quarta-feira, 31 de outubro de 2012

55º Capitulo - Não te quero perder (Parte II)


[Harry]

As palavras evaporam-se da minha mente. Tudo o que tinha dado como certeza, agora transformaram-se em meras indecisões. Como é que é possível tudo ter mudado num simples curto espaço de tempo? Como é que é possível que o meu mundo tivesse desabado sem o conseguir contrariar? Subi as escadas com alguma rapidez e assim que cheguei ao topo, olhei de relance para baixo. Não. A Mia não dissera nem mais uma palavra nem viera atrás de mim. Queria ficar sozinho para conseguir digerir bem o que tinha acabado de ouvir, mas no fundo, queria que ela tivesse corrido até mim. Que me tivesse abraçado com força e que dissesse que tudo ia ficar bem. Sentir os seus lábios nos meus, um gesto simples mas que me trás toda a segurança possível. Mas não, ela ficara na sala.    

Assim que abri a porta do quarto encontrei as malas ainda por desfazer no chão. Não sei o que me deu mas passou por todo o meu corpo uma enorme quantidade de energia negativa. Dei um enorme pontapé numa das minhas malas fazendo com que caísse ao chão. Não. Aquilo não me tinha feito sentir melhor, continuava na mesma ou ainda pior. Deixei cair o meu corpo em cima da cama ficando a olhar fixamente para o tecto. Como que esperando que aparecesse, milagrosamente, as respostas a todas as minhas perguntas.

Não conseguia entender o que estava a sentir. Por um lado estava feliz, muito feliz, isso era obvio. Era um dos maiores sonhos da Mia e saber que pode estar prestes a concretizar um deles deixa-me verdadeiramente feliz. Mas por outro lado é Nova Iorque, que é só do outro lado do Atlântico. Para além de que são uns longos quatro anos. As promessas que lhe fizera sobre como a distância nunca nos separaria vieram-me à cabeça. Porque é que agora me pareciam tão frágeis? Porque é agora era tão difícil?  

***

Estava a chover torrencialmente e pela televisão pude ouvir as recomendações da policia, não sair de casa enquanto tiver a chover excepto se for extremamente necessário. Tive que ouvir também as recomendações da minha mãe pois não estava a achar muita piada à ideia de sair de casa. Tinha que ir ter com a Mia, era extremamente necessário, ela encontrava-se sozinha em casa e tinha medo que lhe acontecesse alguma coisa. Saí de casa e fui o mais rapidamente possível para casa da Mia. Ter o guarda-chuva aberto ou não ter era a mesma coisa, estava-me a molhar à mesma.

O tempo desde que toquei na campainha até ela me abrir a porta ainda foi grande. Devia estar no sofá embrulhada em mil e um cobertores. Assim que abriu a porta pude ver a sua expressão entristecida e algo pálida. Estava claramente com bastante frio. Ela deu-me passagem para entrar em casa e murmurou qualquer coisa sobre roupa. Subiu as escadas e pouco tempo depois apareceu com umas calças de fato de treino e com uma camisola.

- Muda de roupa senão ainda ficas doente – chegou-se junto a mim e selou os nossos lábios. Tinha-os gelados tal e qual como a ponta do nariz. Mudei-me de roupa e assim que regressei à sala encontrei-a de novo embrulhada em mil e uma mantas com uma caneca de chocolate quente ao lado. Nunca conhecera uma rapariga tão friorenta como ela, aliás nunca conhecera ninguém como ela. Ela era única. Sentei-me ao lado dela e abracei-a puxando-a para junto de mim. – tenho frio… - murmurou. Pressionei as minhas contra os seus braços produzindo fricção para a aquecer. Percorri a sua face com vários beijos até encontrar de novo os seus lábios macios agora um pouco mais quentes.

- Melhor? – os seus olhos castanhos claros estavam fixos em mim, brilhavam de uma maneira especial. Ficava inevitavelmente pregado aquele olhar, completamente enfeitiçado. Não interessava mais nada no mundo, ela era o meu mundo, o meu coração.  

- És incrível, Harry. – disse-o com um sorriso que achei incrivelmente perfeito, para variar. Tudo nela era perfeito. Conquistou-me de uma maneira que nem eu pensei que fosse possível.

- Tudo o que sou hoje, devo-te inteiramente. – passei com a polpa dos dedos pela sua face agora um pouquinho mais rosada, acariciando-a. Fechou os olhos no momento em que sentiu a minha pele a embater na dela – Foste tu que me ensinaste a amar de uma forma incondicional, de como amar é uma partilha de sentimentos que evidencia o melhor de nós. Foste a melhor coisa que me aconteceu, nunca duvides disso. – os seus olhinhos brilharam e um sorriso esboçou-se na sua face. Não era um sorriso exagerado, era o seu sorriso apaixonado. Não resisti em passar com o polegar no lábio inferior antes de unir de novo os nossos lábios, agora não tão frios. – Amo-te – sussurrei com a testa encostada à dela e de seguida dei-lhe um beijinho no nariz.     

- Sabes, hoje tive um sonho mau. Sonhei que me ia embora, que ia para Portugal e que acabávamos. – só de pensar nessa possibilidade deixava-me com o coração apertado.  

- Foi só um pesadelo, amor. – enquanto depositava vários beijos na sua face – Isso nunca vai acontecer, não há distância alguma que me separe de ti. – não haveria nada neste que me separasse dela. Nada. 

- Prometes?

- Prometo!       

***

Porque é que agora não me parece tão simples como naquela altura? Parece que fiquei sem forças de um momento para o outro. Deixei de sentir o chão debaixo dos pés. Parece que deixei de ter o controlo de tudo à minha volta e isso é assustador.

Passado algum tempo comecei a estranhar a demora da Mia em voltar para o quarto, será que ela foi para outro quarto? Levantei-me da cama e abri a porta dos restantes quartos para ver se a encontrava mas não estava em nenhum deles. Desci até á sala e encontrei-a deitada no sofá já a dormir. A sala não estava muito quente pois a lareira já se tinha apagado, apenas havia cinzas. Cheguei-me junto dela tentando fazer pouco barulho mesmo ciente que ela tem um sono pesadíssimo. Encontrava-se toda encolhida por debaixo do cobertor e assim que toquei com a palma da mão no seu rosto, este estava frio. Não podia deixa-la ali, amanhã de certeza que estaria doente. Voltei ao quarto num instante para abrir a cama e regressei de novo à sala para a levar para cima. Desviei o cobertor que a cobria e com cuidado, coloquei os meus braços por debaixo do corpo dela para a conseguir levantar.

Depois de a ter nos braços, desviei a minha atenção para a sua face. Continuava a dormir profundamente, nem um pequeno sinal de estar a acordar. Só passado alguns segundos é que me dei conta de que estava a sorrir. Mesmo a dormir, ela tinha o poder de me pôr a sorrir genuinamente.

Encaminhei-me devagar até ao andar de cima e deitei-a em cima da cama cuidadosamente. Ela não pode dormir com a mesma roupa com que andou todo o dia! Abri uma das muitas malas que trouxe e procurei o seu pijama. Até pensei que fosse mais complicado de o encontrar mas rapidamente dei com ele. Fiquei parvo quando vi que ela tinha posto três pijamas dentro da mala, um para o frio, outro para se estivesse calor e outro para o tempo nem frio nem quente. Optei pelo mais quente. Comecei por tirar-lhe as pantufas que trazia e depois as calças de ganga. Verifiquei antes se tinha as mãos quentes para quando estas tocassem no corpo dela não a acordar. Perdi a noção do tempo a partir do momento em que desabotoei os botões das calças dela e as fiz deslizar pelas suas pernas abaixo. Eu amava cada recanto do seu corpo, perdia-me em cada detalhe, em cada linha do seu corpo. Não a queria perder, era tudo o que desejava.

Depois de lhe vestir o pijama, puxei o édredon para a cobrir e ainda coloquei mais um cobertor por cima dela. Aconcheguei-a e de seguida afastei-me da cama não sem antes lhe dar um beijo na testa. Tirei o computador de uma das malas e liguei-o. Pesquisei o nome da escola para onde a Mia poderia ir daqui a uma semana. Era realmente bastante conceituada e onde só entravam os melhores.    

Queria que ela fosse mas ao mesmo tempo não conseguia ficar feliz. As dúvidas começavam a amontoar-se na minha cabeça. Será que ela iria embora sem me dizer nada?

[Mia]

O meu coração por momentos parou, uma dormência percorreu todos os músculos levando-me a sentar em cima do sofá. Levei as minhas mãos á cabeça em sinal de desespero. Nada daquilo podia estar a acontecer, tinha que ser um pesadelo, não podia ser real. Era uma dor tão forte, tão sufocante que só queria que desaparecesse. Ele tinha-me prometido que não desistiria de mim, que não me deixava!

Suspirei e peguei na manta que estava no sofá, cobri-me com ela enquanto observava o lume a consumir o que restava da lenha. As lágrimas escorriam silenciosamente e lentamente pela minha face. Fechei os olhos e tentei dormir, era o melhor que podia fazer.  

(…)

Acordei com uma forte dor de cabeça que me consumia por completo. Doía-me a garganta e mal conseguia respirar pelo nariz. Tinha um enorme peso sobre o meu corpo e assim que abri os olhos, a custo, apercebi-me que não estava no sofá da sala onde tinha adormecido. Estava no quarto, na cama com imensa roupa por cima de mim e com o meu pijama vestido. Tirei um dos cobertores que estava por cima de mim para me poder virar para o lado contrário. O meu olhar encontra rapidamente o Harry sentado numa cadeira em frente ao computador. Da cama não conseguia ver o que estava a fazer

- Harry?! – chamei-o. Foi aí que me apercebi do estado da minha garganta, sentia imensas dores quando emitia algum som. Assim que ouviu o seu nome virou-se na minha direcção e levantou-se de seguida. – Doí-me a garganta… - acho que nem era preciso dize-lo porque pela minha voz notava-se que não estava bem da garganta.

- Já venho! – disse apenas fechando a porta do quarto atrás de si. Ele tinha acabado de sair do quarto sem praticamente me olhar. Não tinha noção do quanto aquela atitude me magoava profundamente. Alguns minutos após, ele apareceu com um copo de água e com qualquer coisa na mão. Sentou-se ao meu lado no pequeno espaço que existia entre mim e a beira da cama –  Tens que tomar este comprimido para que não fiques pior – enquanto estendia a mão para me dar o pequeno comprido branco. Ergui-me ligeiramente e depois de ter o comprimido na boca engoli um pouco de água. Um silencio desolador instalou-se desde que me deitara novamente. Via-o mexer com as mãos uma na outra – Quem mais sabia? – quebrou o silencio olhando pela primeira vez, naquela manhã, para mim

- O que é que isso importa agora? – nunca pensei que a primeira pergunta dele depois da conversa de ontem fosse aquela. Não percebia o porquê daquilo ser importante logo agora.

- Apenas queria saber se fui o último a ser informado desta novidade. – aquelas palavras magoavam-me mais do que podia imaginar e ele parecia não ter noção disso.

- Queres mesmo discutir isso agora? – ao mesmo tempo que me levantava e me encostava à cabeceira da cama. A minha cabeça estava mesmo pesada e a dor de cabeça só aumentava. Custava-me também imenso respirar pelo nariz. Como odiava ficar doente.

- Não quero discutir, apenas gostava de saber. – continuou – Achas que não tenho esse direito, é? – não conseguia compreender o que lhe ia na cabeça naquele momento, o porquê de estar a insistir no mesmo assunto.

- Só não percebo porque é que é queres saber precisamente agora.

- Mas custa-te assim tanto dizeres-me? – dava para perceber que não ia desistir por isso respirei fundo e respondi-lhe.  

- O Brian e a Nicole – assim que acabei de falar a sua expressão mudou de imediato, já sabia que vinha problemas.

- Porque é que o Brian soube primeiro que eu? – ao mesmo tempo que se levantava num ápice da cama. Olhava-me como se tivesse a razão toda do lado dele.

- A sério, Harry?! – perguntei ainda incrédula com a atitude dele – Não acredito que acabaste de me fazer essa pergunta!

- Ainda compreendo que possas ter dito primeiro à Nicole, mas ao Brian? – exclamou ignorando por completo o que dissera anteriormente – Eu é que sou o teu namorado, não ele. – definitivamente não estava a acreditar no que estava a ouvir

- Mas estás parvo ou quê? – disse já quase a perder a paciência. – Ele soube primeiro que tu porque ainda estava em São Francisco. Contei-lhe porque é meu amigo e continua a sê-lo mesmo que não gostes da ideia. – a minha cabeça parecia que ia explodir a qualquer momento e as lágrimas já começavam a formar-se por causa da dor de garganta que tinha – Isto é ridículo… - desabafei – esta conversa é ridícula… - conclui desviando o meu olhar do Harry

- O que é ridículo é contares apenas agora o facto de poderes ir para o outro lado do oceano. Porque não o fizeste mais cedo?

- Porque não era importante… - murmurei apenas.  

- Como não era importante Mia? Estavas a pensar nem sequer me contar e ires-te embora sem dares qualquer justificação? – era inacreditável o que tinha acabado de ouvir. Agora sim, as lágrimas que se amontoavam nos meus olhos vinham da dor que o meu coração sentia.

- Não te vou responder a isso porque a última coisa que quero é chatear-me contigo.  

- Não acredito que é verdade. – ignorando novamente o que dissera – Como é que eras capaz de me fazer o mesmo?

- Não, como é que podes pensar uma coisa dessas de mim? – desviei a roupa que tinha por cima de mim para me poder levantar da cama – É verdade, não te ia contar. Mas não me ia embora como pensas. – respirei fundo – Sou mesmo estúpida – murmurei –  Para que saibas, não ia para Nova Iorque mesmo que tivesse sido aceite na escola. Se não fosse o Brian a contar à Nicole, nunca te teria contado e sabes porquê? Porque não te queria deixar, porque para mim, és mais importante do que qualquer escola do mundo, porque os meus sonhos à muito que deixaram de fazer sentido se não estiveres ao meu lado. – desviei o olhar dele por momentos – Eu não ia, Harry. Melhor, não vou.

- E a minha opinião não conta? – voltei a concentrar a minha atenção nos olhos dele e um arrepio enorme percorreu todo o meu corpo – Não percebes que estás a cometer exactamente os mesmos erros? Estás a excluir-me das tuas decisões! Não vês como isso me magoa, ver a pessoa mais importante da minha vida a não confiar em mim?  

- Harry, isto não se trata de confiança. É claro que confio em ti, a questão não é essa. Eu não te contei porque, como tu próprio disseste, já cometi erros e ir-me embora sem te dizer nada foi um deles. Desta vez não me quero ir embora simplesmente. Não me quero ir embora se isso implicar perder-te. Pouco me importa se a escola é a melhor ou a pior, se não estiveres comigo, os meus sonhos deixam de fazer qualquer sentido.

- Mas se entrares, quero que vás! Que raio de namorado seria eu se te impedisse de seguires os teus sonhos. Nunca me perdoaria se soubesse que desistirias dos teus sonhos por mim. – ele aproximou-se de mim e com as suas mãos macias limpou as poucas lagrimas que escorriam pela face. As pálpebras fecharam-se automaticamente com o toque dele disfrutando ao máximo daquele momento. Os braços dele ladearam o meu tronco, abraçando-me – Não te quero perder… - sussurrou-me ao ouvido fazendo com que todos os músculos do meu corpo se contraíssem.   

- Como é que ficamos? – foi o que me custou mais dizer e o que tenho mais medo de ouvir. 



Aqui está mais um capitulo!
Espero que gostem e deixem os vossos comentários.
Tenho a dizer que escrevi a parte do Harry a ouvir a "little things", a música é dolorosamente perfeita! Fiquei completamente rendida a ouvir a música. 
beijinhos

Dri

6 comentários:

  1. Adorei, estava eu aqui a ver se punhas um capitulo e depois faço refresh e aparece (:
    eles são mesmo fofinhos e a "little things" é muito bonita

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  2. Olá minha querida. Como sabes, tenho tido uma vida bastante difícil no que toca vir aqui comentar o teu blog mas hoje lá consegui ter um tempinho.O meu pedido de desculpas, por não ter dito nada ultimamente: adorei os capítulos anteriores e a One-Shot também estava excelente.
    Continuas a surpreender-me com o teu talento, e a forma como vais descrevendo os sentimentos e as ações das personagens.
    Para mim, este é um dos capítulos que mais curiosidade me despertou, talvez por não saber o que esperar da Mia e do Harry.
    Espero que esteja tudo bem contigo e que já tenhas regressado aos treinos. Estás melhor da tua lesão?
    A little things é tão perfeita *-*
    Um resto de bom feriado e um enorme beijinho <3

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  3. Como sempre, adorei o capitulo, está mesmo excelente, só tenho pena que a fic esteja a chegar ao fim :( mas de qualquer maneira continua a ser linda :)
    E a música é mesmo PERFEITA! Não consigo parar de ouvir! :D

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  4. Olá!
    Adorei o capítulo!
    É muito interessante ver o lado dos dois, ajuda-nos sempre a compreender melhor as coisas.
    Estou super indecisa :s
    Por um lado não sei se é o Harry que tem razão, ao mesmo tempo que não sei se é a Mia xb
    Deixas-me baralhada ^^
    A Little Things é das músicas mais bonitas que já ouvi!
    A minha parte preferida é a do Zayn, adoro a forma como olha para a câmara *.*

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  5. isto está complicado, so espero q a Mia e o Harry fiquem bem...
    o capitulo está excelente e a "little things" é simplesmente linda :)
    beijinhos

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  6. http://just-a-place-to-relax.blogspot.pt/

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