! Tipo, ainda nem estou em mim de tanto contentamento...
Espero sinceramente não vos desiludir...continuem a comentar pois é muito importante para mim saber a vossa opinião!
Espero que tenham gostado do capitulo!
Mais uma vez, obrigada!
Dri
Lindo como sempre , espero que consigas publicar rápido o próximo ...
ResponderEliminarLindo, esta fic promete :)
ResponderEliminarBjs
P.S.- Vai aos meus blogs, onedirectionhistorias.blogspot.com e fanficsbylisa-and-onedforever.blogspot.com
2 capítulos e já estou viciada! Adoro! Mal posso esperar pelo próximo :D
ResponderEliminarse o primeiro adorei, este amei.
ResponderEliminarsimplesmente perfeito o capitulo, adoro a maneira como escreves, transmitindo exatamente o que queres sem deixares alguma duvida.
mal posso esperar pelo próximo, continua:)